Se na vida real não é possível voltar no tempo, uma pesquisa que possibilitava essa viagem em um ambiente de realidade virtual descobriu que a experiência pode até ajudar a superar traumas. Divulgado na publicação científica Fronteiras da Psicologia, o estudo avaliou 32 participantes que presenciaram, em realidade virtual, um homem abrir fogo dentro de uma galeria de arte e matar cinco pessoas.
No teste, o participante aprendia a controlar um elevador, e sem saber, deixava o assassino subir ao piso superior, onde estavam as vítimas. Metade dos participantes voltava no tempo para reviver os acontecimentos, mas na segunda vez se deparavam com um dilema moral: não fazer nada e ver cinco pessoas morrerem ou intervir e salvá-las, condenando apenas uma pessoa à morte.$escape.getHash()uolbr_quizEmbed('http://mulher.uol.com.br/comportamento/quiz/2014/05/10/voce-e-otimista-pessimista-ou-realista.htm')
Como era esperado, a maioria das cobaias resolveu intervir e não deixar o assassino subir. No mundo virtual, as pessoas podiam se deslocar e conversar livremente, de forma semelhante à vida real. O mais interessante, segundo os pesquisadores, foi o impacto emocional que a experiência virtual teve sobre os participantes. A maioria teve menos sentimentos de culpa e remorso após "voltar no tempo" e salvar mais vidas. "Quanto mais eles sentiam a ilusão, maior o senso de sua própria moral", explica o co-autor Mel Slater, da Icrea (Instituto Catalão de Pesquisa) e da University College London.
Mundo virtual, experiência vívida
"Na realidade virtual, o sistema mais superficial de percepção do cérebro não distingue entre o mundo virtual e o real. E o cérebro considera verdadeiro o que vê e ouve no ambiente", afirma Slater. Por isso, a equipe aponta que viagens virtuais no tempo podem ajudar a superar transtornos de estresse pós-traumático ou mesmo reavaliar decisões ruins que tenham sido tomadas anteriormente.
Segundo as leis da física, é claro, a viagem no tempo é algo impossível. Mas o principal autor do estudo, Friedman Doron, da Faculdade Ofer de Comunicações, em Israel, disse que a sua equipe chegou o mais perto possível de torná-la possível. "A realidade virtual imersiva é muito visceral. As pessoas se escondem atrás da mesa quando levam um tiro. É o mais próximo que podemos chegar a uma viagem no tempo, até que os físicos façam o seu trabalho e inventem uma verdadeira máquina do tempo”, diz.
O físico Robert Nemiroff, da Universidade de Tecnologia de Michigan, nos Estados Unidos, afirmou que o trabalho é interessante, embora ache isso estranho, já que "a capacidade de mudar o passado não é algo provável de acontecer". "Se alguma versão da ‘terapia de viagem no tempo’ pode ajudar as pessoas a tomar melhores decisões no futuro e a entender melhor suas decisões ruins, apoio a ideia”, diz. Mas Nemiroff alerta que essa ilusão de mudar o passado pode ter "repercussões negativas" que não foram examinadas.
Para o pesquisador James Broadway, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, as pessoas há tempos fantasiam em voltar no tempo. “É comum ouvirmos pessoas dizerem: ‘Se naquela época eu soubesse o que seu hoje’. E, apesar de obviamente ser impossível mudar ações do passado, os resultados desse estudo sugerem que essa técnica poderia ser usada para promover uma maior aceitação dos erros no passado, assim como uma melhor capacidade de tomar decisões no futuro”, pondera.
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