Livro revela que Paulo VI vetou encíclica pró-pílula
Um livro que será lançado em breve na Itália revela que o papa Paulo VI, líder da Igreja Católica entre 1963 e 1978, vetou uma encíclica que defendia o uso de métodos contraceptivos.
Giovanni Battista Montini era um crítico notório da pílula anticoncepcional, mas o volume escrito pelo padre e professor de teologia italiano Gilfredo Marengo, com base em documentos dos Arquivos da Santa Sé, mostra detalhes da oposição de Paulo VI à contracepção.
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Chamado "La nascita di un'enciclica" ("O nascimento de uma encíclica", em tradução livre), o livro é um estudo sobre a última encíclica de Montini, a "Humanae vitae", publicada em 25 de julho de 1968.
O documento, que completa 50 anos neste mês, abordou a postura da Igreja em relação ao aborto e proibiu para os fiéis a contracepção por meios artificiais. No entanto, antes disso, uma comissão de teólogos e especialistas chamados para ajudar na elaboração do texto propôs uma encíclica chamada "De nascendae prolis".
Aquele documento dizia que, "uma vez reconhecido o valor em si do exercício responsável da paternidade, não era razoável fazer coincidir com esse juízo a obrigação de os casais usarem apenas métodos naturais". Segundo o texto, a "pílula inibitória" devia ser considerada um meio através do qual o objetivo de evitar uma nova concepção era alcançado respeitando as exigências do amor conjugal e da dignidade do cônjuge".
Mas aquela encíclica nunca viu a luz e ficou escondida nos arquivos secretos do Vaticano por cinco décadas, já que foi vetada por Paulo VI, que achava ser mais "tranquilizador" manter um "arranjo tradicional".
Para fazer a pesquisa para o livro, Marengo, que é coordenador de uma comissão sobre a "Humanae vitae" nomeada por Francisco, recebeu do Papa uma rara autorização para acessar os arquivos da Santa Sé, que normalmente só podem ser visualizados após 70 anos da publicação dos documentos.
Paulo VI, já beato, teve um milagre reconhecido pela Igreja e será canonizado em 14 de outubro. A intercessão em questão teria ocorrido em dezembro de 2014, no nascimento de Amanda, menina italiana que veio ao mundo após apenas 26 semanas de gravidez, algo em torno de seis meses e meio.
Segundo a Igreja, a placenta da mãe se rompeu com 13 semanas de gestação, e os médicos a aconselharam a interromper a gravidez, que poderia provocar danos à sua própria saúde. No entanto, ela ouviu a sugestão de uma amiga e rezou no Santuário das Graças de Brescia, lugar de devoção a Montini. A menina nasceu saudável.
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