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Não vá pelo rótulo: saiba evitar reações alérgicas como as do bebê Thomas

Bebê teve alergia grave após mãe passar filtro solar da Peppa Pig em sua pele - Divulgação
Bebê teve alergia grave após mãe passar filtro solar da Peppa Pig em sua pele Imagem: Divulgação

Melissa Diniz

Do UOL

05/01/2017 07h03

O rótulo colorido, a imagem de um personagem infantil e uma fragrância delicada muitas vezes funcionam como fatores de atração para pais que buscam um cosmético para os filhos. Mas, cuidado, bebês e crianças têm pele delicada e são mais suscetíveis a sofrer irritações e alergias. Para evitar os problemas, que podem ter consequências graves, o melhor é consultar o pediatra antes.

Em um caso recente, que viralizou na internet, Thomas, um bebê australiano de três meses, sofreu uma alergia severa após sua mãe, Jessie Swan, usar um protetor solar fator 50 em sua pele. O filtro trazia no rótulo a imagem de Peppa e George, os personagens da família Pig que fazem muito sucesso com a criançada, além das informações de que o produto é dermatologicamente testado, isento de parabenos e fragrância, dois dos principais fatores alergênicos encontrados em cosméticos.

Revoltada, Jessie fez uma postagem com a foto do bebê na página da ONG Cancer Council Australia, responsável pelo produto, pedindo que outros pais não o comprassem e nem aplicassem em seus filhos. Para tratar a irritação, seu bebê precisou passar três dias no hospital. A instituição respondeu reiterando que o filtro solar é indicado para peles delicadas, mas que cada pessoa reage de uma maneira aos componentes existentes na fórmula.

Quanto maior o fator de proteção, maior o risco de causar alergia

Thomas, 3 meses, precisou ficar três dias no hospital após alergia ao protetor solar - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Thomas, 3 meses, precisou ficar três dias no hospital após alergia ao protetor solar
Imagem: Reprodução/Facebook

Segundo Antônio Carlos Madeira de Arruda, membro do Departamento de Dermatologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e vice-presidente da instituição, a recomendação universal é jamais utilizar filtro solar em bebês abaixo de seis meses de idade. “Nesta faixa etária a proteção é mecânica, com manta, roupa e chapéu e, principalmente, não expondo o bebê ao sol”, diz.

O médico explica que, mesmo sendo dermatologicamente testado, não há como ter certeza de que o filtro não vá causar irritação. O problema se agrava conforme o fator de proteção aumenta. “Para atingir um fator de proteção 50 é necessário combinar uma série de substâncias, quantos mais componentes, maior o risco de causar alergias.”

O mesmo pode acontecer com qualquer outro cosmético. “A criança pode ter mais sensibilidade ou outra doença ou fator genético que a predisponha a irritações de pele. Por isso, antes de usar um produto em seu filho, pergunte ao pediatra.”

De acordo com o dermatologista Murilo Drummond, membro da Academia Americana de Dermatologia, mesmo sem se expor ao sol, o produto pode causar o aspecto de queimadura na pele delicada do bebê. “Bebês têm uma superfície corpórea menor e menos resistente e, em um quadro agudo de alergia, podem até apresentar bolhas e perder líquido, ficando com a pele desidratada.”

No caso de crianças maiores de seis meses, é sempre recomendável fazer um teste de sensibilidade, usando uma gotinha do produto durante três dias na parte interna do braço, próximo à dobra do cotovelo. “Há casos em que a reação é tardia e pode aparecer após 48 a 72 horas.”

Se houver reação alérgica ou irritação após o uso de um produto, lave com água e leve a criança ao pediatra o mais rápido possível.


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