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Empresas de diferentes setores usam a moda para fortalecer suas marcas

Vestido e short Coca-Cola Clothing, camisa Ferrari e bota Dr. Martens vendida pela Pretorian  - Divulgação
Vestido e short Coca-Cola Clothing, camisa Ferrari e bota Dr. Martens vendida pela Pretorian Imagem: Divulgação

Adriana Terra

Do UOL, em São Paulo

25/02/2013 07h32

Com linhas menos padronizadas e de olho nas tendências, empresas de setores variados estão investindo em moda, seja por meio de lojas-conceito, participação em desfiles ou parcerias com estilistas experientes. O lucro torna-se cada vez mais significativo: há empresas cujo faturamento com roupas e acessórios chega a representar quase 15% do total da marca.

Criada em 2005, a Coca-Cola Cothing, grife licenciada pela Coca-Cola no Brasil, abriu 15 novas franquias e chegou ao número de 1.200 revendedoras no país em 2012. Com peças de inspiração urbana desenvolvidas pela estilista Thais Rossiter, que antes passou pela Iódice, a marca busca se conectar com as novidades da moda -- entre as roupas da coleção atual estão hits como calça floral e estampa étnica, por exemplo --, ao mesmo tempo em que mantém um padrão estipulado pela empresa norte-americana.

“Recebemos um Style Guide Mundial da marca e seguimos um sistema de aprovações”, conta André Jorio, diretor da grife.

Embora muitas roupas, especialmente as camisetas, tragam estampado o nome ou um desenho que representa a marca, a Coca-Cola Clothing está mais discreta neste aspecto -- o que não deixa de ser uma estratégia, já que tira aquele ar de merchandising que muita gente não gosta. Calças jeans, bermudas e vestidos lisos, ou com estampas que não citam a empresa-mãe, estão entre os produtos recentes.

Administrada há seis anos pelo gigante grupo AMC Têxtil, de grifes como Colcci e Forum, a marca também desfila no Fashion Rio, onde apresenta criações mais conceituais.

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    O diretor de criação e marketing da Pretorian, Alexandre Bucci

Fora do ringue
Jaqueta de couro, camisa xadrez, blusa de tricô e coturno. Estas são algumas das peças pensadas pela Pretorian para o look casual do fã de lutas. Novata no segmento, a marca de equipamentos de MMA vem investindo em uma linha de roupas e acessórios mais ligada à moda desde 2012, quando abriu uma loja-conceito na rua Oscar Freire, em São Paulo.

“A ideia é fazer um casual chique bacana para o homem com o DNA de marca de luta, não é fightwear”, explica Alexandre Bucci, diretor de criação e marketing da Pretorian.

No entanto, ele diz que o objetivo também não é ousar demais, pois sabe que este não é o perfil do público da grife. “Não tenho a intenção de lançar moda, mas fazer aquilo que o homem quer com o aval da marca de luta. É muito difícil pegar uma marca e transformá-la numa marca de moda, você precisa respeitar o mercado para não virar um clichê”, diz ele, que há vinte anos trabalha no segmento e também comanda a grife Top Hat, com inspiração no universo da customização de motos.

Fãs de velocidade
Entre as montadoras, principalmente aquelas que têm ligação com esportes e estilo de vida, linhas de roupas e acessórios também crescem. A marca italiana Ferrari abriu sua primeira loja de moda e souvenir no Brasil em novembro passado no shopping Fashion Mall, no Rio de Janeiro, na qual vende não só as populares camisetas polo da Fórmula 1, mas camisas sociais, suéteres, casacos infantis e até biquíni. Os produtos da linha casual, chamada de Lifestyle Collection, são voltados ao consumidor de luxo e têm preços bem altos: uma gravata custa R$ 553, enquanto uma jaqueta de couro chega a R$ 4.450.

Já a norte-americana Harley-Davidson ainda não tem uma loja só de roupas e acessórios no Brasil -- eles são vendidos dentro de concessionárias da marca --, mas lucra alto com o segmento: cerca de 15% do faturamento total da empresa no país vem de uma área chamada "PAM", que inclui, além de moda, peças para a customização dos veículos da marca.

O curioso é que boa parte dos consumidores brasileiros destes produtos não possui motos da marca. “Cerca de 25% dos clientes que usam a roupa não são proprietários de motocicleta”, conta Ronaldo Weber, gerente de peças e acessórios da Harley. Nos EUA, este número chega a 60%, o que mostra a força do setor.