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Aulas de dança para mães e bebês de colo estreitam vínculos e relaxam

Camila Dourado*

Do UOL, em Londres

08/11/2013 07h25

Além de trazer reconhecidos benefícios para a saúde da criança, o aleitamento materno é constantemente citado como uma maneira de estreitar os vínculos entre mãe e filho. Além dele, algumas mulheres têm descoberto na dança outro meio poderoso de se aproximar de seu bebê.

Caso das alunas do grupo Dança Materna, fundado em São Paulo, pela professora Tatiana Tardoli. “Em 2008, quando nasceu a minha primeira filha, eu já trabalhava, há dez anos, com dança contemporânea e danças brasileiras. A gestação da Nina foi muito transformadora para mim e, nessa fase, decidi que, depois que ela nascesse, começaria a desenvolver um trabalho com dança para gestantes e mães.”

No Dança Materna, há aulas para mães com bebês de colo (a partir de um mês se o parto for normal ou um mês e meio, no caso de cesárea) ou que engatinham, e para mães com bebês que andam (até três anos). Apesar da indicação, antes de iniciar qualquer atividade física, é recomendável que a mulher passe por uma avaliação com o médico que a acompanha.

Para integrar o grupo, que se reúne uma vez por semana por uma hora e 15 minutos, não é preciso ter noções de dança, já que a aula é composta de movimentos simples e improvisações, tudo sob a orientação da professora. Pais, avós ou outro adulto que tenha proximidade emocional com o bebê também podem participar do grupo.

“Há situações variadas que favorecem um contato amoroso e próximo entre mãe e bebê. Seja por meio de massagem (que compõe o aquecimento da aula) ou na hora de dançar aconchegado junto ao corpo da mãe em um carregador. O bebê se beneficia também do fato de a mãe ter um momento de relaxamento para ela”, fala a professora Tatiana.


De volta à vida social

A arquiteta Larissa Melo, mãe de Julie, de seis meses, diz que encontrou no grupo uma forma de aliviar o dia a dia intenso de cuidados com a filha.

"A rotina com um bebê é superexaustiva, e somos só eu e ela nessa rotina. Venho aqui buscar convivência com outras mães que vivem a mesma situação, trocar experiências. Acredito que aumenta muito a ligação entre a gente e auxilia no desenvolvimento do bebê."

Segundo a professora Tatiana, a prática ainda ajuda a melhorar o sono da criança, uma das principais queixas dos pais de bebês.

"Ele é muito agitado, não dorme nada à noite. Encontrei aqui uma solução para nós dois, pois, quando tem aula, ele gasta energia, fica bem mais calmo e dorme melhor. O Gabriel adora dançar", afirma a pediatra Renata dos Santos, outra aluna do Dança Materna, mãe de Gabriel, 6 meses.

Brincadeira

Para as mulheres com filhos que andam, a proposta é combinar a dança com momentos lúdicos de forma que os bebês desenvolvam curiosidade para explorar o contato com a mãe e com as outras crianças.

“Nessa aula, há bastante espaço para os bebês exercitarem a autonomia corporal recém-conquistada, acompanhados pelos pais. Não há fronteiras entre dançar e brincar. Há alguns momentos no colo também”, diz Tatiana, do Dança Materna.

Segundo a professora, a dança só é desaconselhada para quem tem problemas realmente graves de coluna e articulações, como joelhos e tornozelos. Nas aulas, também são dadas sugestões simples sobre como organizar o corpo para amamentar, minimizando o cansaço nos ombros, pescoço e costas.

Dança do ventre

Outro projeto dedicado a fazer mães e bebês dançarem é o Grupo Mater de Dança do Ventre, também na capital paulista e idealizado pelas bailarinas Juliana Leme e Natalia Salvo, parceiras na dança desde 2007. O grupo surgiu, em 2011, justamente quando ambas engravidaram e decidiram continuar sua trajetória na dança, lecionando e realizando apresentações.

“O objetivo maior do grupo é mostrar às mães e à sociedade que a maternidade não é limitadora”, diz Juliana.

Na prática, com o auxílio do "sling" (o modelo “wrap” é o mais apropriado para a modalidade, porque nele a criança fica colada ao corpo do adulto), é possível realizar os movimentos da dança do ventre com liberdade para a mãe e segurança para o bebê.

“O 'sling' não machuca o bebê, pois ele é muito confortável. Na maioria das vezes, a criança adormece Não há perigo de ela cair desde que seja utilizado o tecido adequado e o carregador seja amarrado corretamente. Quanto ao balanço, são movimentos suaves”, diz Natalia.

O grupo também tem respaldo de fisioterapeutas e pediatras. “Jamais colocaríamos em risco a saúde de nossos bebês”, diz Juliana.

As atividades podem ser iniciadas nos primeiros meses de vida e praticadas até quando mãe e filho queiram, mesmo quando a criança já engatinha ou anda.

*Colaborou Thais Carvalho Diniz, do UOL, em São Paulo

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