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Alcoolismo de Galliano preocupava Dior antes do incidente antissemita

O estilista John Galliano após desfile de alta-costura da Christian Dior para o Verão 2010 - Getty Images
O estilista John Galliano após desfile de alta-costura da Christian Dior para o Verão 2010 Imagem: Getty Images

13/05/2011 10h44

Paris, 13 mai (EFE).- A casa de alta costura Christian Dior já havia demonstrado preocupação com os "graves incidentes ligados ao alcoolismo" do estilista John Galliano antes do episódio antissemita e racista de que foi acusado em um bar de Paris, motivo pelo qual foi demitido, revela nesta sexta-feira o francês "Le Parisien".


Conforme mensagem interna da casa de moda consultada por essa publicação e com data de 28 de dezembro - antes de 24 de fevereiro, dia em que foi detido pela Polícia embriagado em um bar acusado de proferir ofensas antissemitas - na Christian Dior haviam alertado sobre os problemas do estilista e de sua suposta falta de profissionalismo.

Na nota, da qual "Le Parisien" publica extratos sem citar remetente ou destinatário, a partir da Christian Dior alguém diz que a casa estava "há anos, regularmente informada dos graves incidentes ligados ao alcoolismo de Galliano".

No mesmo documento, comentários indicavam que o estilista não respeitava suas obrigações profissionais e cita como exemplo ausências de Galliano em várias reuniões com o maior acionista da Christian Dior, Bernard Arnault, e que havia faltado sem justificativa aos ensaios do desfile que a marca tinha programado para o dia 24 de fevereiro.

"A situação já não é tolerável porque suas ausências imprevistas e injustificadas prejudicam o funcionamento das empresas Dior e Galliano. Em consequência, a continuidade de Galliano não poderá ser tolerada com esse tipo de incertezas sobre sua aptidão para completar sua missão", acrescenta o texto.

Em outra nota, assinada por "um alto responsável do grupo" e com data de 16 de dezembro, destaque para a conduta do costureiro considera "insuportável e inaceitável para as equipes que trabalham com ele".

"O que esta em jogo em nível financeiro e humano é importante demais", agregava a carta que circulou na cúpula da Christian Dior.

As informações apareceram no dia seguinte ao tornar-se público que Galliano seria julgado por injúrias racistas em 22 de junho, delito para o qual a pena máxima prevê até seis meses de prisão e multa de até 22,5 mil euros (US$ 33.330).

Em fevereiro, o costureiro fez supostamente insultos antissemitas e racistas a um casal sentado junto dele em bar num bairro central da capital francesa, de onde a Polícia o levou detido.

Por causa dessa denúncia, o jornal britânico "The Sun" postou na internet um vídeo amador no qual era possível ver o costureiro, aparentemente bêbado, elogiando Hitler.

Imediatamente depois, Dior afastou o costureiro do trabalho, tomou distância de seu comportamento e dias mais tarde o demitiu.

Em 2 de março, a Promotoria de Paris o acusou de "injúrias públicas contra pessoas por sua origem, por pertencer ou não a uma religião, raça ou etnia, proferidas contra três vítimas identificadas".

Um mês depois John Galliano foi demitido da companhia que leva seu próprio nome, por decisão do conselho de administração da empresa.