Cultivar frutíferas em casa é um luxo e entre as arvoretas mais bem cotadas, os cítricos têm lugar garantido. Árvores de limões, limas ácidas e laranjas podem ser plantadas ao alcance das mãos, no jardim ou em vasos em varandas ensolaradas. E dentro desse rol quatro espécies se destacam para plantio doméstico: os limões galego, taiti, cravo e siciliano, que são fáceis de cultivar e ocupam espaços menores.
Dentre esses exemplares somente o limão siciliano é realmente um limão. Originário da Ásia, o siciliano é largamente cultivado no hemisfério norte, já que não se adapta bem a climas tropicais. Aqui, os mais utilizados, como os limão tahiti e galego, são na verdade limas ácidas, adaptáveis ao clima, que diferem no gosto e aparência dos limões, mas possuem rendimento melhor e características nutricionais parecidas.
Independente do tipo, todos apresentam sabor azedo, originário do ácido cítrico, e vitamina C, eficaz no combate a gripes e resfriados e ainda servem a indústria cosmética e química, emprestando sua essência a sabonetes, perfumes e produtos de limpeza.
Mão na terra
Plantar uma dessas espécies é relativamente fácil. Segundo o engenheiro agrônomo Orlando Sampaio Passos, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), uma das condições mais importantes para que essas plantas cresçam com saúde é a terra ser bem drenada. “Os cítricos detestam terra muito coesa, argilosa, o solo ideal é o mais arenoso”, explica.
Para o plantio em vasos, o paisagista Roberto de Sá recomenda um tamanho mínimo para o recipiente de 80 cm x 70 cm (altura) ou capacidade de 100 litros, de maneira a permitir que raízes e caule se desenvolvam com conforto.
Sá indica forrar o fundo do vaso com uma tela mosquiteira coberta com pedra cinasita ou brita e uma manta bidim. Acima da manta pode ser depositado de dois a três centímetros de areia bem grossa e, finalmente, o substrato composto de 30% de massa vegetal, 20% de areia grossa e 50% de terra de boa qualidade.
“É importante manter uma boa drenagem e garantir que o vaso seja o mais perene possível, por esse motivo recomendo que todas essas camadas sejam executadas no plantio”, orienta o paisagista. Na hora de plantar é importante observar se a terra não está cobrindo o colo da planta, que é a base antes da raiz. O colo deve ficar exposto para o bom desenvolvimento do vegetal.
Rega e enxerto
Assim como todas as frutíferas, os limoeiros precisam de sol e regas periódicas. “Eles gostam de água, mas não de solos encharcados, portanto, regue apenas quando o solo estiver seco”, ensina o pesquisador Dalmo Lopes de Siqueira, da Universidade Federal de Viçosa.
Segundo Siqueira, é possível, em uma mesma árvore, produzir frutos de três ou mais variedades de limão ou ainda outra espécie de citros. Isso significa que o porta-enxerto (parte de baixo de uma planta enxertada, formada pelas raízes e parte do caule) dá suporte ao desenvolvimento das chamadas variedades "de copa" selecionadas.
O porta-enxerto mais utilizado no país é o limão cravo, que tem grande resistência e é pouco utilizado como variedade, devido à baixa aceitação dos frutos e da verrugose, doença muito comum da espécie que causa deformações em folhas, ramos novos e frutos com lesões salientes e ásperas. Mas se você não quer usar a técnica da enxertia para obter novas mudas, é possível comprá-las em “garden centers” ou em centrais de abastecimento (Ceasas).
Frutificação, poda e pragas
Depois de crescer e florescer, o limoeiro começa sua frutificação. Os frutos estarão prontos para a colheita entre seis e nove meses após a floração. Nos cultivos comerciais é recomendado o plantio na época das chuvas, mas em casa uma muda de limão pode ser plantada em qualquer época do ano.
A adubação deve ser mensal e rica em fósforo, que estimula a floração e frutificação. “A inserção de pequenas doses mensais de farinha de ossos também ajuda muito na saúde dessas plantas”, afirma o paisagista Roberto de Sá.
O pesquisador Dalmo Siqueira, por sua vez, recomenda pouca poda, apenas para manter o caráter ornamental e retirar os brotos que surgirem diretamente no caule da planta.
Todos os limões são suscetíveis ao ataque de pragas e doenças, os mais comuns são cochonilhas, pulgões, ácaros, larvas minadoras e doenças fúngicas, como a gomose (causa podridão na base do tronco), provenientes do emprego de terra ou água de irrigação contaminados com o fungo.
Os fatores que favorecem esses ataques são solo ou substrato inadequados, quantidade insuficiente de luz, falta de água, déficit de nutrientes ou adubação em excesso. Outro fator favorável às cochonilhas é a eliminação dos predadores naturais, como percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos.
No cultivo doméstico, não é recomendável a aplicação de produtos químicos fortes nas plantas. O mais indicado são soluções caseiras como poda, retirada de caules e folhas atacadas ou o uso das caldas de fumo e de santa-maria.