Histórias de quem tinha tudo para reclamar da vida, mas dá exemplo
Existem pessoas que fazem drama da vida de um jeito que parece que o seu problema é maior que tudo e todos. Mas por que somos assim? Por que sempre tendemos a achar que nossa doença, nosso obstáculo ou a cruz que carregamos é mais importante ou maior do que realmente é? “Trata-se de uma tendência natural do ser humano, pois quando vivenciamos e nos envolvemos sentimentalmente com a situação, acabamos polarizando a questão, ou seja, minimizamos o que o outro está passando e maximizamos nosso próprio sofrimento. Essa falta de equilíbrio faz com que, de fato, soframos mais ainda pela comparação”, explica Fernando Elias José, psicólogo e autor do livro “Superando Desafios” (WS Editor).
Cinco dicas de superação
1
Aceite e entenda o problema: é essencial para que você pare de se vitimar.
2
Busque a emoção real: enxergar o verdadeiro tamanho do problema é um passo importante para resolvê-lo.
3
Evite comparações: quando conseguimos ver o que passamos, não adianta olhar para o lado tentando minimizar ou maximizar a situação.
4
Valorize-se: depois de olhar para o problema e perceber o real tamanho, é importante valorizar seu potencial para encontrar uma solução.
5
Cresça e aprenda: entender as perspectivas do problema e suas soluções só tem valor se houver um aprendizado. Assim, se for preciso enfrentar novamente algo semelhante, será muito mais fácil.
Para o especialista, é mais normal do que se imagina fazer a popular tempestade em copo d’água. “Culturalmente, vivemos em uma sociedade que preza a solidariedade e que está sempre vendo e analisando o outro. Isso faz com que criemos sempre uma base comparativa e achemos que “a grama do vizinho é mais verde do que a nossa”. Exemplo: se alguém está desempregado há cinco anos, mas tem parentes que o sustentam, e você está desempregado há cinco dias sem ninguém para lhe sustentar, não adianta comparar-se. Cada situação é uma e deve ser vivida dentro de suas particularidades”, demonstra.
Mas tem gente que dá uma verdadeira lição quando o assunto é superar sofrimento. Iria Bastos, 48 anos, é uma delas. Ela tem microangiopatia degenerativa da glia, uma doença que degenera o cérebro sem cura. Desenganada pelos médicos em fevereiro de 1997, ela luta e vive feliz até hoje. “Costumo dizer que a partir do momento em que o problema não tem solução, não existe problema. Estou vivendo o tempo que tenho com total energia, com felicidade e muito amor de minha filha, mãe e neto”, diz. A bancária que vive em Cabo Frio (RJ) vive acumulando conquistas. Sua última deveu-se à leitura de um blog de autoajuda. “Lá, encontrei gente com problemas piores que os meus e resolvi encarar que eu precisava emagrecer para viver melhor. Comecei minha vigilância pela autoestima e já detonei mais de 13 kg”, conta sorridente.
Aliás, superação deveria ser o sobrenome dessa família corajosa. Emocionada, Iria conta o caso de sua mãe, companheira de hoje e sempre. “Acho que lutar pela vida é algo que está no nosso sangue. Minha mãe, por exemplo, quando nasceu foi dada como morta, até que um tio a segurou roxinha no colo e, ao chorar, percebeu que ela segurou sua mão. Assustado, ele gritou que a criança estava viva”, conta emocionada. Hoje, Maria de Lourdes Bastos tem 72 anos, é médica e advogada, trabalha e faz cursinho para a prova da OAB. “Minha mãe é meu exemplo de perseverança. Enquanto muitos amigos e amigas já estão aposentados nessa idade, nós curtimos a vida, vamos à praia, trabalhamos e agradecemos por tudo que temos”, ensina Iria.
Reações diferentes
Para Lucia Rodrigues, terapeuta e consultora em criatividade quântica, a análise da reação a um determinado problema é mais profunda. “A diferença entre uma pessoa que tem a reação positiva e a outra que trava e entra em desespero é a percepção que ela tem do que é, o conceito que ela formou da vida. Cada um tem um modelo de mundo em que se acumulam sensações e criam-se conceitos perceptivos. Por exemplo, quando alguém lhe pede algo é um ato que pode ser duplamente interpretado: como um pedido ou uma obrigação, dependendo da pessoa que recebe isso”, afirma.
Lucia ensina que o medo é uma das piores sensações do ser humano. “O medo é prejudicial, o cuidado é proteção. A gente aprendeu que ter medo é se proteger, e não é. O correto é ter cuidado. Na física quântica o medo é um movimento energético, ele tem uma causa. O pânico, que é o paralisar, é o medo em uma velocidade maior. O ideal é perguntar-se ‘que medo eu tenho’, para que se tenha uma reação mais eficaz e melhor à determinada situação”.
Bom humor
Isete Corrêa Lima, que amputou o braço aos 16 anos
Medo é uma palavra que não existe no vocabulário de Isete Corrêa Lima, de 33 anos. Aos 16 anos, a paulistana teve de amputar o braço por conta de um câncer. “Para superar todo esse sofrimento sempre contei com o apoio da família e dos amigos e, acima de tudo, com meu bom humor. Sempre fui muito alegre e isso me ajudou a superar essa fase tão difícil na minha vida”, afirma. A secretária conta que tem uma vida normal hoje, um exemplo de que reclamar não adianta nada. “Desde o início eu procurava me superar, pois agora, com apenas um braço, tudo é diferente. Sou teimosa e por um tempo testei minhas limitações. Hoje, sou uma excelente dona de casa, gosto de fazer tudo sozinha e é delicioso ser independente, porque assim me sinto muito mais viva.”
Para comprovar ainda mais sua vontade de viver, Isete ainda é dançarina e professora de dança do ventre. “Dando aulas de dança, descubro que minhas alunas estão superando o fato de ter uma professora deficiente. É impressionante a evolução de cada uma, estão se valorizando muito mais, estão mais mulheres, mais femininas e mais felizes, e isso é muitíssimo gratificante para mim”, comemora.
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