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Hominídeo pré-histórico tinha 'harém', mostra estudo

30/11/2007 11h36

Um 'parente' pré-histórico do homem moderno, o Paranthropus robustus, que viveu há cerca de dois milhões de anos, mantinha "haréns", em que um macho dominante controlava um grupo de fêmeas, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira pela revista Science.

O hominídeo - que tem um antepassado comum com o homem moderno, mas acabou evoluindo por um caminho evolucionário que terminou em extinção - também apresentava diferença de tamanho entre os machos e fêmeas, com os machos continuando a crescer por muito mais tempo do que as fêmeas.

Segundo os autores do estudo, a diferença de tamanho entre machos e fêmeas dá as pistas sobre o comportamento sexual da espécie - essa diferença, conhecida como dimorfismo sexual, é associada no reino animal a uma estrutura em que um macho dominante rege um grupo de fêmeas, enquanto os machos menores, ainda não totalmente desenvolvidos, têm menos chances de se reproduzir.

O estudo partiu da análise dos fósseis de 35 crânios, encontrados na África do Sul. A maioria deles era de machos, e os hominídeos provavelmente foram mortos por predadores, como leões e hienas.

"Esta é a principal pista (sobre o comportamento sexual da espécie), porque nos mostra que os machos sofriam maior risco de morrer pela ação de predadores" ", disse Charles Lockwood, da University College of London, que liderou a pesquisa.

Pistas
Segundo os cientistas, este alto risco é visto em grupos onde um macho dominante acaba com a competição de outros machos.

"Quando examinamos os fósseis de 1,5 a 2 milhões de anos atrás, nós descobrimos que em um de nossos parentes próximos, os machos continuavam a crescer até a idade adulta, como os gorilas", disse Lockwood.

"Isso resultou em uma diferença de tamanho entre machos e fêmeas muito maior do que a gente vê hoje. É senso comum que os meninos amadurecem mais tarde do que as meninas, mas nos humanos essa diferença é bem menos marcada do que em alguns primatas". Os machos continuavam a crescer até depois que fêmeas da mesma idade já estavam se reproduzindo.

"Nossa pesquisa nos faz pensar que, nessa espécie, um macho mais velho era, provavelmente, o dominante em um bando de fêmeas. Essa situação era arriscada para os machos, e eles sofreram mais com os predadores por conta dessa estrutura social e padrão de crescimento."

Os cientistas acreditam que os machos jovens, ainda não maduros o suficiente para dominar seu próprio bando de fêmeas, vagavam sozinhos ou em pequenos grupos, estando mais expostos aos predadores.

"Basicamente, os machos tinham um estilo de vida de alto risco. Eles provavelmente deixavam seus grupos de nascimento quando alcançavam a maturidade, mas esperavam um bom tempo até ser maduros o suficiente para atrair fêmeas e estabelecer um novo grupo. Alguns eram mortos por predadores antes de conseguir isso."