Sonho de diversidade em Hollywood enfrenta obstáculos
De vez em quando algum papel pequeno em Hollywood ganha uma fama súbita. E depois, com a mesma rapidez, volta às sombras. Os fãs da mais recente celebridade instantânea de Hollywood, a cláusula de inclusão, esperam poder contrariar essa tendência e assumir um papel protagonista no cinema e na TV nos próximos anos.
No início de março, depois de ganhar o Oscar de melhor atriz, Frances McDormand subiu ao palco do Dolby Theatre e surpreendeu ao aclamar a cláusula de inclusão — uma cláusula contratual relativamente nova, segundo a qual os atores principais podem exigir certos níveis de diversidade no elenco e na equipe de um filme.
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Stacy Smith, diretora da Inciativa de Inclusão Annenberg na Universidade do Sul da Califórnia, elaborou a ideia em 2014, convencida de que a adoção generalizada da inclusão aumentaria drasticamente o número de papéis de mulheres, negros, pessoas com deficiências e pessoas LGBTQ.
"Se as três principais agências fizessem isso, Hollywood literalmente mudaria em um curto período de tempo", disse Smith em uma entrevista.
Depois da menção de McDormand diante de 26,5 milhões de telespectadores, as cláusulas de inclusão vêm conquistando um apoio expressivo na comunidade de atores. Ao mesmo tempo, quem está na linha de frente das negociações de contratos de Hollywood questionam sua viabilidade. Até o momento, os diretores dos estúdios de Hollywood permaneceram praticamente calados.
Atores comprometidos
Nada disso diminuiu o crescente entusiasmo dos seguidores da tendência.
Em 5 de março, a atriz Brie Larson escreveu no Twitter que está "comprometida" com a cláusula de inclusão e incentivou a que outras pessoas se juntassem a ela. Entre seus projetos está o papel principal em "Capitã Marvel", um filme de super-herói de grande orçamento que será lançado pela Walt Disney.
O sindicato que representa cerca de 160.000 atores de cinema e televisão, jornalistas e personalidades do rádio também expressou apoio.
Na prática, porém, as cláusulas de inclusão podem enfrentar obstáculos comerciais e legais. E elas não abordam a desigualdade salarial, como a remuneração menor de Claire Foy na série "The Crown", da Netflix, em comparação com a do também ator principal Matt Smith.
Evitar cotas
Anthony Oncidi, que dirige o grupo de direito do trabalho e emprego no escritório de Los Angeles da Proskauer Rose, diz que embora os cineastas possam estabelecer metas para diversificar seus elencos, a adoção de cotas pode contrariar as leis que proíbem a discriminação no emprego por empregadores privados.
"Os representantes não querem ter que dizer à sua estrela que algo que pediram foi recusado", disse Ellie Altshuler, advogada de entretenimento da Nixon Peabody, remarcando que apenas "uma pequena porcentagem de estrelas tem esse poder de negociação. São as pessoas que podem ter luz verde para um filme simplesmente vinculando seu nome a ele, os Brad Pitts e Angelina Jolies do mundo."
Até o momento, nenhum dos seis maiores estúdios de Hollywood apoiou ou se opôs ao uso de cláusulas de inclusão. Ivy Kagan Bierman, sócia da Loeb & Loeb, disse que os empregadores serão cuidadosos para não aceitar cláusulas que possam levar a consequências financeiras por descumprimento.
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