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Dividir babá e creche comunitária são novas opções para os pais

Da esq. para a dir., Antonio, Catarina, Miguel, Cristiane (a babá) e Raquel - Junior Lago/UOL
Da esq. para a dir., Antonio, Catarina, Miguel, Cristiane (a babá) e Raquel Imagem: Junior Lago/UOL

Cintia Baio

Do UOL, em São Paulo

05/06/2015 07h15

Assim que a licença-maternidade termina, muitos pais ficam na dúvida sobre qual é o melhor esquema para cuidar da criança enquanto trabalham. Deixar com uma babá, com parentes ou em uma escola? Algumas famílias encontram alternativas diferentes das convencionais para conciliar a carreira e os filhos, como compartilhar babá ou dividir os cuidados com outras mães. Conheça algumas ideias a seguir.

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Babá compartilhada

A possibilidade de economizar e a pouquíssima diferença de idade entre os bebês foram bons motivos para que a jornalista Raquel Maldonado, 32, optasse por dividir os serviços de uma babá com a cunhada. Hoje, seu filho, Antonio, 2, e Miguel, 1 ano e 9 meses, passam as tardes juntos, na casa da cunhada de Raquel, a psicóloga Catarina Iavelberg, 36, sob os cuidados da babá Cristiane Carmo Reis da Conceição, 29.

“Além de vantajoso financeiramente, os meninos estão aprendendo a dividir e vivem como irmãos durante a semana”, diz Raquel.

No início, foi preciso estabelecer algumas regras. Uma delas, por exemplo, é que, se um dos dois bebês ficar doente, a babá deve dar atenção exclusiva a ele. “É mais fácil achar alguém substituto, como tios ou avós, para cuidar de uma criança saudável”, afirma a jornalista, que trabalha fora o dia todo.

A dica de Raquel para quem pensa em algo assim, principalmente envolvendo parentes, é ter certeza de que as duas famílias estão muito bem alinhadas e estabelecer regras claras. “É preciso conversar bastante entre os casais e com a babá.”

Rodízio de mães

A atriz Raquel Karro, 39, que mora no Rio de Janeiro, optou pelo chamado cuidado compartilhado (ou creche parental). Nele, os pais formam um grupo e fazem uma espécie de rodízio para cuidar dos bebês. O modelo é bastante conhecido na França e começa a aparecer no Brasil.

Hoje, ela faz parte de um grupo com outros cinco casais. De segunda a sexta-feira, das 13h às 18h,  seis bebês, com idades entre dez meses e um ano e cinco meses, vão para a casa de Raquel. Uma das mães do grupo recebe um valor mensal para ficar com as crianças todos os dias e, a cada dia da semana, os outros pais e mães se dividem para ajudar no cuidado, sempre respeitando uma escala feita pelo grupo.

Para a atriz, a burocracia é a parte mais difícil do modelo. Eles se reúnem uma vez por mês, pelo menos, para discutir os rumos do grupo. Além das reuniões, trocam muitos e-mails e mensagens por celular. “Temos casais que têm mais paciência para reuniões, outros que lidam melhor com o choro da criança. Só precisamos identificar as habilidades de cada um”, fala.

Para ela, além de ficar próxima do filho, Santiago, 1, outro ponto positivo é o suporte que as famílias acabam se proporcionando. “Meus parentes estão em Porto Alegre e meu marido é belga. Nós acabamos dividindo muito nossas angústias e preocupações com o pessoal do grupo. Vira uma família mesmo. Fora isso, tem a questão dos laços afetivos. Chorei quando consegui fazer outro bebê dormir no meu colo.”

Cuidados em casa

Desde que Fernando, 7, nasceu, os pais, Alexandre Julius Schadeck, 40, e Clarissa Takahachi, 37, de Florianópolis, decidiram que ninguém cuidaria dele além dos dois. Para isso, optaram por sempre que um estivesse trabalhando fora, o outro trabalharia em casa.

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Até os três anos do menino, quem ficou em casa foi Clarissa. Depois, foi a vez de Alexandre, que cuidou de Fernando dos três aos quatro anos. Clarissa assumiu dos quatro aos cinco. Alexandre retomou o posto na fase dos cinco aos seis. “Era relativamente simples, porque ficava com ele de manhã e levava para a escola à tarde. Basicamente, brincávamos, eu dava banho e almoçávamos sempre fora. O mais complicado é quando a criança é novinha. O mérito, nessa fase, foi todo da Clarissa”, diz.

Hoje, como ele trabalha em casa e ela está em busca de outro emprego, os dois dividem integralmente as tarefas.

Para Schadeck, que é designer gráfico e ilustrador, o grande obstáculo no esquema escolhido para cuidar de Fernando foi encontrar tempo para trabalhar. Logo, a madrugada passou a ser o horário de expediente. Mesmo com a rotina puxada, ele diz que não se arrepende. “O fato de estar sempre com meu filho é um privilégio. Acho-o uma criança muito conectada com a gente, mais segura. E por conta dessa flexibilidade, pudemos acompanhar uma de suas aulas de futebol e estar presentes no primeiro gol que nosso filho fez na vida", fala.

Espaço compartilhado por mães

A ideia de Raquel Francese, 33, era voltar a trabalhar quando o filho, Leonel, completasse um ano. Os planos mudaram quando apareceu um projeto que demandava boa parte do dia da jornalista. “O Leonel estava com sete meses e comecei a pesquisar alternativas, porque ficaria difícil cuidar dele o dia todo e fazer meu trabalho.”

Foi então que ela conheceu a Casa do Viver, o primeiro espaço de "coworking" de São Paulo, onde pais podem trabalhar ao lado dos filhos. A palavra em inglês define um modelo de trabalho em que pessoas compartilham espaço e recursos de um mesmo escritório.

“Achei a ideia interessante e fui conhecer a Casa. Gostei do modelo e decidi ficar”, diz a jornalista, que passou a trabalhar no local, todos os dias, das 9h às 16h, desde março deste ano. Enquanto ela e outras mães dividem as bancadas do local, os filhos ficam em outra sala com monitoras. Por enquanto, são cinco crianças que frequentam a Casa todo dia, entre elas Leonel, com 11 meses, e outras cinco que vêm esporadicamente.

Para ela, o fato de trabalhar em um espaço assim ajuda não só o convívio com o filho, mas também a estimula a sair de casa e se relacionar com outras mães. “Conseguimos trocar muitas experiências, é ótimo sair de casa e ver gente. Outro ponto positivo é que aqui ninguém olha com cara feia quando você precisa sair mais cedo por causa do bebê que está doente”, diz.