'Embaixador do deixa disso' usa redes sociais para amenizar polarização
Cansado de encontrar um mar de declarações raivosas sobre política sempre que acessava o Facebook, o artista plástico paulista Luciano Costa, 54, resolveu tomar uma atitude.
Nos últimos meses, ele passou a fazer o papel de “deixa disso” e publicar mensagens que pregam a paz, a reflexão e o respeito em sua página pessoal na rede social.
“Os discursos de ódio foram difundidos em grande escala recentemente e isso trouxe muita energia negativa. Quero mostrar que precisamos tirar um tempo para fazer o contrário e relaxar, buscar o equilíbrio para que tudo se resolva bem”, afirmou o artista.
Em seus posts diários, ele cita filósofos, trechos de músicas e compartilha reportagens que não tratam de política. Duas delas são do jornalista Leonardo Sakamoto (alinhado à esquerda): “30 dicas para sobreviver às semanas da discussão do impeachment” e “Cinco dicas para sobreviver à crise brasileira sem surtar”.
“Que a paz que vem de dentro possa desarmar a tempestade que vem de fora”, diz uma das frases postadas por ele. Em outra publicação, o artista recomenda uma coletânea de músicas relaxantes, com mais de uma hora, tocadas em piano.
“Faço isso porque é uma maneira de levar equilíbrio para esse meio onde o debate político está muito acalorado. Eu tenho amigos que postam matérias o tempo inteiro. Algumas vezes eu até curto algumas, mas não comento nada. Tento fazer um papel neutro, para manter uma postura pública”, afirmou Costa.
Fuga do impeachment
Costa, porém, ressalta que é favorável ao impeachment de Dilma Rousseff e diz, inclusive, que já foi a protestos contra a presidente. Neste domingo, porém, ele estará longe das ruas e da cobertura televisiva do embate político.
O artista trocou o calor da polarização para participar de uma oficina de mosaico marroquino.
“Tudo o que eu precisava era dessa energia boa. Confesso que vou pensar nas ruas, claro, mas estarei num ambiente gostoso, no meio de cores e ao lado de pessoas com o mesmo interesse e isso vai me tranquilizar. Prefiro dedicar meu tempo à arte porque ela é a base da minha vida e faz o que nenhum governo fez por mim”, relata.
Mesmo com a fama de neutralizador, Costa não hesita em conversar sobre política. “Fugir de discursos políticos num momento como este que vivemos seria uma covardia, mas eu contorno para evitar esses embates de ódio”, disse.
Ele diz que fazer o curso de mosaico “é o mesmo que ir a uma igreja orar para pedir que tudo se resolva bem”.
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