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A batalha pela prefeitura de Paris travada entre três mulheres

Anne Hidalgo (foto), à frente de Paris desde 2014, é a favorita de acordo com as últimas pesquisas - Reprodução
Anne Hidalgo (foto), à frente de Paris desde 2014, é a favorita de acordo com as últimas pesquisas Imagem: Reprodução

Em Paris (França)

25/06/2020 12h37

Três mulheres - a socialista Anne Hidalgo, atual prefeita, a conservadora Rachida Dati e a centrista Agnes Buzyin - disputam a prefeitura de Paris neste domingo (28), no segundo turno das eleições municipais francesas, que tiveram que ser adiadas em março devido à pandemia do novo coronavírus.

Anne Hidalgo, aliada dos ecologistas, comunistas e outros partidos menores de esquerda, à frente da Cidade Luz desde 2014, é a favorita de acordo com as últimas pesquisas, que apontam 45% das intenções de voto.

Ex-ministra da Justiça de Nicolas Sarkozy, a conservadora Rachida Dati, representante do partido Os Republicanos (LR), alcançaria 34% dos votos, seguida por Agnès Buzyn, candidata do partido do presidente Emmanuel Macron, que receberia 18%.

O primeiro turno dessas eleições, disputado em 15 de março no auge da pandemia de covid-19, foi marcado por uma abstenção histórica e um revés para o jovem partido do governo, A República em Marcha (LREM), cujos candidatos perderam em quase todas as grandes cidades.

O governo francês enfrentou um período complicado nos últimos meses, devido a movimentos sociais como o dos coletes amarelos e a greve contra a reforma previdenciária.

A seguir, uma breve biografia e o programa das três mulheres que competem pela prefeitura de Paris, uma vitrine que serve como catapulta para a política nacional.

Anne Hidalgo, em guerra contra os automóveis

A socialista Anne Hidalgo se tornou a primeira prefeita da história de Paris em 2014 e atualmente é a favorita para um segundo mandato depois de liderar o primeiro turno com 29% dos votos.

Hidalgo nasceu em 1959 perto de Cádiz, na Andaluzia, filha de pai eletricista e mãe costureira. Dois anos depois, a família migrou para a França em busca de um futuro melhor.

A pequena Ana passou então a ser chamada Anne e obteve a nacionalidade francesa aos 14 anos.

Neta de um exilado republicano, gosta de tirar proveito de suas raízes e começou a trabalhar como inspetora trabalhista, antes de dar um grande salto na política.

Seu mandato como prefeita de Paris começou com um batismo de fogo: os ataques jihadistas contra a revista Charlie Hebdo e a série de ataques à casa de espetáculos Bataclan e vários pontos da capital francesa em 2015.

"Em tempos de tempestade, é melhor ter um capitão que saiba navegar", disse ela em entrevista à AFP alguns dias após o primeiro turno, em que destacou sua "experiência".

Seu programa, concentrado na ecologia, busca continuar reduzindo o espaço dos carros na cidade, onde os engarrafamentos são pão diário, e promover o ciclismo ou a caminhada.

"Vamos reorganizar a cidade inteira para dar aos pedestres o lugar que eles merecem", prometeu.

No entanto, muitos parisienses reclamam que, durante seu mandato, as ruas de Paris ficaram cada vez mais sujas e os ratos proliferaram.

Rachida Dati, a ex-ministra que quer "salvar" Paris

Quer combater a "sujeira", o "crime", a "anarquia" e "salvar Paris". A candidata conservadora Rachida Dati ficou em segundo lugar no primeiro turno com 23% dos votos, mas não pretende jogar a toalha.

Dati, que entrou na política nacional como ministra da Justiça do presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), nasceu em uma família humilde.

Filha de pai marroquino e mãe argelina, seu sucesso profissional fez dela um exemplo da promessa da França de integração e oportunidades baseadas no mérito.

Seu programa se concentra na segurança, com a polêmica proposta de armar a polícia municipal e triplicar o número de câmeras de segurança em Paris.

"É conservador ter uma cidade limpa? Não, é visionário. A crise da saúde mostrou isso. É conservador ter uma cidade segura? Não. Permitir que as mulheres se movam livremente em todos os bairros de Paris seria um progresso", afirmou recentemente a advogada em entrevista ao jornal Le Parisien.

Agnès Buzyn, a substituta do último minuto

Até alguns meses atrás, ela era ministra da Saúde da França. Até ser designada para substituir em caráter de urgência o candidato do partido presidencial, Benjamin Griveaux, envolvido em um escândalo pela divulgação de um vídeo íntimo.

Nascida e criada em Paris, esta médica de 58 anos deu os primeiros passos na política há pouco menos de três anos, após a eleição para a presidência de Emmanuel Macron, que a colocou à frente da pasta da Saúde.

"A política é violenta e às vezes dolorosa, mas quando você tem que dar diagnósticos horríveis para famílias, crianças, é realmente muito menos sério", disse recentemente esta mulher, que obteve 17% dos votos no primeiro turno.

Como sua rival Rachida Dati, seu programa se concentra na segurança e na limpeza.