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Mulheres chinesas estimulam setor global de fertilização

Fertilização in vitro é um dos serviços buscados pelas chinesas - iStock
Fertilização in vitro é um dos serviços buscados pelas chinesas Imagem: iStock

Da Bloomberg

17/09/2018 17h24

Para as empresas que ajudam as mulheres a engravidar, a China é um mercado crescente. As mulheres chinesas estão estimulando o "turismo da fertilidade", um setor que se estende do Sudeste Asiático ao sul da Califórnia oferecendo fertilização in vitro, congelamento de óvulos e outros serviços que muitas vezes não estão disponíveis ou não são confiáveis no país.

Agora, as clínicas chinesas estão tentando manter uma parcela maior desses gastos no país. O governo suspendeu a política do filho único e passou a encorajar os casais a terem mais filhos, e o mercado de serviços de fertilidade dentro da China chegará a US$ 1,5 bilhão em 2022, mais do que o dobro dos US$ 670 milhões gerados em 2016, segundo a BIS Research.

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As empresas de investimento perceberam isso. A Warburg Pincus tornou-se em setembro a segunda maior acionista da Sichuan Jinxin Fertility, anunciou a companhia de reprodução assistida em um comunicado no dia 12 de setembro. Entre os outros investidores estão a Sequoia China e a CNCB Hong Kong Investment, uma unidade do China Citic Bank.

O conglomerado estatal Citic Group controla um dos maiores centros de fertilidade da China, o Citic-Xiangya Reproductive & Genetic Hospital, que soma mais de 40.000 casos de reprodução assistida por ano.

A Orient Shiqi, uma afiliada da estatal China Orient Asset Management, investiu recentemente na operadora de serviços de fertilidade Jinqi (Shanghai) Medical Investment, de acordo com um comunicado no site da Jinqi.

"A China é uma sociedade que valoriza os filhos", disse Li Yang, gerente do departamento de saúde reprodutiva do Beijing AmCare Women's & Children's Hospital, operadora de 10 hospitais e clínicas financiada pela Warburg Pincus que começou a fornecer serviços de fertilização in vitro há dois anos, quando a China eliminou sua política de filho único. "As pessoas acham que ter filhos é essencial", disse Li.

Limitações da China

Por enquanto, as empresas de fora da China têm uma vantagem porque o país tem uma escassez de centros de fertilidade e embriologistas. Além disso, o governo limita muitos serviços de fertilidade a casais heterossexuais casados ou a mulheres com câncer de ovário, o que obriga mulheres solteiras e casais não casados a buscar ajuda no exterior.

Para competir melhor no ramo da fertilidade, a AmCare fez sua primeira aquisição no exterior no ano passado, quando comprou uma clínica em Washington, D.C., por uma quantia não revelada. Agora, a AmCare pode oferecer serviços preliminares na China, o que possibilita que as clientes passem apenas alguns dias nos EUA para a coleta de óvulos, as transferências de embriões e outros procedimentos realizados na clínica.

O fim da limitação imposta pela China ao tamanho da família poderia encorajar mulheres mais velhas que têm um ou dois filhos a tentar outro, proporcionando um novo impulso ao setor do turismo da fertilidade. As pacientes chinesas gastaram 7,4 bilhões de yuans (US$ 1,1 bilhão) em tratamentos de fertilidade fora do país em 2016, segundo o Instituto de Pesquisa da Indústria de Qianzhan.

A China teve mais de 40 milhões de pacientes com problemas de fertilidade em 2016, de acordo com estatísticas da Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar da China.