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Para esportes, dia-a-dia ou coleção: Que tipo de tênis calça melhor o seu pé?

31/08/2009 17h43

O tênis, ao lado do jeans e da camiseta, é um dos itens do vestuário que se apresenta com maior diversidade de modelos, estilos e usos. Serve para competições esportivas, como no caso dos tênis de alta performance, ou simplesmente para trabalhar, sair e se divertir, no caso dos tênis casuais. Sua forte ligação com o universo hip hop acabou gerando ainda um espécie de culto a certos modelos de marcas tradicionais, conhecidos como "sneakers" (do inglês, tênis).

A partir destas três categorias, o Hora H resolveu correr atrás das novidades do setor esportivo, saber quais são os tênis mais bacanas para sair, e, por fim, descobrir a quantas anda o cultura sneaker no Brasil.



 

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Tênis modelo "cultura sneaker"

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Breve história do tênis
A história oficial diz que os calçados esportivos têm como seu ancestral mais distante as sandálias com tiras e solado de couro usadas pelos atletas que competiam em Olímpia, na Grécia Antiga. Porém, o tênis como conhecemos hoje começou a ser desenhado no século 19, quando o norte-americano Wait Webster fabricou as primeiras palmilhas de borracha.

Além de aumentar a adesão do sapato ao solo, o novo adereço diminuía significativamente o impacto causado pela prática esportiva. Entre 1860 e 1870, duas outras modificações alteraram o calçado esportivo: a invenção dos cadarços e da sapatilha. Originalmente desenvolvida para a prática do ciclismo, a sapatilha começou a ser adaptada a outros esportes.

Em 1890, a Reebook foi criada pela família do empresário Joseph William Foster e tornou-se a primeira empresa de calçados para esporte do mundo. No século 20, o aparato tecnológico da Primeira Guerra Mundial estabeleceu a criação de calçados impermeáveis feitos a partir de lona. O novo material propiciou maior conforto aos atletas e diminuiu o peso do tênis esportivo, antes fabricado em couro.

Uma história interessante sobre o tênis envolve duas marcas icônicas do setor, a Adidas e a Puma, que foi relatada em detalhes no livro "Invasão de Campo", da jornalista holandesa Barbara Smit.

Adolf e Rudolf Dassler eram irmãos que trabalhavam juntos na fábrica de sapatos do pai. Depois de uma briga (numa história recheada de intrigas, romance, traição e diferenças políticas), Adolf, decidiu criar sua própria empresa e pediu o registro de uma marca: Dadas. O nome foi rejeitado, pois já havia outra companhia que o utilizava.

Adolf, então, juntou seu apelido (Adi) e parte do sobrenome (Dassler) para criar a marca "Adidas". Rudolf fez algo bastante semelhante e criou a Ruda. Mas, por sugestão de amigos, registrou também outra marca: "Puma". Ainda hoje as fábricas da Adidas e da Puma ficam na pequena cidade de Herzogenaurach, centro-sul da Alemnha.

A competição entre Adi e Rudi era tão grande que praticamente dividiram a cidade em duas. Quem trabalhava numa fábrica, não podia nem casar com quem fosse empregado da outra. Enquanto brigavam, Adidas e Puma não perceberam a chegada de um novo concorrente vindo dos Estados Unidos, a Nike, que, a partir da década de 70 se tornaria líder mundial na venda de tênis. Rudolf morreu em 1974, e Adolf, em 1978. Os dois estão enterrados no cemitério de Herzogenaurach. Adivinhe? Em lados opostos do terreno.

Tênis de alta performance
As diferentes necessidades para a prática esportiva fez com que as indústrias do tênis do século 20 trabalhassem no processamento da borracha e no desenvolvimento de sapatilhas de corrida.

Até os anos 60, as opções para os atletas eram bem poucas, e, somente a partir da década seguinte, é que novos materiais e tecnologias começaram a a ser desenvolvidas para os calçados esportivos.

As grandes marcas partiram para a pesquisa de materiais sintéticos, mais leves e confortáveis que o couro, além do solado com sistema de amortecimento de impacto sofisticados como nos modelos Nike Air, Asics Gel ou Reebok DMX.

Hoje, este é um mercado altamente competitivo com cifras bilionárias e cada avanço pode significar um aumento de vendas, com ações promocionais que incluem patrocínio de atletas específicos, equipes e delegações interias de um país em competições olímpicas. Para se ter uma ideia, a Nike, marca líder do setor, tem faturamento anual de cerca de US$ 18 bilhões, seguida pela Adidas, que alcançou a marca de US$ 16 bilhões. Na terceira posição vem a Puma com US$ 3,6 bilhões, quase empatada com a Asics com seus US$ 3,2 bilhões e Reebok com US$ 3 bilhões.

Como escolher um tênis para prática esportiva
Quem entra numa loja especializada em tênis, pode ficar perdido entre tantos lançamentos e ofertas disponíveis. Para se orientar, a primeira coisa a perceber é que para cada tipo de esporte existe um tênis correspondente. Parece óbvio, mas não é. Muitos "atletas de final de semana" usam o mesmo calçado para correr ou jogar bola com os amigos. As consequências vão desde dores localizadas até lesões irreversíveis, de acordo com Maria Luíza Vieira, ex-atleta e formada em Educação Física pela USP.

Ela faz uma série de recomendações simples e práticas para a escolha de um tênis ideal:

A pessoa que pretende iniciar uma atividade física como a caminhada, por exemplo, não deve comprar tênis de manhã, porque na verdade, não vai ter a mesma resposta no que se refere ao conforto dos pés. De manhã o pé está totalmente descansado e relaxado, não é o que acontece no decorrer do dia. Essa alteração faz diferença e deve ser usada como parâmetro na hora de escolher um tênis confortável para caminhar.

A outra recomendação muito útil é comprar tênis sempre usando um par de tênis velhos nos pés, seu tênis antigo. Se você tiver algum tipo de problema de pisada, para dentro ou para fora, seu tênis velho terá o desgaste correspondente na sola. Os vendedores de lojas especializadas são treinados e capacitados para indicar um tênis adequado para cada tipo de pisada, com opções de preços que caibam no seu orçamento.

Na hora de experimentar o tênis, calce os dois pés e ande dentro da loja para sentir sua vestibilidade, flexibilidade e conforto. Se sentir dor, compressão ou desconforto nos pés ou nos dedos, procure outro modelo. Se forem dores persistentes, o mais aconselhado é procurar um médico ortopedista e realizar alguns exames.

Conhecer o formato do seu pé também ajudam a definir a escolha acertada na hora da compra. Há vários formatos de tênis (mais largos na parte lateral, largos na parte frontal, etc) que são indicados para cada tipo de pé. A melhor forma de verificar isso é testando o tênis na hora da compra andando e dando um ligeiro trote na própria loja.

O peso também influi na hora da escolha. "Tênis de corredores pesados tendem a durar menos. Desta forma, esses corredores devem procurar os mais duráveis da categoria indicada para o seu estilo de corrida (controle-de-movimento, estabilidade, amortecimento, etc). Se você é um corredor grande, prefira tênis com sola de poliuretano (mais pesado, porém mais resistente) em vez dos solados do tipo E.V.A.", explica Maria Luiza.



 

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Modelo de tênis casual

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Tênis casual
O tênis hoje é um objeto tão popular, que fica difícil imaginar que foi somente na década de 50 que saiu das quadras para as ruas, graças à explosão do rock'n'roll e figuras emblemáticas do cinema como James Dean.

Diferentemente dos tênis para práticas esportivas, que se caracterizam por inovações tecnológicas, os modelos casuais têm como característica principal sua relação com a moda e comportamento. As grandes marcas da moda perceberam que um grande contingente de jovens e pessoas querem se vestir de maneira mais confortável, e entraram de sola no mercado de tênis, tornando-se concorrentes ou estabelecendo parcerias com tradicionais fabricantes de calçados esportivos.

Um dos modelos mais bem sucedidos neste setor é o All Star, que começou a ser produzido em 1917, como uma tentativa da empresa Converse de padronizar os calçados para o basquete. Eles não foram populares até a década de 20, quando o jogador Chuck Taylor resolveu adotá-los como seu calçado preferido para o esporte.

Até hoje mais de 750 milhões de pares de All Star foram vendidos no mundo inteiro. Alguns gostam tanto do tênis que fazem coleção deles. Na década de 1950, ele se tornou popular entre os fãs de rockabilly. Depois, foi a vez dos punk rockers adotarem o tênis como uma referência até o fim da década de 70. Voltou à moda na década de 90, graças a Kurt Cobain, do Nirvana, e virou o tênis do grunge.

No cinema, ele foi eternizado em vários momentos como em "Harry Potter e a Ordem da Phoenix", Will Smith em "Eu, Robô", e mesmo no filme "Maria Antonieta" de Sofia Coppola, no qual um par vermelho aparece entre modelos de sapatos rococós.

Ele é considerado um clássico e todos os anos uma infinidade de modelos são lançados com novas cores e materiais. É um complemento considerado clássico para o jeans e a camiseta. Os mais modernos usam com terno e gravata fina preta, no melhor estilo rocker. Com a onda retrô, que tem tomado conta dos lançamentos de primavera/verão no Brasil, eles continuam em alta.

Aliás, esta onda tomou conta de outras marcas, e modelos vintage, inspirados nas décadas passadas, estão entre os mais cotados para a próxima estação. Uma característica comum entre eles é o solado baixo, os modelos iate sem cadarço, que foram hit na década de 80, além dos de cano alto, próprios da cultura "sneaker".

Cultura sneaker avança no Brasil
Edições de tênis de tiragem limitada, reedições de clássicos, customização, colecionadores e valores que podem alcançar facilmente quatro dígitos. Esses temas estão diretamente ligados à cultura sneaker, termo importado que não é consenso:

"Não gosto de associar rótulos, como usar o termo 'cultura sneaker', gosto sim de falar de paixão por um ícone de cultura jovem ao longo dos anos, assim como o jeans e camiseta, essa santíssima trindade", brinca Cristian Resende, da Cartel 01, consultoria especializada em universo jovem e cultura urbana.

O nascimento da cultura sneaker está intimamente ligada ao movimento hip hop, que tem suas raízes no lado sul do Bronx, em Nova York. Todo universo da cultura negra que incluía música, dança, grafite e basquete, influenciou diretamente a cultura pop depois da década de 70. Os agasalhos e tênis de marcas como Adidas e Nike foram usados em larga escala pelos MCs, DJs e bandas do movimento e se tornaram referencia estética para o mundo da moda.

Atualmente, mesmo com ligações muito fortes com a cultura de rua, podemos dizer que o número de jovens ligados ao universo sneaker é bem maior, além do seu poder aquisitivo ser bem mais alto do que no começo do movimento.

Ricardo Nunes, criador do SneakersBR, site brasileiro referência da área, fala sobre a relação entre o desejo e o consumo de tênis de edições limitadas:

"Os tênis saem em tiragem bem pequena (por exemplo, 300 pares para o mundo inteiro), distribuída em lojas-chave nos principais países. Por conta dessa escassez, a Internet é ferramenta fundamental no processo de divulgação e aquisição desses tênis. Os sites de leilões e fóruns funcionam como ponto de encontro entre os que querem comprar ou vender suas 'preciosidades'", conta Nunes.

Fora do mundo virtual, "tem gente que faz fila na porta das lojas até quatro dias antes do lançamento oficial!", ele garante. "Há os que compram para calçar e colecionar, e há os que compram para revender e fazer dinheiro. Poucas horas depois de esgotados (geralmente no mesmo dia do lançamento), os modelos comprados por US$ 150 a US$ 200 já estão valendo quatro ou cinco vezes mais caros".



 

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Modelo de tênis de alta performance

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Tendencias para "sneakermaníacos"
Nunes explica que nos dois últimos anos no Brasil houve uma procura muito grande pelos "hi-tops" (os modelos de cano alto) e o Nike Dunk teve um inegável destaque neste processo. "Do final de 2008 pra cá, os 'retro runners', tênis originalmente desenvolvidos para corrida nas décadas de 70, 80 e 90, têm conquistado um espaço muito bacana, com as pessoas relembrando seus tempos de infância e adolescência, e redescobrindo os modelos que usavam, por exemplo, para ir ao colégio". Além disso, ele aposta, "brasileiro gosta muito de modelos coloridos".

Já para Cristian Resende, existem duas fortes tendências. A primeira é de retorno ao básico, que representa uma busca pela simplicidade tanto em termos de design clássico, quanto em materiais legítimos, com destaque para marcas que têm história.

A segunda é uma tendência "híbrida", de misturar alta tecnologia com design de ponta, ou seja, o uso de modelos que eram voltados somente para a prática de esportes, com pesquisa tecnológica.

Para ele, essa tendência ainda é fraca no Brasil. "A própria Nike sofre com isso quando traz os modelos da linha 'Considered', que na minha opinião, é uma das melhores, mas que acabam não tendo boa aceitação nos pontos de venda. Um outro exemplo, seriam os modelos da marca japonesa Visvim (criador dos 'boat sneaker shoes'), que importamos para a Doc Dog e apenas quem realmente curte conhece".