Sim, tem preço: aluguel de "mãe" custa US$ 40 por hora em NY
Nova York, 14 nov (EFE) - Em uma cidade onde tudo parece ter preço, uma mulher de 63 anos e com dois filhos adultos decidiu tirar proveito de sua experiência pessoal e profissional para iniciar um curioso negócio: por US$ 40 a hora, ela aluga a si mesma como mãe e assume missões como dar conselhos, ajudar a cozinhar e a comprar presentes.
"Sou uma pessoa que pode te ouvir enquanto tomamos um café e que pode te aconselhar sem que acabemos discutindo por causa de problemas do passado", afirmou a "mãe de aluguel", Nina Keneally, que vive no Brooklyn, em Nova York, em entrevista à Agência Efe. "Às vezes, você precisa de uma mãe, só que não a sua própria", acrescentou, aos risos.
Embora a sempre sorridente Nina pareça disposta a ajudar em tudo e ser tão paciente como se tivesse dado à luz a seus filhos-clientes, ela deixa claro quais são seus limites.
"Não sou quem você está procurando se quiser que limpe o banheiro ou lave a louça. Isso quem tem que fazer é você, é o que sua mãe te diria", afirmou. A maioria de quem contrata o serviço é de jovens americanos na faixa entre 20 e 39 anos e cujas mães verdadeiras vivem do outro lado do país.
Perguntada se seus próprios filhos, de 27 e 30 anos, não sentem inveja de que desconhecidos possam desfrutar da mesma torta que ela lhes fazia em seu aniversário, Nina explica que isso não tira o sono deles e que, de fato, ela sempre gostou de ajudar os amigos de ambos.
Apesar de explorar as habilidades mais tradicionais da mulher com seu negócio "I Need a Mom" ("Preciso de uma Mãe", em tradução livre), esta empreendedora nascida no estado de Connecticut se dedicou a quase tudo na vida. Em seu amplo currículo estão incluídas experiências como funcionária da Seguridade Social para o Estado da Pensilvânia, assim como produtora teatral (mundo no qual seu marido continua envolvido e que lhe valeu inclusive um prêmio Tony) e conselheira em uma clínica de reabilitação de álcool e drogas. "E enquanto fazia tudo isso, certamente tinha que levar as crianças ao futebol, organizar jantares em casa, costurar fantasias de Halloween e controlar a medicação dos meus filhos", contou.
Sobre se acredita que poderia existir o negócio de "pai de aluguel", Keneally diz não ver nenhuma razão para que não. "Não me parece uma má ideia, deve haver um homem com essa paciência", acrescentou.
A mãe que se aluga por horas também refletiu sobre a oportunidade que oferece para este tipo de serviço uma cidade como Nova York, que segundo ela "pode ser realmente difícil e solitária". Seu bairro, Bushwick, luta há anos para se transformar em um lugar da moda no Brooklyn, como Williamsburg, que tem uma população de jovens "hipsters" com barba e roupas mais próprias de seus avós, um público potencial para seu negócio.
Ateia e adepta da ioga, Nina diz que sua religião é "o riso" e cita o teatrólogo Samuel Beckett, "que disse algo como que a vida é um inferno e o melhor que podemos fazer é ser bons uns com os outros", disse. "O bom julgamento vem com a experiência, e a experiência vem depois do mau julgamento", concluiu ela, com este conselho gratuito.
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