Conheça os erros mais comuns de quem está iniciando a carreira
O trabalho não é só uma maneira de ganhar dinheiro, mas também um caminho para adquirir habilidades, socializar, estimular a criatividade e o desenvolvimento pessoal. Porém, na juventude, quando se dá os primeiros passos na carreira, tudo isso pode não estar tão claro. E é desse desconhecimento que derivam os erros mais comuns. Há desde aqueles que tropeçam na busca por um emprego e na seleção para uma vaga, até os que não agem da maneira mais adequada no ambiente corporativo. Confira algumas orientações para não cometer alguns desses enganos ao estrear no mercado de trabalho.
Não pesquisar sobre a empresa antes de se candidatar a uma vaga
Na ânsia de conseguir uma colocação profissional, muitos jovens disparam currículos para um número grande de empresas, sem nem saber se aquela organização realmente será boa para o seu desenvolvimento profissional e se é compatível com o seu estilo pessoal.
"É preciso alinhar os valores e características da empresa aos seus próprios, ao menos àqueles que julgamos mais importantes", diz o psicólogo Rafael Chiuzi, doutorando em psicologia do trabalho pela USP (Universidade de São Paulo). A falta de pesquisa prévia pode levar um candidato a uma vaga que nada tem a ver com ele. Para escapar dessas armadilhas, vale buscar informações no site da companhia antes de se oferecer para uma oportunidade, além de conversar com pessoas que atuam ou atuaram naquele local.
Encarar a entrevista como um interrogatório
Ficar nervoso durante o processo de seleção para uma vaga é normal, mas a emoção não pode impedir que o candidato questione o entrevistador sobre a oportunidade que está sendo oferecida. “A entrevista é um espaço de negociação”, diz Chiuzi. E nesse momento você deve colher mais detalhes sobre o que a empresa valoriza em um profissional e até questionar sobre o estilo de liderança dos superiores. O único cuidado é inserir essas perguntas no diálogo naturalmente, para não parecer arrogante, mas, sim, um candidato genuinamente interessado. "Você pode dizer algo como, ‘aproveitando a sua pergunta, eu gostaria de saber um pouco mais sobre o ambiente de trabalho’", explica o psicólogo.
Querer crescer rápido demais
A ansiedade típica dos jovens faz com que muitos queiram ascender rápido demais na carreira. Mas só ter a vontade de ser efetivado ou promovido não é o suficiente para subir um degrau profissional, é preciso adquirir habilidades consideradas importantes para aquela empresa. Então, antes de chegar à conclusão de que o seu desenvolvimento profissional anda a passos lentos, analise a trajetória dos seus colegas, para descobrir em que contexto eles foram reconhecidos. De acordo com Rafael Chiuzi, sabendo o que é valorizado na organização, fica mais fácil trabalhar aquelas características, para buscar oportunidades melhores.
Agir por impulso
Se usada positivamente, a impulsividade é um combustível para promover mudanças. Porém, agir sempre sem refletir sobre as consequências indica imaturidade. "A pessoa acaba passando a imagem de impaciente e até de arrogante, por considerar que a sua ideia é sempre mais importante que a dos outros", diz Sylvia Ignácio da Costa, coordenadora do curso em Gestão de RH da Anhembi Morumbi. A saída, portanto, não é eliminar completamente a impulsividade, mas elevar a autocrítica, olhar ao redor para perceber se a sua atitude está trazendo mais benefícios ou prejuízos. Outra boa ideia é pedir a opinião das pessoas que trabalham com você. Com esse retorno, ficará claro se é preciso dosar a impulsividade ou não.
Achar que sabe tudo
Inteligente é o profissional que usa a sabedoria dos mais experientes para compensar o pouco conhecimento em determinadas áreas. "Não é à toa que muitas empresas estão usando o recurso chamado de ‘mentoring’, em que jovens profissionais são orientados por gestores mais velhos", diz Alexandre Rangel, sócio-fundador da Alliance Coaching. Assim, é bom ter em mente que, por mais que seja qualificado para uma vaga, isso não significa que você não poderá aprender mais. Ao se abrir para a troca, você terá, inclusive, a chance de aprender com os erros dos outros. "No mundo corporativo, todos devem compartilhar o conhecimento e a aprendizagem. A socialização é fundamental", diz Sylvia.
Esperar pelo emprego perfeito
Para desenvolver habilidades específicas de uma profissão, não há dúvidas de que é melhor atuar na área em que se pretende seguir carreira. No entanto, quando o emprego ideal não aparece, qualquer tipo de trabalho é válido, de acordo com José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching. "Mesmo não sendo na área escolhida, um emprego sempre trará maturidade profissional e organizacional", diz. O importante mesmo é que aquela oportunidade forneça, além de recompensa financeira, algum conhecimento que possa ser aplicado em outras áreas.
Ter medo do networking
Para Alexandre Rangel, é fundamental desenvolver o que ele chama de "relacionamento 360 graus". "É importante se comunicar com o chefe, os pares e os subordinados", explica. "Quanto mais se cresce na empresa, mais a habilidade de relacionamento se mostra fundamental para a sustentação no cargo e até para apoiar as promoções futuras", completa. Por isso, mesmo com um pouco de timidez, é bom se dedicar ao entrosamento com pessoas de áreas diferentes e marcar presença nos eventos da empresa. Sem esquecer, é claro, que esses são contatos profissionais e não devem ser tratados da mesma maneira que os amigos pessoais e os familiares.
"Um happy hour regado a bebidas deve ser evitado, bem como falar mal de colegas da empresa e assumir outros comportamentos que possam deixá-lo exposto profissionalmente", declara José Roberto Marques.
Priorizar o trabalho aos estudos
Mesmo que receba uma proposta de encher os olhos, para fazer bonito no currículo, é preciso refletir se a oportunidade não vai interferir na rotina de estudos. É a boa formação acadêmica que vai deixá-lo preparado para o mercado de trabalho e, ainda, aumentar as chances de crescimento na carreira.
"Não é à toa que as grandes empresas buscam nas faculdades os melhores alunos para trabalhar, em programas de estágio ou trainee", diz Rangel. A experiência prática só vai complementar os conhecimentos científicos e teóricos adquiridos em sala de aula. Por isso, diante de um gestor que insiste numa carga horária que invada o período de estudos, é preciso argumentar. "Diga que a interferência é ruim para você e para a empresa, porque você deixará de levar conhecimento para a organização", afirma Rafael Chiuzi. Caso não haja negociação, os especialistas indicam procurar uma outra oportunidade.
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