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Ross Lovegrove prega design sustentável no Casa Cor Stars

ESTEFANI MEDEIROS

Colaboração para o UOL

13/07/2010 07h30

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    O designer Ross Lovegrove posa com suas caixas de som de 2 metros, um de seus vários projetos. Para Lovegrove, o design deve mudar a vida das pessoas

Conhecido como “Captain Organic” e “a própria expressão estética do século 21”, quando o assunto é desenvolvimento de espaços e produtos, o designer galês Ross Lovegrove foi o convidado do Casa Cor Stars desse ano, projeto que traz designers e arquitetos renomados para compartilhar suas ideias.

Apresentado pelo presidente da Casa Cor, Ângelo Derenze, Lovegrove iniciou a apresentação falando porque não tinha um iPhone, mesmo já tendo trabalhado para a Apple. O designer menciona o dado de que 500 milhões de celulares ficam na gaveta dos americanos sem reutilização e que esse é o princípio de seus trabalhos, que ele considera um “design sem gordura” ou “essencialismo estético”. Ele explica os termos dizendo que busca criar projetos que usem somente o material necessário e que agreguem referências visuais de formas orgânicas ou humanas que causem o máximo efeito visual e o menor dano ao meio ambiente.

Processo criativo

Pluralidade é a palavra-chave dos trabalhos de Lovegrove. Para provar isso, o designer mostra seu estúdio subterrâneo de trabalho, situado em Londres, onde ele projetou uma escada em formato de DNA e mesas que lembram um trevo de quatro folhas. Ali ele expõe seus trabalhos premiados e também protótipos. Para Lovegrove, é importante criar olhando para outros de seus trabalhos. Dentre essas peças está a bicicleta feita de bambu que levou seis anos para ficar pronta e é um de seus grandes orgulhos. Outro produto mencionado pelo designer é a garrafa d’água inspirada no processo criativo de Da Vinci, um exercício de observação em que materializou o movimento de uma poça de água na garrafa.

Nesse momento, Lovegrove fala sobre seu processo criativo: “As pessoas se comprometem com a mediocridade e se acostumam a não explorar todo seu potencial. Eu não consigo trabalhar sabendo que estou abaixo do que posso fazer”. Ele continua dizendo que não era de família rica, não viajou o mundo e não se descobriu designer cedo, mesmo tendo um hábito de observação que hoje é crucial na elaboração de seus trabalhos.

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    Com linhas curvas e dinâmincas, a Go Chair, uma das criações recentes de Ross Lovegrove, parece estar em movimento. Anatomia e tecnologia são fontes de inspiração para o designer

Algumas ideias

Para exibir algumas de suas propostas, o designer explica que alguns projetos acabam não sendo viáveis por causa do custo e processo de decomposição dos materiais. Para ele, em um mundo perfeito, a matéria-prima seguiria um ciclo de vida próprio, dessa forma nasceria, seria usada e depois se dissolveria. Como isso ainda não pode acontecer, ele mostra alguns de seus trabalhos que prezam pela qualidade de vida: peças de banheiro feitas para uma empresa de Istambul, Turquia, que integram vaso e pia e até banheira e chuveiro para economizar água e espaço, e só são fabricadas na cor branca - o proprietário pode mudar a cor da porcelana com a iluminação do espaço. Outro projeto foram postes de luz públicos que reaproveitam energia solar e que ele acredita que em dez anos poderão se mexer como o processo de fotossíntese de uma planta, imitando seus fenômenos naturais. Além de uma cadeira pensada para aproveitar uma quantidade pequena de material e hoje é um de seus trabalhos referência. 

A última ideia apresentada pelo galês, e talvez a mais ousada, foi uma espécie de bolha portátil e sustentável que poderia livrar as pessoas de necessidade de adquirir um imóvel e pagar impostos para o governo. Além de espelhada, para poder aproveitar a paisagem, a bolha poderia ser colocada em qualquer espaço do mundo, desde uma montanha, até o Planalto Central e a Muralha da China.

Para encerrar a palestra, Lovegrove faz um lembrete e uma crítica: “Ser designer não é só criar uma peça bonita e funcional para decoração, essa profissão é uma coisa mais poderosa e pode não só facilitar: tem de mudar a vida das pessoas”.