Sexo começa na cabeça; entenda
A anedota de que o cérebro é o órgão sexual mais importante do corpo humano não deixa, no fim das contas, de estar certa. O sexo começa e termina mesmo na cabeça. Sem a comunicação entre os neurônios, as células nervosas dessa parte do organismo, seria impossível experimentar qualquer sensação, inclusive o orgasmo.
“Nós percebemos o prazer sexual com o nosso cérebro, por isso ele pode ser considerado um órgão sexual”, afirma Barry Komisaruk, professor de psicologia da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, e pesquisador sobre sexualidade humana e neurociência.
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Além de coordenar todas as funções fisiológicas, o cérebro é responsável pela interpretação e percepção de tudo o que se passa com o corpo, da dor ao prazer.
Segundo o psiquiatra Waldemar Mendes de Oliveira Junior, médico assistente do Serviço de Psicoterapia do HC (Hospital das Clínicas), da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), o órgão tem papel fundamental na captação dos estímulos e na resposta sexual.
Todas as sensações que veem de fora, como a excitação visual, olfativa, tátil e auditiva, essenciais para o despertar sexual, são também percebidas pelo cérebro. “Nesse sentido, ele propicia que o órgão genital possa responder adequadamente aos estímulos e funcionar”, afirma Oliveira.
O cérebro atua como um sistema de feedback, ou seja, de resposta para o corpo. Contudo, o que acontece na cabeça pode ser ainda mais essencial ao prazer. “O contato físico é importante, mas não é necessário”, declara o médico Mario Fiorani Junior, professor do IBCCF (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Por essa razão, a estimulação sexual também funciona quando existe apenas na imaginação.
Momento do orgasmo
A maior parte dos sistemas cerebrais, segundo Barry Komisaruk, é ativada durante o orgasmo. Essa intensa atividade cerebral é fundamental para o clímax sexual. E a prova mais evidente de que o cérebro desempenha um papel crucial no sexo reside na capacidade de alguns homens e mulheres de chegar ao orgasmo sem estímulo genital, sobretudo pessoas com paralisias.
Obviamente, o restante do corpo não é indispensável na hora do orgasmo. As sensações prazerosas desse momento resultam da combinação das reações periféricas, ou seja, do estímulo dos genitais, por exemplo, e do sistema nervoso central. “Durante o orgasmo, acontecem contrações rítmicas da musculatura da pélvis, taquicardia, aumento da pressão, arrepio e a sensação de prazer vinda do sistema nervoso central”, descreve Waldemar de Oliveira.
Aspectos psicológicos
O cérebro levado em conta como mente, sede de todos os pensamentos e emoções, também influencia o sexo do ponto de vista psicológico. A visão positiva ou negativa da sexualidade afeta a capacidade de sentir prazer.
“O que dá prazer é algo muito ambíguo. A sexualidade está ligada ao sistema límbico e às nossas repressões”, afirma Mario Fiorani. O sistema límbico é a unidade do cérebro responsável pelos comportamentos emocionais e sexuais, entre outros.
Como o desejo surge em primeiro lugar na mente, traumas, abusos, formação religiosa rígida ou educação repressora podem gerar problemas ou disfunções sexuais. Para desfrutar bem do sexo, é preciso se livrar dos conflitos. O médico do HC também ressalta que, muitas vezes, a incapacidade de ter orgasmo está ligada à dificuldade de se entregar. “Existem bloqueios tão profundos que nem por meio da masturbação a pessoa consegue chegar ao orgasmo”, diz Oliveira.
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