Pais podem aproveitar o Dia da Criança para iniciar educação financeira
Se para os pequenos o Dia da Criança é motivo de festa, para muitos pais é hora de lidar a uma árdua tarefa: a escolha e a negociação do presente. Afinal, não é nada fácil controlar o desejo do filho por um brinquedo que pode estar fora dos padrões financeiros da família no momento ou não é apropriado para a faixa etária dele. Uma boa opção é colocar a criança para participar desse processo e aproveitar a data para começar uma educação financeira.
“Sob a ótica financeira, o Dia da Criança é uma ótima oportunidade para ensiná-las sobre conceitos financeiros, pois elas estão com a atenção voltada a um assunto de seu interesse”, diz o educador financeiro Álvaro Modernell, autor de “Zequinha e a Porquinha Poupança” e “O Pé de Meia Mágico” (ambos da Editora Mais Ativos), entre outros.
O dinheiro está curto
Segundo Modernell, as crianças precisam ter noção da realidade econômica da família, principalmente se o momento é de aperto nas finanças domésticas. “Não é preciso entrar em detalhes, mas é essencial conversar e explicar”, diz.
“Se os pais escondem a situação real, a criança vai desejar e esperar os brinquedos mais caros, nem sempre condizentes com o dinheiro disponível para isso e também com a faixa etária dela”, complementa a psicóloga Maria Angela Barbato Carneiro, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC.
Escolha e compra
Os especialistas afirmam que a criança deve escolher entre um produto e outro, mesmo que a família tenha condições financeiras para comprar todos os brinquedos pedidos. O educador financeiro propõe que os pais estimulem os filhos a fazer uma lista com três opções, dentro de uma faixa estabelecida previamente.
“Como as crianças estão abertas a conversar nessa época, porque há interesse em ganhar presente, os pais podem aproveitar e convidá-las a pesquisar os preços nas lojas. É importante para que comecem a perceber as diferenças de preços e de qualidade de um mesmo produto”, ensina Modernell.
A lição não acaba por aí: depois de pesquisar, comparar e escolher por marca e preço chega a hora de pedir desconto. “Com a economia, a criança pode comprar um sorvete, por exemplo, após sair da loja e perceber o valor daquilo tudo que fez”, diz Modernell.
Educação
Se você está pensando que o fato de a criança acompanhar os pais à loja para comprar o presente quebra o clima de surpresa, calma. Como se trata de uma data puramente comercial, sem outros valores a serem agregados, pode-se transformá-la num momento de aprendizado.
Segundo o educador financeiro, quanto mais cedo ensinar os filhos sobre direitos e consumo consciente, melhor. “Os adolescentes são mais suscetíveis à influência de marcas. Se não receberam uma educação financeira na fase anterior, isso pode gerar um grande desgaste familiar.”
Valor sentimental
É preciso explicar que o mais importante não é o valor do presente, e sim o sentimento. Mas como resistir aos encantos da propaganda ou do amigo que comprou aquele brinquedo da moda? De acordo com uma pesquisa realizada pela GKF, empresa de pesquisa alemã presente em mais 100 países, das pessoas que vão presentear no Dia da Criança, 25% comprarão o que a criança pediu. E, segundo a percepção dos adultos, quando as crianças pedem algo específico é porque viu o produto na TV (46%) ou os amigos têm (42%).
Mas, se não é possível comprar um videogame de última geração, os pais podem experimentar um tabuleiro de xadrez para jogar com os filhos. A atenção e o carinho sempre funcionam, mas muitos pais tentam recompensar a ausência com presentes e mais presentes.
“Nem sempre o presente é o mais importante para a criança. A presença deve ser afetiva, não só física, pois muitos pais estão em casa, mas pedem para que os filhos não atrapalhem, pois estão vendo TV”, diz a psicóloga da PUC.
Birra
E como lidar com birra da criança por um brinquedo muito caro ou não é indicado para sua idade? Conversar, não tem outro jeito. “É necessário explicar e convencer a criança que o outro brinquedo é mais adequado, que aquele tão desejado pode machucá-la etc.”, diz Maria Angela Barbato Carneiro.
Se a birra continuar, é hora de colocar a vergonha de lado e deixar a criança chorar, se jogar no chão e gritar. Uma hora ela vai cansar e parar. O importante, segundo a psicóloga, é impor limites, não tem alternativa. “Se os pais derem o braço a torcer no primeiro choro e fizerem tudo que a criança quiser, a relação ficará insuportável. Além disso, não estarão contribuindo para a boa formação do filho”, afirma.
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