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Expoflora: tradições holandesas no coração da floricultura do Brasil

Ambiente montado por Gerard Aziakou para a 31ª edição da Expoflora, em Holambra, interior de SP  - AFP/Yasuyoshi Chiba
Ambiente montado por Gerard Aziakou para a 31ª edição da Expoflora, em Holambra, interior de SP Imagem: AFP/Yasuyoshi Chiba

01/09/2012 12h14

Holambra - O moinho holandês enfeita a entrada da Expoflora, o maior evento de flores e plantas da América Latina, realizado em Holambra, uma cidade a duas horas de São Paulo, fundada por imigrantes holandeses e coração da floricultura nacional.

O evento, realizado todos os anos desde 1981 e transmitido ao vivo pela internet, começou na quinta-feira e fechará suas portas no dia 23 de setembro. Os organizadores esperam atrair 300mil visitantes.

"A Expoflora oferece uma oportunidade para os mais de 200 floricultores de Holambra divulgarem seus produtos. Vem gente de todo o Brasil e dá aos floricultores uma ideia da reação do público a novos produtos", disse à AFP Paulo Fernandes, um dos organizadores.


"É uma espécie de janela na qual podem avaliar se lançam um produto para o mercado nacional ou se precisam fazer mudanças", acrescentou. "Também é uma oportunidade para lançar novas tendências em termos de cores e variedades". O evento promove também "as belezas naturais" da cidade de Holambra, "e aposta em aumentar o consumo de flores no Brasil", segundo o organizador.

O mercado de flores no Brasil cresce entre 12% e 15% ao ano desde 2006, com vendas esperadas de cerca de 2,4 bilhões de dólares este ano. "Há boas perspectivas de crescimento. Os brasileiros consomem muito pouco. Nossa tarefa é mudar isso", afirma Fernandes. "Só 4% da produção nacional é exportada, já que isto requer uma logística muito especial", ressalta. "A prioridade para os cultivadores é aumentar o consumo doméstico".

  • Humberto de Castro/ Divulgação

    Hortipaisagismo assinado por Carlos Mayer. A 31ª Expoflora fica aberta à vistação até 23/09

Brasil é o sexto maior exportador de flores do planeta, atrás de Holanda, Colômbia, Itália, Israel e Estados Unidos. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), as exportações de flores e plantas ornamentais do país atingiram 20,6 milhões de dólares no ano passado.

No Brasil, país que possui uma diversidade incrível de flora, as flores para a venda comercial são cultivadas muitas vezes para ocasiões festivas, como o Dia das Mães, quando são mais procuradas as rosas, as orquídeas, os cravos, as begônias e as proteas sul-africanas.

Outras flores cultivadas no território nacional são a camélia rosa, a quesnélia (um tipo de bromélia), a papoula (papaver rhoeas), a violeta dos Alpes (cyclamen persicum) e os lírios (nymphaea odorota).

"Este ano, as novas variedades em exibição incluem berinjelas ornamentais originárias da Índia, lírios e orquídeas de todos os tamanhos", disse à AFP Benny Rooijan, um cultivador local, cujo pai emigrou da Holanda em 1957.

"As amaryllis, originariamente da América do Sul, são muito populares na Europa e exportamos 95% para lá". Rooijan disse que os principais concorrentes do Brasil no mercado de flores exóticas são Colômbia e Equador, em nível regional, e o Quênia, em nível mundial.

O tema deste ano no gigantesco centro de exposições é o amor, celebrado principalmente com uma ducha de pétalas de rosa.

A Expoflora honra também o rico patrimônio holandês de Holambra. Com uma população de 11.000 pessoas, a cidade, 140 km a noroeste de São Paulo, foi fundada em 1948 por imigrantes holandeses que fugiam de sua devastada terra natal após a Segunda Guerra Mundial.

"Meu avô chegou aqui depois da guerra para construir uma nova vida. Os imigrantes holandeses se assentaram em uma propriedade que foi chamada inicialmente Fazenda Ribeirão, e anos depois se transformou em Holambra", disse o empresário local Dennis Peter, de 36 anos.

Em 1989, muitos pequenos cultivadores locais se uniram para criar a Cooperativa Veiling Holambra, a maior companhia de flores da América do Sul. Petros Schoanmaker, de 68 anos, trabalha duro para manter vivas as tradições holandesas nesta cidade.

Nascido no norte da Holanda, ele chegou à região com seu pai em 1959 e hoje faz as vezes de embaixador holandês não-oficial e patriarca da comunidade. Na Expoflora, Schoanmaker treina jovens que, vestidos com trajes típicos, se preparam para apresentar danças típicas holandesas durante o evento.