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Você nunca termina o que começa? Conheça sete passos para mudar

Nunca terminar o que se começa está relacionado a medos, incertezas e hesitações - Getty Images
Nunca terminar o que se começa está relacionado a medos, incertezas e hesitações Imagem: Getty Images

Andrezza Czech

Do UOL, em São Paulo

05/06/2015 07h25

Você costuma ficar pouco tempo trabalhando em uma empresa e logo pula para outra? Sai de um relacionamento assim que ele começa a ficar mais sério? E, na faculdade, trocou de cursos algumas vezes? Se respondeu “sim” a essas perguntas, provavelmente, já se questionou ou foi questionado sobre seu comportamento. Para entender a razão de agir assim e mudar esse padrão, tente fazer um esforço para terminar, ao menos, de ler esta reportagem.

Por que eu?

Fique tranquilo, você não está sozinho. “Nunca terminar o que se começa vai além de um mau hábito. Está relacionado a medos, incertezas e hesitações que uma pessoa pode ter na vida. Ocorre com mais frequência do que se imagina”, diz a psicóloga Sâmia Simurro, mestre em neurociências e comportamento pela USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente de projetos da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida).

Muitas vezes, o indivíduo age dessa maneira porque tem tendência a se autosabotar. “Há quem esteja quase conseguindo o que queria, mas comece a ver defeitos em tudo. São pessoas que criam muita expectativa, acabam tendo uma decepção e desistem”, diz a professora Denise Pará Diniz, doutora em ciências da saúde e coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Segundo Denise, a ansiedade também pode ser um dos fatores que levam alguém a começar uma atividade e não conclui-la. “Até certo nível, ser ansioso pode ser adequado para atingirmos certas metas. O problema é quando começa a comprometer o indivíduo”, afirma.

Sonhadores

O receio de crescer, correr riscos e se frustrar também pode ser o causador da desistência. “Tem gente que faz uma faculdade, depois outra, e nunca assume a vida adulta. Nesse caso, pode ser imaturidade e não ansiedade”, diz a professora da Unifesp Denise.

 

De acordo com a psicóloga Blenda de Oliveira, psicanalista pela SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo), é comum que a resistência à maturidade faça a pessoa interromper tudo pela metade na tentativa de evitar qualquer sofrimento. O problema é que a desistência crônica também se torna uma frustração.

“Ao interromper tudo, acumula-se ao longo da vida uma sensação de incompletude, e a pessoa começa a duvidar da sua capacidade, porque não vê nada realizado”, afirma a especialista.

Para Blenda, a dificuldade de amadurecer pode estar ligada a um discurso muito comum que as últimas gerações têm ouvido: aquele que afirma que o importante é sermos felizes o tempo todo.

A psicóloga afirma que, como hoje há maior possibilidade de se preparar profissionalmente, é comum encontrar jovens com belíssimos currículos, mas sem maturidade emocional para encarar cada degrau da vida profissional. “Vemos muitas pessoas adultas infantilizadas, que não lidam bem com o erro, o fracasso, que desistem na primeira decepção”, diz.

Pessoas impulsivas também têm maior tendência a desenvolverem esse tipo de comportamento, segundo Blenda. “São aquelas que pulam fora na primeira frustração, quando como um chefe chama a atenção no trabalho. Há também um pouco do aspecto infantil nelas”, afirma.

Há também aqueles que podem apenas estar em uma fase confusa da vida e que ainda não encontraram aquilo que realmente querem. “Eles podem não ter uma boa autoestima, serem muito sensíveis ou questionadores e buscarem sempre o ideal no trabalho, no relacionamento. São aqueles que sonham muito”, afirma Blenda.