Contato com a natureza reduz agressividade de adolescentes
Que o contato com a natureza deixa as pessoas mais tranquilas e menos estressadas muita gente já sabe. A novidade é um estudo norte-americano –publicado em julho-- que relaciona a proximidade com o verde à melhor saúde mental dos adolescentes que vivem em grandes centros urbanos.
A pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia ouviu 1.287 jovens, de nove a 18 anos, e concluiu que parques, jardins e amplos gramados em um perímetro de até um quilômetro no entorno da residência são capazes de reduzir em até 12% os episódios de violência e agressividade nessa faixa etária.
O estudo, sem equivalentes no Brasil, requer pesquisas complementares para aprofundamento. “Considerando o comportamento dos adolescentes de um modo geral, as conclusões não surpreendem”, afirma Andrea Hercowitz, hebiatra (médica especializada em adolescentes) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
A especialista afirma que as áreas verdes favorecem o convívio social e estimulam a prática de atividades físicas, diminuindo o sedentarismo e aumentando o bem-estar físico e mental.
“É compreensível que diante da vida atribulada dos grandes centros, o contato com a natureza traga benefícios por proporcionar um período de contemplação e de quebra da rotina”, diz o hebiatra Carlos Alberto Landi, vice-presidente do Departamento de Medicina do Adolescente da Sociedade Paulista de Pediatria.
Na avaliação de Landi, são múltiplos os fatores que influenciam o comportamento dos adolescentes, sobretudo ligados aos seus grupos de referência (escola, família, amigos).
“O convívio com áreas verdes pode impactar positivamente uma vez que abre novas opções de lazer e de relaxamento, mas não necessariamente será determinante para que se tenha um comportamento pacífico ou agressivo”, fala o hebiatra.
Redutor de ansiedade
A transição da infância para a vida adulta é um dos períodos mais suscetíveis a episódios de agressividade e atitudes extremadas.
“A crise da adolescência está muito relacionada com a busca de si mesmo, com as mudanças nas relações pessoais, com os ganhos e perdas do dia a dia. Tudo isso gera um nível de estresse elevado, que pode se manifestar como agressividade, dependendo da personalidade de cada um”, diz Andrea Hercowitz.
Pesquisas que visam identificar a influência do contato com a natureza sobre o humor e a saúde das pessoas são realizadas, pelo menos, desde os anos 1980 nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Hoje sabe-se que a proximidade com o verde, com a terra e com o ar menos poluído diminui a produção do cortisol (hormônio relacionado com o estresse) e aumenta a de serotonina, responsável pela sensação de bem-estar e felicidade.
"Sair de casa, ouvir os sons da natureza e respirar ar puro provocam relaxamento do corpo, alteração da amplitude das ondas cerebrais, além da mudança na produção de hormônios, trazendo resultados positivos para a saúde mental", afirma Hercowitz.
A psicóloga Marilda Lipp, diretora do Instituto de Psicologia e Controle do Stress –instituição que promove cursos, pesquisas e atendimento--, conta que poucos minutos de contato com a natureza já são suficientes para sentir esses benefícios, mesmo que seja em parques inseridos em grandes centros urbanos ou em pequenas praças e jardins.
“Para tratamento de raiva descontrolada, por exemplo, recomendamos de 20 a 30 minutos diários de contato com a natureza”, fala a psicóloga.
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