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No RJ, "casa do futuro" de R$ 5 mi terá chão que produz energia

Resultado de um financiamento coletivo, projeto da "casa do futuro" custa R$ 5 mi - Divulgação
Resultado de um financiamento coletivo, projeto da "casa do futuro" custa R$ 5 mi Imagem: Divulgação

Guilherme Aquino

De Milão para a BBC Brasil

14/09/2015 11h44

É a chamada casa do futuro: terá chão cinético, capaz de transformar os passos em luz. Será autossuficiente em energia elétrica e no abastecimento de água, com uso de chuva recolhida e filtrada. Os ambientes serão climatizados naturalmente, sem ar-condicionado. E ela será construída com pré-moldados e não terá materiais químicos.

A proposta deve ser construída em Niterói, no Rio de Janeiro, às margens da Baía de Guanabara, em uma praça pública. O projeto completo custará R$ 5 milhões e é resultado de um "crowdsourcing", financiamento coletivo pela internet, implantado pela empresa Enel Brasil, filial da gigante energética italiana.
Projeto foi lançado há seis meses e 4 mil ideias feitas pela web foram selecionadas - Divulgação - Divulgação
Projeto foi lançado há seis meses e 4 mil ideias feitas pela web foram selecionadas
Imagem: Divulgação
O objetivo do experimento é colher informações sobre como as pessoas imaginam a vida doméstica no futuro. A residência faz parte do projeto N.O.V.A (Nós Vivemos o Amanhã) e foi a primeira a receber um dos mais importantes certificados ambientais na América do Sul, o Living Building Challenge.
 
"Se trata de uma experiência inédita, tecnológica, sim, mas, principalmente, sociológica, no campo do comportamento e dos desejos. Algumas soluções, como a fonte de energia solar, forneceremos nós mesmos, outras iremos buscar nas 'start-ups' envolvidas", disse à BBC Brasil o presidente da Enel Brasil, Marcelo Liévenes, durante a apresentação do projeto em Milão.
 
A construção integra o programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As obras começarão em novembro e a conclusão está prevista para antes dos Jogos Olímpicos, em agosto de 2016.
 
Pesquisadores querem saber as mudanças de hábitos dos moradores - Divulgação - Divulgação
Pesquisadores querem saber as mudanças de hábitos de consumo dos moradores
Imagem: Divulgação
"Usaremos antigas técnicas de arquitetura brasileira com mais de 500 anos, como a ventilação cruzada e a fonte geotérmica, pois escavando cerca de 20 metros conseguimos climatizar os ambientes naturalmente, substituindo o ar-condicionado. Temos ainda ensinamentos modernistas, com a paisagem entrando na residência", afirma o arquiteto responsável pelo projeto, Arthur Casas.
 
Como será?
 
A construção medirá 375 m² e será feita num terreno com 1.000 m². As águas 'cinzas' (esgoto) serão recicladas, assim como os dejetos e o lixo orgânico. Vidraças inteligentes dispensarão a limpeza e irão alterar transparência em função da luminosidade externa. O pavimento da casa, previsto em concreto modulado, é facilmente retirado e substituído e conterá as tubulações e fiações, já a quadra de esportes terá piso cinético, capaz de produzir energia para iluminar o campo.
 
Monitores ligados à internet informarão consumo de luz, água e gás e dados de saúde dos moradores - Divulgação - Divulgação
Monitores informarão consumo de luz, água e gás e dados de saúde dos moradores
Imagem: Divulgação
O projeto prevê a dispensa de eletricidade durante o dia e monitores ligados à internet informarão o consumo de luz, água e gás em tempo real, além de dados sobre a saúde dos moradores que serão escolhidos em um concurso via internet. A família testará as novas tecnologias e pesquisadores avaliarão as mudanças de ritmo e hábitos no consumo e em quanto tempo essas alterações ocorrerão.
 
O comportamento dos habitantes será acompanhado por fluxo de informações: "Queremos saber como as pessoas irão morar ali, como irão se adaptar às novidades. Isso é o que importa porque o futuro tecnológico é já obsoleto", resume Liévenes. A casa terá, ainda, um espaço para hóspedes, que pagarão pela estadia, como em um "bed & breakfast" ou "airbnb".