Topo

O sofá já não é o queridinho da sala? Veja como descartá-lo corretamente

Sofás não devem ser deixados em vias públicas, doe ou faça o descarte correto - Getty Images
Sofás não devem ser deixados em vias públicas, doe ou faça o descarte correto Imagem: Getty Images

Patrícia Guimarães

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/04/2016 07h04

Não é difícil esbarrar com sofás velhos no meio da calçada ou jogados em terrenos baldios na capital paulista. E, embora a Prefeitura de São Paulo não tenha um levantamento específico sobre a quantidade de estofados recolhidos, só em março foram coletadas 56.172,66 toneladas de entulhos (uma média de 11.234,53 toneladas por semana).

A maior parte deste lixo é deixada sempre nas mesmas áreas: são 3,7 mil pontos viciados de descarte irregular de resíduos sólidos (principalmente materiais que não podem ser levados pela coleta comum) em São Paulo. Locais como a avenida Inajar de Souza (zona norte); a rua Lealdade, no Jaguaré (zona oeste); e a rua General Júlio Marcondes Salgado, em Santa Cecília (centro) figuram na lista.

Crime ambiental

Deixar sofás e outros resíduos - fora dos padrões da coleta domiciliar e seletiva - de qualquer tipo e tamanho na rua, em terrenos ou beiras de rio é crime ambiental. A multa para o flagrante de abandono de móveis, eletrônicos, eletrodomésticos ou entulho com até 50 kg é de R$ 672,71, mas se o peso ultrapassar este limite, o valor sobe para R$ 17 mil. Em caso de reincidência, a mesma penalidade é aplicada.

Para o professor de Engenharia Ambiental e Sanitária do Senac, Fernando Rodrigues Silva, o descarte incorreto se dá pela falta de informação e porque as pessoas tendem a buscar a solução mais simples, ou seja, evitar grandes deslocamentos e depositar o chamado "volumoso" (TVs, sofás, madeiras etc.) em qualquer lugar.

Destino certo

Embora se desfazer de um sofá ou uma geladeira possa parecer um problema, existem diferentes soluções para a questão: para itens em bom estado, a doação é o melhor caminho. O Exército da Salvação, que atende diversas cidades, retira as peças com dia e hora marcados. Pelo site, o doador faz o cadastro e envia fotos dos móveis e objetos a serem dados. A organização avalia e não aceita bens que precisam de reforma, pois não conta com uma equipe para fazer os reparos.

Outros órgãos, como as Casas André Luiz também recebem diferentes tipos de donativos em bom estado. E, quase sempre, as prefeituras podem informar sobre entidades locais que recebem (e precisam de) doações ou, mesmo, acabam por fazer esse meio de campo, como é o caso do Disque Solidariedade, da prefeitura de Curitiba.

Irrecuperáveis

Quando o sofá não pode ser recuperado e/ou doado, a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, conta com o serviço Cata- Bagulho, que recolhe periodicamente (segundo um calendário) materiais rejeitados. Para quem não quer esperar e prefere entregar o "lixo", existem 90 Ecopontos na cidade. Em 2015, dos 541.054 m³ de resíduos recebidos nos Ecopontos, 345.636,04 m³ correspondiam a sofás, eletrodomésticos e coisas do tipo.

Os materiais recolhidos nesses postos, assim como os retirados das ruas, são encaminhados ao Centro de Disposição de Resíduos Pedreira (CDR Pedreira). Em 2015, foram enviadas 348.969,64 toneladas ao local, o que custou aos cofres públicos mais de R$ 22 milhões.

Se você não quer ou tem como fazer o transporte do sofá, pode contratar serviços de coleta particulares (o custo médio para a retirada de um estofado é de R$ 200). Segurados de companhias como Zurich, Allianz, Itaú, Liberty, entre outras, também têm a opção de recorrer a empresas como a Ecoassist, que faz parceria com as seguradoras, atende em território nacional e remove o item sem uso "de graça". Segundo a firma de coleta, aproximadamente 1,5 mil sofás são recolhidos por mês (nacionalmente) e, destes, apenas 45 unidades podem ser reformadas.

Fora de São Paulo

As prefeituras de outras capitais oferecem serviços semelhantes aos do município de São Paulo para coleta e manejo de materiais que não servem mais. Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) mantém 30 Unidades para o Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs) que aceitam restos de obra (até 1 m³), móveis velhos (sofás, inclusive), galhos de árvores, pneus (no limite de dois por dia), entre outros não-tóxicos. Eletroeletrônicos, porém, não são admitidos e cabe ao cidadão transportar os resíduos até o local de entrega.

Em Recife (PE), a prefeitura desenvolveu o projeto EcoRecife que engloba políticas públicas de limpeza urbana e prevê a destinação correta e o aproveitamento dos resíduos. Os equipamentos disponíveis para as ações de coleta reúnem de barcos (que fazem a limpeza do rio Capibaribe) a Ecoestações para o recebimento dos descartes.

No Rio de Janeiro (RJ), a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) oferece serviço gratuito de remoção de entulho, restos de podas de árvores e bens fora de uso (fogões, geladeiras, sofás etc.). O pedido pode ser feito à Central de Atendimento ao Cidadão pelo número 1746, que funciona 24 horas. Para móveis e objetos a retirada se limita a seis unidades por residência, mas se os itens forem pesados ou grandes como cofres, armários, refrigeradores etc. só dois bens podem ser despachados. A solicitação, porém, pode ser renovada após 10 dias.

Para quem vive em cidades pequenas, o ideal é entrar em contato com a secretaria de Serviços de Limpeza Urbana do município, que deverá indicar a destinação correta ao material.

Fontes: Autoridade Municipal de Limpeza Urbana da Prefeitura de São Paulo (Amlurb); Casas André Luiz; Ecoassist; Exército da Salvação; Fernando Rodrigues da Silva, coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Senac ; Secretaria de Coordenação das Subprefeituras da cidade de São Paulo; Prefeituras de Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife.