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Semana de Paris: Lagerfeld gráfico, Lacroix mais arlesiano que nunca e Ungaro em Cartagena

Modelo desfila look do estilista Karl Lagerfeld para o Verão 2009 - EFE
Modelo desfila look do estilista Karl Lagerfeld para o Verão 2009
Imagem: EFE

01/10/2008 18h41

PARIS, 1 Out 2008 (AFP) - Karl Lagerfeld, que trouxe para o mundo da moda a saia de patinadora, propôs nesta quarta-feira sua versão de calça, em um look híbrido metade legging, metade saia, enquanto Christian Lacroix foi mais fiel que nunca às suas raízes arlesianas (da região de Arles, na França), durante a apresentação de suas coleções de prêt-à-porter para o próximo verão.

"É uma coleção bastante arlesiana", disse Christian Lacroix à imprensa.

Toda a coleção lembra sua cidade natal: a calça justa bordada a ouro, acompanhada por um bolero-capa preto que remonta à vestimenta do toureiro, aos vestidos curtos e leves que misturam estampas gráficas, listas e flores, e às jaquetas bordadas também a ouro.

Pela primeira vez, a coleção destacou o cravo, flor preferida do estilista.

"Nunca fiz estampas de cravos", comentou Lacroix, sobre o desfile que mostrou flores multicoloridas em um vestido de musselina preta com um cravo gigante, como um broche, sobre um bolero também preto.

EFE

EFE

Modelo desfila look de Christian Lacroix para o Verão 2009



O barroco, presente na mistura de estampas e texturas, uma das grandes inspirações de Lacroix, surgia no desfile em looks como um corpete estampado e rebordado com saia de cetim amassado, blazer comprido de tecido leve e um arranjo de cravos na lapela. Na cabeça, perucas de franja e cabelo armado.

Karl Lagerfeld destacou a cintura, "retorcendo" as silhuetas enfeitadas com grandes cintos pretos e brancos. "Este é um jogo gráfico com cintos que giram como uma escada caracol", explicou o estilista em entrevista. "Os vestidos drapeados também têm este movimento que gira ao redor do corpo, são uma espécie de funil assimétrico que forma uma cintura mais fina, mas não estrangulada", acrescentou.

Esse mesmo movimento de torção é utilizado nas "tatuagens" de renda de couro envernizado branco e preto, que se enrolavam nos braços, nos ombros e nos cabelos das modelos, enquanto capas transparentes pretas escondiam e, ao mesmo tempo, revelavam a silhueta, formando uma pequena sombra.

Já o jovem estilista Esteban Cortázar, de 24 anos, natural de Bogotá, trouxe para a maison Ungaro recordações pessoais da cidade colombiana de Cartagena e de seu pai, Valentino Cortázar, em um cenário de luz amarelada e quente que lembrava o Sol.

A coleção foi inspirada no "realismo mágico" da amada Cartagena de Cortázar, que viveu nos Estados Unidos desde os 11 anos. Ele tem nacionalidade britânica, pois sua mãe é inglesa, mas reivindicou, no desfile, suas origens colombianas.

Reuters

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Modelo desfila look da grife Emmanuel Ungaro em Paris



De acordo com o estilista, a coleção teve grande influência de seu compatriota, o famoso escritor Gabriel García Márquez. "Claro que sim. Ele escreveu muitas de seus romances em Cartagena, e tem muito a ver com esse sentimento", disse Cortázar.

Os looks usavam uma paleta de cores de explorou os tons de azul - royal, petróleo, claro, marinho -, vermelho, laranja e roxo, em vestidos, saias e capas de ombros nus e braços dispostos a se expor.

"Encanta-me o sentimento de uma menina de Paris, ou de qualquer parte do mundo, que chega a Cartagena e começa a explorar a cultura, mas usando seu próprio estilo", afirmou Cortázar, em entrevista.

Os cabelos eram lisos e longos, caindo suavemente dos chapéus. As sandálias, altíssimas, delicadamente amarradas com fitas nos tornozelos. No quesito acessórios, foram usadas pulseiras de Claudia Zuluaga e os colares de Rose Anne de Pampelonne.

As modelos, com chapéus Panamá comprados na Colômbia, apresentaram vestidos curtos e leves, drapeados e justos, ou amplos como blusas, caminhando sobre uma passarela com reproduções de escritos dos cadernos de viagem do pai do estilista.

"Essa coleção foi muito pessoal. Eu sempre quis fazer uma coleção inspirada em um lugar mágico como Cartagena", revelou o estilista.

Cartagena é "uma cidade que tem tantas cores, tanta vida, tanta natureza. Esses elementos combinam perfeitamente com Ungaro", permitem que "continue evoluindo", ao mesmo tempo em que "mantém o DNA da maison", acrescentou Esteban Cortázar, que, em novembro de 2007, sucedeu ao estilista norueguês Peter Dundas, demitido por apresentar resultados insuficientes.

"Sinto-me superbem na Ungaro. É uma maison que combina muito bem com a pessoa que eu sou e o espírito que eu tenho. Misturam-se muito bem. É um bom casamento", completou o estilista, que arrancou muitos aplausos da platéia.

Segundo o presidente da maison Emmanuel Ungaro, Mounir Moufarrige, a marca está se saindo melhor. "Estamos contentes com os resultados", declarou à AFP, acrescentando, porém, que "ainda podemos melhorar".