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Brincadeiras contribuem para o desenvolvimento do bebê; veja sugestões simples para cada fase

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Veja qual estímulo é o mais adequado para cada fase Imagem: Thinkstock

Gabriela Horta*

Do UOL, em São Paulo

19/09/2012 15h20


Quanto mais variadas as experiências dos bebês, maiores serão as possibilidades de aprendizado. E as brincadeiras são ferramentas importantes. Brincar é essencial desde os primeiros dias de vida, para a percepção individual, das pessoas e do mundo, segundo Matilde Conceição Scandola, especialista em educação Infantil e uma das responsáveis pela elaboração das diretrizes pedagógicas das creches da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

A arte-educadora do Ateliê Artes e Movimento Suzana Soares concorda. "Em seu primeiro ano, a criança passa por uma conquista psicomotora muito grande. Aprende a rolar, sentar, engatinhar e, finalmente, andar". Brincar fornecerá os estímulos necessários para que tudo isso aconteça. Assim, progressivamente, a criança é capaz de alcançar o que deseja, segurar ou levar à boca. 

Mas é preciso observar que as brincadeiras devem respeitar cada fase do desenvolvimento do bebê. Ao adulto, cabe o papel de mediá-las sempre, mas evitar interferir, para que o bebê, aos poucos, tome consciência da sua autonomia. "Quando a criança ainda não consegue se virar sozinha e tenta pegar um brinquedo que está ao seu lado, por exemplo, deixe que ela tente. Isso é um estímulo para que ela organize os movimentos corporais para atingir esse objetivo. Se o adulto entrega o brinquedo, atrapalha o processo", afirma Suzana. Veja sugestões de brincadeiras para estimular o bebê em cada fase**:

BRINCADEIRAS PARA BEBÊS QUE FICAM DEITADOS

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Com cerca de três ou quatro meses, é importante deixar os bebês deitados durante alguns minutos, de costas no chão, com brinquedos à sua volta. Eles precisam ficar numa posição que facilite o movimento das pernas e braços. É natural que agarrem os brinquedos e leve-os à boca. É a fase oral.

Estimular a mexer braços e pernas: móbiles coloridos, sonoros, que se movimentam encantam os bebês, que se envolvem, prestando atenção e evidenciando prazer pelo movimento dos braços e pernas. O móbile acessível ao bebê e ao seu toque deve ter uma estrutura resistente, que não desmonte ou quebre. Esse tipo de brinquedo estimula visão, tato e audição. 

Brincar com as pessoas: o primeiro brinquedo interativo de um bebê é o contato físico, o olhar, o toque e o movimento. “Desde que nasce, ele sente a mãe e a encontra por meio do tato", conta a professora Matilde. Por isso, brincar de fazer carinho e olhar para o bebê, deixá-lo responder com o olhar, aninhá-lo no colo e  fazer movimentos ritmados ou balançar para a frente e para trás criam oportunidades para  que ele experimente sensações diferentes e estabelece vínculos afetivos, que favorecem a segurança e a tranquilidade do bebê. Mas lembre-se: faça movimentos suaves, em local seguro (numa rede ou colcha, por exemplo), com a ajuda de outro adulto.

Seguir o brinquedo: com o bebê recostado em cima das pernas, pode-se fazer inúmeras brincadeiras. Por exemplo, quando perceber que ele já consegue seguir um brinquedo com os olhos, mova-o lentamente diante do rosto dele para que aprenda a acompanhar com o olhar. 

Produzir sons: emita sons com objetos, do lado esquerdo e direito do bebê, e faça pequenos comentários, para observar se ele presta atenção e se vira a cabeça em sua direção.

Conversar com o bebê: diga frases curtas, deixando que ele responda com um olhar, sorriso ou balbucio. Cante o nome do bebê ou use a palavra cantada para conversar com ele. Brinque, também, com sons que a criança emite, imitando-os. "A audição é o sentido mais desenvolvido do bebê, pois vem amadurecendo desde a barriga da mãe. A partir do quinto mês de gravidez, ele começa a ouvir os batimentos cardíacos da mãe e o sangue circulando. Com poucos dias de vida, ele reconhece a voz materna, por isso é importante conversar", diz Matilde. 

Desafios com obstáculos: quando o bebê já consegue sustentar a cabeça e deitar de bruços, desafie-o a pegar um brinquedo colocado do outro lado de uma almofada ou estrutura de espuma. Isso estimula a coordenação motora.

PARA BEBÊS QUE SENTAM

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Segurar dois objetos ao mesmo tempo: pegar dois brinquedos ao mesmo tempo é uma tarefa mais complexa para os bebês. A partir do sétimo mês, oferecer dois objetos iguais, como blocos ou  bolas, é um bom exercício para observar se eles seguram um em cada mão. No início, os bebês largam um objeto para pegar outro, depois, percebem que não precisam largar e vão pegar um bloco em cada mão e bater para fazer ruído. 

"No princípio de cada estágio motor percebemos dúvidas, tentativas e erros. Mas, uma vez adquirido o gesto ou movimento, podemos notar a boa qualidade da coordenação e a economia de esforço", afirma a arte-educadora Suzana.

Explorar tapetes sensoriais: utilize modelos que contém argolas para puxar, objetos que fazem sons, tecidos com diferentes texturas e cores, aberturas para fechar e abrir com zíper ou material adesivo são desafiadores para a criança pequena. 

Encaixar e empilhar: ofereça brinquedos de encaixar que formam torres, carros feitos com blocos para montar e, depois, serem derrubados, para bebês que já se sentam com firmeza para executar essa tarefa. Típicos brinquedos de desafio e lógica propiciam atividades de grande concentração. 

Bater para gerar som: bater tampas de panelas ou brincar com o bate-pino deixa o bebê feliz e satisfaz sua necessidade de compreender o que esses objetos podem fazer. Ao mesmo tempo, eles curtem o som produzido pelas batidas.

Deixar cair para ver o que acontece: quando o bebê deixar cair alguma coisa durante a refeição, faça disso uma brincadeira, falando sobre o que acontece com o objeto: "Agora a colher está no chão", "Quando você soltar a colher, ela cai". Quando ele jogar uma bola no chão para ver o que acontece, diga: "Olhe, a bola está rolando", "O brinquedo caiu debaixo do armário", "A bola está pulando". Essa brincadeira repetitiva auxilia a criança a compreender o que se pode fazer com o objeto, além de auxiliar a compreensão da linguagem.

PARA BEBÊS QUE ENGATINHAM

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Explorar cadeiras, mesas, caixas de papelão com furos: todos esses objetos podem criar desafios para os bebês que engatinham. O bebê pode passar sob uma cadeira ou mesa ou entrar em uma caixa. Se quiser deixar a brincadeira mais divertida, vá na frente dele engatinhando também, para que ele imite a ação. 

Descobrir o que tem dentro: faça um furo em uma caixa de papelão com tampa de um tamanho em que caiba a mão do bebê e coloque brinquedos dentro dela. Prefira objetos que façam ruídos, como sininhos amarrados em tecidos que possam ser puxados. Chacoalhe na frente do bebê para fazer barulho e ver o que ele faz. Provavelmente, ele colocará a mão na caixa para ver o que há nela. 

Importante: escolha sempre objetos que sejam maiores do que o pulso do bebê para impedir que, ao colocar na boca, possam ser engolidos. 

Brincar com água: bebês que engatinham gostam de brincadeiras na água com livros de plástico, brinquedos para afundar ou canecas para encher. Nesse caso, mais do que nunca, é imprescindível que a criança  esteja acompanhada de um adulto. 

PARA BEBÊS QUE ANDAM

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Brinquedos para empilhar: ofereça ao bebê brinquedos de construção e montagem. O grau de complexidade da brincadeira, agora, será empilhar sem derrubar. 

Brinquedos para empurrar: auxiliam o desenvolvimento motor do andar. Eles devem ser capazes de sustentar o peso da criança e ter resistência suficiente para auxiliar no equilíbrio dos primeiros passos e não deslizar livremente. Estimulam a criança a ficar reta e permitem que ela ande com mais autonomia e segurança.

Brincar de imitar: crianças pequenas gostam de imitar as pessoas, especialmente as situações que lhes chamam a atenção. Apreciam pegar a colher e dar de comer ao seu ursinho ou colocar panos na cabeça. 

Brincar de pintar: crianças bem pequenas gostam de deixar suas marcas, de se expressar. Deixe-as pintar papéis de diferente tamanhos, com giz de cera grosso, pinceis e tintas (sempre atóxicos e supervisionados pelos pais).

*com colaboração de Fernanda Alteff
**Fonte: informações adaptadas do manual “Brinquedos e Brincadeiras de creches”. Realização do Ministério da Educação com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF