Blogueira é ameaçada no trabalho e tem site derrubado por antifeministas

O blog feminista "Escreva Lola Escreva", um dos maiores sobre o tema e que está ativo há 9 anos, corre o risco de sair do ar por causa de uma série de ataques de grupos de ódio. De acordo com a autora, a professora Lola Aronovich, membros de grupos masculinistas, como são chamados os militantes antifeministas, estão usando robôs para denunciar o site e derrubá-lo da plataforma blogspot, do Google. Antes, já tinham ameaçado Lola no local de trabalho dela, a Universidade Federal do Ceará.
"Eles lançaram guias de como denunciá-lo o Google e como usar os robôs", explica Lola, em entrevista ao UOL. A blogueira diz que sabe quem foram os autores desses guias e que eles estavam se organizando desde o fim de semana em chans, fóruns da internet que permitem o anonimato.
Na terça-feira (10), quando tentou logar no Blogspot, Lola descobriu que sua conta havia sido suspensa por causa das denúncias. Ela, então, mandou uma mensagem para o Google reportando que havia sofrido ameaças. "Mas não recebi nenhuma resposta e eles acataram às denúncias", fala a blogueira.
A forma que ela encontrou para tentar recuperar o material foi criar a hashtag #GoogleNaoCensureaLola e pedir para que leitores criem tópicos nos fóruns de ajuda da plataforma. "Porém estou muito pessimista, porque nunca vi o Google mudar de ideia", afirma. "É uma pena, porque nós, militantes feministas, estamos sempre na mira desses grupos de ódio e o Google deveria entender isso. Eles nem pararam para investigar primeiro a denúncia antes de derrubar tudo".
O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa do Google no Brasil perguntando se a empresa estava investigando o caso. Por e-mail, a empresa respondeu que “não pode comentar casos específicos”. "Acho impressionante uma empresa como o Google não conseguir diferenciar denúncias legítimas de denúncias feitas por robôs", rebateu Lola.
Caso não consiga recuperar o blog, Lola pretende migrar para outra plataforma, mas ainda não sabe se vai levar o assunto para a esfera judicial. "É uma violação de direitos humanos. Não sei qual o raciocínio por trás disso. De um lado tem um grupo que me ameaça e ameaça um monte de mulheres e do, outro lado, uma professora universitária que tem um dos maiores blogs feministas há 9 anos. Aí, quando o Google decide fazer alguma coisa, ele pune a vítima?".
Tudo começou com uma ameaça ao local de trabalho
O ataque seria, segundo Lola, uma repercussão de uma denúncia feita pela UFC (Universidade Federal do Ceará), instituição onde ela ensina língua inglesa e literatura, à Polícia Federal. “Dois dias antes do Natal, alguns professores e o reitor receberam um e-mail dizendo que, se eles não me demitissem, aconteceria um ataque terrorista na Universidade”, fala. A blogueira diz que o e-mail tinha uma ameaça de que “os funcionários ficariam uma semana recolhendo corpos de mais de 300 pessoas”.
Através da assessoria de imprensa, a UFC confirma em nota oficial que houve o recebimento da mensagem. “Ela foi recebida no dia 22 de dezembro e encaminhada para a Polícia Federal, solicitando providências”, diz o texto.
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