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Para dirigir na gravidez, faça uma avaliação de suas condições físicas e emocionais

O cinto de segurança deve ser usado, mas não sobre a barriga da gestante - Thinkstock
O cinto de segurança deve ser usado, mas não sobre a barriga da gestante Imagem: Thinkstock

Giovanny Gerolla

Do UOL, em São Paulo

26/11/2012 11h31

Entre as muitas dúvidas que passam a povoar os pensamentos de uma mulher quando ela recebe o resultado positivo do teste de gravidez está sobre a segurança ou não de dirigir nessa fase da vida, em que são intensas as modificações físicas e emocionais.

Não existe consenso entre médicos ginecologistas e obstetras sobre até que mês é seguro a gestante dirigir. Há quem ache melhor grávidas não dirigirem e quem diga que é possível conduzir um carro até o oitavo mês. Como o Código de Trânsito Brasileiro não faz restrições a condutoras grávidas, todas as contraindicações são apenas médicas.

Recomendações

Não dirija se sentir mal-estares de qualquer tipo ou se estiver com dores na coluna;

Dirija em velocidade moderada;

Não fique de estômago vazio antes de dirigir nem coma demais. A primeira situação pode provocar tontura e a segunda sonolência;

Não dirija logo após tomar medicamentos para enjoos, também por causa da sonolência;

Evite dirigir nos dias muito quentes e nos de frio excessivo;

Evite trajetos longos;

Evite dirigir à noite;

Se houver volante móvel, coloque-o para cima e para frente, ao entrar e sair do automóvel.

“O estado emocional da grávida fica alterado. Ela está mais sensível, distraída, mais preocupada com a gestação e com o filho”, afirma a pediatra, neonatologista e psicanalista Miriam Ribeiro de Faria Silveira.

Dirceu Rodrigues Alves Junior, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), afirma que, se a mulher optar por continuar dirigindo, que faça isso, no máximo, até o quinto mês de gestação. “E que sejam trajetos curtos, porque há inúmeros fatores de risco.”

Diante da diversidade de opiniões, é importante que a gestante converse com o médico que cuida do seu pré-natal. Ele é a pessoa mais indicada para avaliar as condições físicas e psicológicas da mulher.

Fases da gestação

Problemas típicos dos primeiros meses da gravidez, como náuseas, vômitos, alterações de pressão arterial (subida ou queda) e aumento da sonolência, podem afetar a atenção e o reflexo da grávida que dirige.

Mesmo que a mulher passe pela gestação sem sentir nenhuma alteração física significativa, ela tem de levar em conta que o próprio trânsito –com sua agressividade, nível de ruído, estresse, asfalto irregular– vai repercutir sobre o seu corpo e o do bebê, podendo provocar contraturas das fibras musculares, problemas circulatórios, aumento da frequência cardíaca e afetar a aderência da placenta ao útero. “A postura de motorista também não é a mais ergonômica para quem tem uma barriga em crescimento”, afirma Alves Junior, da Abramet.

A partir do sexto mês, com o crescimento do volume abdominal e a proximidade com o volante, até mesmo pequenas desacelerações podem causar danos à futura mãe e ao feto, levando até ao parto prematuro. Também nessa fase, a ansiedade natural pelo nascimento da criança pode afetar o julgamento da mulher diante de situações de perigo iminente.


Dentro do carro

Obrigatório por lei e item indispensável à segurança, o uso do cinto vai requerer alguns cuidados especiais por parte da grávida motorista. Saber usá-lo é importante para evitar que, por exemplo, em uma frenagem brusca, tanto a mãe quanto o bebê se machuquem.

O recomendável é passar a faixa diagonal do cinto pelo meio do ombro e entre os seios, deixando-a na lateral do abdômen. O dispositivo não pode ser usado sobre a barriga, porque a pressão pode comprimir o útero. Também é necessário manter a faixa subabdominal tão baixa e ajustada quanto possível, ao longo dos quadris e na parte superior das coxas. O cinto não pode estar folgado, por isso nada de usar toalhas ou almofadas entre o equipamento e o corpo.

O assento da grávida deve ficar o mais distante possível do volante –com uma distância média de 15 a 20 centímetros–, mas com fácil acesso a ele e aos pedais. Os braços devem permanecer semiflexionados e a visão frontal tem de ser ampla.

Observando as orientações sobre a distância entre o assento e o volante, se o carro tiver "airbag", não o desative. Segundo a Abramet, o dispositivo protege em 100% dos casos de lesões traumáticas e viscerais quando combinado com o cinto de três pontos.

Autoescola

Não há no Código Brasileiro de Trânsito restrição à participação de gestante em aulas em autoescola e no exame para tirar a carteira de habilitação. Mas, de acordo com a Abramet, vale a recomendação de até o quinto mês de gravidez, desde que a mulher se sinta bem e confortável ao volante.

Segundo a entidade, os exames para tirar a habilitação podem gerar nervosismo e ansiedade. A futura mamãe, que já está naturalmente mais sensível, ficará ainda mais suscetível a ter problemas de pressão, alterações respiratórias e na frequência cardíaca, que serão sentidas também pelo feto.

A gravidez semana a semana

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