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Descubra se você leva os problemas certos para o seu chefe

Ao levar um problema para o chefe, preste atenção à reação dele para saber como agir da próxima vez - Lumi Mae/UOL
Ao levar um problema para o chefe, preste atenção à reação dele para saber como agir da próxima vez Imagem: Lumi Mae/UOL

Andressa Magalhães

Do UOL, em São Paulo

19/03/2012 07h00

Toda empresa tem problemas. E todo funcionário, cedo ou tarde, terá de decidir: encaro a questão ou levo o abacaxi adiante? É difícil saber ao certo se, em uma situação complicada, o chefe ficará satisfeito ao ver que você o tomou uma decisão sem consultá-lo, se vai se sentir desrespeitado ou, ainda, se ficará irritado por ser interrompido por uma bobagem. Porém, uma coisa é certa: a pior escolha seria fingir que o problema não existe. "Tem gente que foge de problemas como se eles desaparecessem. Mas eles são inerentes ao trabalho, e isso não é o fim do mundo”, diz a coach executiva Daniela do Lago, colunista do UOL.

Se não se pode fugir deles, é preciso saber identificar quem deve resolvê-los Antes de se desesperar com a dúvida, lembre-se de que o papel de um líder é, também, assumir tarefas que o subordinado não pode resolver. "À medida em que a hierarquia vai subindo, os problemas vão crescendo. O funcionário deve avaliar se o que ele vai levar ao chefe é ou não um estorvo”, afirma a coach. “É necessário ter sensibilidade para saber quais assuntos deve tratar com o superior e maturidade para decidir o que pode resolver sozinho”, segundo a especialista em RH Márcia Harsche, sócia da consultoria Valor Pessoal.

O tempo entre a avaliação da questão e a tomada de decisão seja o menor possível, pois a postergação pode fazer de um pequeno contratempo uma avalanche de problemas para a empresa. Para não perder tempo com a dúvida de procurar ou não o superior, Lago recomenda atenção aos sinais que ele dá. “O chefe dirá frases como: ‘Se acontecer de novo, me avise imediatamente’ ou ‘Da próxima vez, responda da mesma forma’”. E se ele não disser, pergunte o que deverá ser feito se o problema persistir. Aos poucos, o subordinado passa a identificar o que deve resolver. A autonomia vai sendo percebida aos poucos.
 

Como agir quando o chefe é o problema

Como agir quando o problema é o próprio chefe? Segundo Harsche, atropelar o líder imediato e levar o problema para a hierarquia acima dele é prática mais comum do que parece. Mas não deveria. Ela aconselha que o líder seja sempre consultado ou informado sobre os passos do funcionário, mesmo que a missão do subordinado seja reclamar do chefe. Em empresas de grande porte, é comum que um manual de conduta ou ética determine claramente o que deve ou não ser tolerado no ambiente de trabalho. Dessa forma, exemplifica a especialista, se um superior sempre grita com sua equipe ou assedia moralmente seus funcionários, é possível saber como a empresa encara a situação. O passo seguinte é comunicar ao próprio chefe que levará o problema para uma instância superior.


Peça orientação e ofereça soluções
Uma forma de comunicar o problema sem parecer arrogante ou incapaz é pedir orientação. Mostre interesse em se envolver na resolução da questão. De acordo com o grau de urgência, avalie se é o caso de mandar um e-mail, fazer uma ligação interna ou bater à porta do líder.

Se o destino do problema for a mesa do líder, ele deve seguir acompanhado de possíveis soluções. Isso, diz Harsche, demonstra um perfil proativo, de alguém que tentou facilitar o processo. "O tempo nas empresas é algo cada vez mais escasso. Ao ver que o funcionário poupou horas de vaivém ou de discussão, o chefe lhe deposita mais confiança”, afirma. Além disso, mesmo que a solução apresentada não seja a melhor, a sugestão ajuda a modificar o modo como o líder encara o problema --sobretudo se ele for derivado de alguma escorregada sua.

Problemas pessoais
Questões íntimas nem sempre são bem recebidas pelo líder. Casos como endividamento, separação ou doença na família só devem, em geral, chegar ao conhecimento do superior se, de fato, estiver comprometendo o rendimento do trabalhador. Além disso, o assunto não deve ser posto à mesa pelo funcionário como uma forma de se vitimizar ou justificar baixos resultados. Isso pode fazer com que o chefe, em vez de compaixão, passe a se questionar se seu funcionário é realmente capaz de gerir adversidades --sejam pessoais ou profissionais.


Brigas com o colega
Há mais de dez anos aplicando pesquisas de clima organizacional em empresas, Márcia Harsche diz perceber que a relação entre pares recebe, a cada ano, notas mais baixas, indicando a insatisfação crescente do funcionário com seu grupo. “É cada vez mais cada um por si”, diz ela. Esse cenário tem reflexo claro na sala do chefe: com o trabalhador mais descontente com quem o cerca, crescem fofocas, picuinhas e problemas de relacionamento.

Para quem se sente vítima do vizinho, porém, a regra é clara: lute com todas as forças para resolver a desavença em uma conversa com o colega. “O chefe vai enlouquecer se ficar entre fofoquinhas. Por isso, é preciso avaliar a gravidade do problema e analisar se está impactando no trabalho ou não. Se for só relacionamento, esqueça”, diz Daniela do Lago. “Não transforme a mesa do líder em uma lavanderia”, completa Harsche.