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Pela primeira vez, papa nomeia mulher para a Secretaria de Estado

O papa Francisco - Alberto PIZZOLI / AFP
O papa Francisco Imagem: Alberto PIZZOLI / AFP

Cidade do Vaticano

16/01/2020 09h26

O papa Francisco nomeou ontem a italiana Francesca Di Giovanni como nova subsecretária da Seção para as Relações com os Estados, o que representa o maior cargo já ocupado por uma mulher na Secretaria de Estado.

Como toda nomeação de uma mulher para um alto cargo no organograma do Vaticano, a mídia local tem destacado a importância e tem dedicado um espaço importante à notícia devido à escassez de presença feminina.

Di Giovanni, que trabalha na Secretaria de Estado há quase 27 anos, nasceu em Palermo, em 1953, e é licenciada em Direito.

Na Seção para as Relações com os Estados, ela está encarregada do âmbito multilateral, especialmente nas áreas de migrantes e refugiados, direito humanitário internacional, comunicações, direito internacional privado, estatuto da mulher, propriedade intelectual e turismo, informou a Santa Sé.

A partir de hoje, a Seção para as Relações com os Estados terá dois subsecretários, e Di Giovanni trabalhará ao lado de Miroslaw Wachowski.

"Esta é a primeira vez que uma mulher tem um papel de liderança na Secretaria de Estado. O Santo Padre tomou uma decisão inovadora, certamente, que, para além da minha pessoa, representa um sinal de atenção às mulheres. Mas a responsabilidade está ligada à tarefa, mais do que ao fato de ser uma mulher", disse a advogada.

Di Giovanni destacou a importância da criação de um subsecretário para o setor multilateral "porque ele tem modalidades próprias, em parte diferentes das da esfera bilateral".

Na última edição do suplemento mensal "Donna, Chiesa, Mondo" ("Mulher, Igreja, Mundo", em tradução livre) do jornal vaticano "Osservatore Romano", foi noticiado que cerca de 950 mulheres trabalham no Vaticano, mas que embora tenham o mesmo salário que os homens, poucas ocupam cargos de responsabilidade e de alto nível de gestão.

"E, como em muitas sociedades, mesmo no Vaticano, as mulheres são por vezes vistas, pelos homens e também por outras mulheres como pessoas de menor valor intelectual e profissional, sempre disponíveis para o serviço, sempre dóceis aos superiores. É, portanto, urgente promover a autoestima e melhorar a presença feminina também no Vaticano. Para apoiar esta urgência, as palavras do papa", escreveram Romilda Ferrauto e Adriana Masotti, juntamente com outras nove mulheres da Associação de Mulheres do Vaticano.

Segundo elas, é urgente "derrubar o muro da desigualdade entre mulheres e homens na Igreja" e "desenvolver o conceito de reciprocidade para superar a subordinação, promover a corresponsabilidade e caminhar juntos".