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Pierre Cardin inaugura seu próprio museu nesta quarta, em Paris

O estilista Pierre Cardin ao lado de um dos 140 modelos da exposição que inaugura seu museu - AFP
O estilista Pierre Cardin ao lado de um dos 140 modelos da exposição que inaugura seu museu
Imagem: AFP

Por Maria Carmona

14/11/2006 19h29

PARIS, 10 Nov (AFP) - O estilista francês Pierre Cardin, uma lenda viva da moda, se prepara para inaugurar nesta quarta-feira (15), na periferia de Paris, seu próprio museu, no qual faz uma retrospectiva de meio século dedicado a criar moda.

Aos 84 anos, Pierre Cardin continua trabalhando. "Meu modelo favorito é o que desenharei amanhã; para um estilista, o melhor é sempre o que resta por fazer", disse. Mas, emendou: "estou consciente de que chego ao fim da vida e quero deixar a marca do meu trabalho", ao explicar a criação de um museu pessoal, que apresentou à AFP às vésperas da inauguração.

Em uma antiga garagem transformada em espaço de exposições no subúrbio parisiense de Saint-Ouen, as criações de Cardin ao longo de 50 anos são exibidas em um local iluminado pela luz suave que entra por uma clarabóia.

O museu, cujo nome definitivo ainda não foi decidido, possui ainda um teatro, uma grande sala de recepções e armazéns, entre outras dependências, em uma área total de 3.000 metros quadrados.

A história de Cardin se confunde com a da própria moda. Formado na casa Christian Dior, ele a deixou em 1950 para fundar sua própria empresa e apresentou em 1953 a primeira coleção. "Na Dior aprendi a elegância, evidentemente", disse.

O visitante pode contemplar 140 modelos expostos, mas o museu conta com um acervo total de 700 modelos, assim como acessórios e móveis criados por Cardin.

A mostra começa com os modelos dos anos 1950: tailleur de colarinho amplo e casaco cinza reto, mas principalmente um casaco amplo de lã plissada vermelha com mangas três quartos, desenhado em 1953. Cardin revelou que, na época, lhe disseram que era impossível plissar este tecido e que o casaco não seria vendido. Mas aconteceu o contrário, o modelo vendeu, sobretudo nos Estados Unidos, como pão quente. "Aí começou minha fortuna", disse o estilista.

A mostra continua com a explosão criadora dos anos 60-70, com minivestidos moldados com efeitos geométricos, um vestidinho de placas metálicas ("criado antes dos de Paco Rabanne", afirmou Renée Taponier, conservadora do museu e colaboradora de Cardin há mais de 40 anos), conjuntos de top e minissaia de vinil ou vestidinhos com o bustiê em formato cônico.

Desta vez é o próprio Cardin quem afirma que isto era "muito provocador há 40 anos" e que Jean-Paul Gaultier se inspirou em sua idéia para criar o famoso sutiã usado por Madonna.

Cardin lembrou as fontes de inspiração de cada um de seus modelos, uma vez que trabalha "como um escultor": os automóveis nos longos vestidos negros de noite com decotes ou costas de aço - "tive que encomendá-los a um fabricante de carroceria porque nenhum joalheiro aceitou fazê-los" -, as formas planetárias ou a arte cinética nos volumes dos modelos dos anos 80 e 90, ou plantas, frutas e todo tipo de objetos nos volumes de mangas e costas.

No museu estão expostos os modelos criados para os atletas por ocasião dos Jogos Olímpicos de Munique de 1972. Ao mostrá-los, Cardin lembrou com tristeza os trágicos acontecimentos daquele ano, quando a delegação israelense foi alvo de um atentado palestino do grupo Setembro Negro, mas rapidamente se mostra otimista com o futuro, explicando que criará os uniformes das delegações russa e chinesa nos próximos Jogos Olímpicos.