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Autoridades talibãs querem que menos mulheres dirijam

Mulheres afegãs seguram cartazes durante um protesto pelos direitos das mulheres em Cabul em 21 de outubro de 2021. Talibã reprimiu violentamente a cobertura da mídia - BULENT KILIC / AFP
Mulheres afegãs seguram cartazes durante um protesto pelos direitos das mulheres em Cabul em 21 de outubro de 2021. Talibã reprimiu violentamente a cobertura da mídia Imagem: BULENT KILIC / AFP

03/05/2022 10h38

Autoridades talibãs em Herat, considerada a cidade mais progressista do Afeganistão, pediram aos instrutores de autoescola que não emitam licenças para as mulheres, disseram profissionais do setor à AFP.

"Recebemos, verbalmente, a instrução para não emitir mais carteiras de motorista para mulheres, mas não recebemos a instrução de impedir que as mulheres dirijam na cidade", relatou Jan Agha Achakzai, diretor do Instituto de Gestão de Tráfego de Herat, órgão que supervisiona as autoescolas.

O Afeganistão é um país profundamente conservador e patriarcal, mas não é incomum ver mulheres dirigindo nas grandes cidades, particularmente em Herat, no noroeste.

De acordo com o diretor do departamento provincial de Informação e Cultura, Naim al-Haq Haqqani, nenhuma ordem oficial foi dada.

Os talibãs têm evitado emitir decretos nacionais escritos, deixando às autoridades locais a escolha de publicarem suas próprias normas, às vezes verbalmente.

Adila Adeel, instrutora de direção de 29 anos e proprietária de um instituto de treinamento, disse que os talibãs querem garantir que a próxima geração não tenha as mesmas oportunidades que suas mães.

"Eles nos disseram para não dar aulas de direção e não entregar carteiras", afirmou.

Os talibãs recuperaram o controle total do país em 15 de agosto, prometendo um governo com uma versão mais tolerante do rígido código de conduta imposto quando estiveram no poder entre 1996 e 2001, marcado por violações de direitos humanos.

Eles vêm, no entanto, restringindo cada vez mais os direitos dos afegãos, sobretudo, das mulheres, mantendo-as de fora da maioria dos cargos públicos e impedindo-as de frequentarem o ensino médio.