"Não deixo de gozar gostoso"

Aos 40, Valesca Popozuda agora é empresária, fica em baile até as 9 da manhã, está com grana e sexo bom

Amanda Serra Da Universa
Carine Wallauer/UOL

Valesca Popozuda completa 40 anos (6 de outubro) “indo ao baile de sainha” e gritando aos quatro ventos que ninguém vai segurá-la, assim como canta em um de seus principais hits “Agora eu Sou Solteira”.

A mulher que conquistou o direito de cantar “proibidão”, em uma época que o gênero era marginal e restrito aos homens, fala sem um pingo de vergonha sobre sexo em seu novo som: “Sentei na pica do meu ex”. "É a realidade da vida, os flashbacks; não tem nada de sexishhta”, diz Valeshhca, com aquele sotaque suingado do Riii.

Valesca quer viver intensamente: "Cago e ando para aqueles que não agrado"

Veja a entrevista completa no Youtube

Empresária de si mesma e do filho, o MC Pablinho, a funkeira estreia seu novo ano confortável e centrada no papel de mulher, profissional, mãe e filha – dona Regina está com câncer de mama; precisará tirar um dos seios, e a cantora está à frente dos cuidados.

“Estou vivendo muito mais meus 40 do que vivi os meus 15, 20. Sou dona do meu nariz, da minha carreira e não tem ninguém para decidir ou falar por mim. E não está pesando nada na cabeça e nem no corpo”, afirma Valesca, que por 17 anos teve sua profissão administrada por Leandro Gomes de Castro, o Pardal. Ele é pai de coração de seu único filho.

Nesta entrevista à Universa, Valesca se emociona ao relembrar de quando teve uma infecção gravíssima na perna por conta de uma lipoaspiração, feita a pedido de uma revista da qual seria a capa. Durante um ano e meio, ela mentiu, dizendo que estava com problemas no pé e andava com as pernas cobertas por causa dos hematomas. Popozuda fala também, pela primeira vez, do relacionamento abusivo e dependente que viveu com Pardal, seu "grande amor", e até há pouco tempo seu empresário. "Foi um tapa, não teve o segundo e continuamos trabalhando juntos”; da solidão de ser mãe solo aos 21 anos, quando sua carreira despontava, e como é ser admirada por tantas mulheres.

A poucos dias da eleição, a carioca diz ainda não saber em que vai votar. Mas sabe que não quer saber de “candidatos que são contra gays e colocam a Bíblia na frente da democracia. Futuramente, essas pessoas serão chamadas de 'mito' e dar muita dor de cabeça”.

Quebra tudo, Popozuda!

Fui a primeira funkeira a assumir a frente de uma bateria de escola de samba

Valesca Popozuda

Reprodução Instagram Reprodução Instagram

My pussy é o poder...

Valesca é chefe da família formada pela mãe, três irmãos, uma afilhada e o filho. A mãe mora em uma casa própria comprada pela primogênita, em Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio. Dinheiro deixou de ser um problema (“meu amor”, como ela pontua a maioria de suas frases, dando de ombro com sua tatuagem de beijinho). A cantora faz cerca de 15 shows por mês. Verdade que no auge chegava a fazer cinco por noite, quando se tornou a rainha do funk. Recentemente gravou dois clipes em parceria: “De Levin" com Aretuza Lovi e “Fodasticamente”, com o sertanejo Wagner Simão.

Em breve filmará o videoclipe de “Sentei na pica do meu ex”, com produção de Kondzilla -- o quarto maior youtuber do mundo. Também está envolvida em um “projeto grandioso” com a atriz Cléo Pires. Ela, claro, não adianta detalhes. Fã de marcas como Christian Louboutin e Balenciaga, Popozuda acumula cerca de 500 pares de sapatos em seu closet na casa alugada onde mora no Recreio. Ela comprou um apartamento no mesmo local e está reformando. Deve se mudar em breve com o filho e a irmã caçula Julien, sua secretária.

Além dos sucessos como “Beijinho no Ombro”, produção que custou cerca de R$ 500 mil à época; “My Pussy é o Poder”; “Late Que Eu Tô Passando” e “Agora eu Sou Solteira”, Valesca é autora do livro “Sou Dessas, pronta pro combate”, que narra sua trajetória. Também posou nua para “Playboy”, em 2009 e participou do reality show “A Fazenda”, 2011. “Entrei pra mostrar quem é a Valesca mãe”, diz. A funkeira ainda possui uma loja online com acessórios que vão do maiô escrito “I am Popozuda”, aos aventais com ideogramas de beijinhos.

Rainha da p* toda

Chamada de “pensadora contemporânea” por um professor de filosofia de Brasília, tema de mestrado e trabalho de conclusão de curso que analisaram músicas suas -- como as que dizem “está para nascer homem que vai mandar em mim” e “na cama faço de tudo, sou eu que te dou prazer, my pussy é o poder” --, Valesca é uma das percursoras do funk desbocado feminino. Nascida e criada no Irajá, bairro de Zeca Pagodinho, ela despontou quando ainda sensualizava na Gaiola das Popozudas, um dos mais famosos grupos de funk do começo dos anos 2000. 

“Ainda hoje ouço críticas. Algumas pessoas dizem: ‘oh lá a favelada’. E sou mesmo, isso ninguém vai mudar”, diz ela, que não deixou os bailes de lado nem mesmo depois da fama. “Vou muito, principalmente no da Gaiola (localizado no bairro da Penha). Curto e preciso de referências. Muitas vezes, saio dos shows e vou direto pro baile. Volto só 9,10 horas da manhã".

No começo da carreira, a funkeira foi orientada por seu então empresário a começar a cantar, porque, dizia ele, só como dançarina, os dias estavam contados. Em seu primeiro show, cantando, levou latadas. “Nem eu entedia o que estava cantando. Gritava pra cacete”. Ir para estúdio era um terror. “Chorava, não saía nada, ficava rouca”, lembra ela que, até hoje, religiosamente, faz aulas de canto. "Só não pede pra eu dar um agudo". 

Seu som funciona como um estimulante catártico para as mulheres. Principalmente na periferia, onde o gênero domina, mas ainda é majoritariamente cantado por homens e tem letras machistas. “Quando comecei, meu público era 100% masculino. Podia contar as mulheres nos dedos. Estava cansada de ficar ouvindo ‘gostosa, bucetão’, com os caras achando que estava ali à toa. Comecei a cantar pra elas. Deu certo, atingi a mulherada das comunidades e do asfalto [quem não mora na favela]”.

“Só com palavras você não consegue chegar nessas mulheres. E com música, sim. Elas dançam, cantam. O funk é a realidade da periferia. Vi que minhas letras estavam dando certo quando elas chegavam e falavam: 'cara, me identifico muito com você, com o seu jeito, a sua transparência'". 

Ele era muito grande e veio querer passar a mão no meu corpo. Peguei o babyliss, que estava quente, e encostei no pênis dele

Valesca Poposuda

Reprodução Instagram Reprodução Instagram

Babyliss quente bem ali num cara

Dentre tantas histórias que Valesca acumula na carreira, uma mostra bem a sua marra. Ela estava começando a aparecer, ainda na Gaiola e se preparava para um show, no camarim. Eis que um dos contratantes do evento entrou no local e a atacou. “Ele era muito grande e veio querer passar a mão no meu corpo. Peguei o babyliss, que estava quente, e encostei no pênis dele”, conta. O homem a xingou de tudo o que é jeito e foi embora aos berros. Mas, claro, ficou bem quietinho e não disse nada pra ninguém. 

As pessoas te julgam muito por estar no palco de roupa curta, dançando sensual. Falam que é puta, piranha.

Por causa da pouca experiência e do medo de perder o emprego, Valesca também se calou. "Também tinha medo de dizerem que eu estava dando mole. Ele era casado. As pessoas iam acreditar em quem? Já dançava com roupas curtas, sensualiza no palco, afinal, o funk é isso. E ainda hoje as pessoas acham que isso é ser vulgar”, lamenta.

Se isso acontecesse nos dias atuais, Popozuda teria outra postura. “Falo sobre isso para mostrar às mulheres que a gente não tem que esconder. Se vão acreditar em você ou não, não pensa nisso. Vai lá, denuncia, fala.”

A lipo que deu ruim

Valesca cuida com vigilância de seu principal instrumento de trabalho -- e que instrumento: o corpão é segurado em R$ 1 milhão, acredite quem puder. Também, tanto investimento merece atenção proporcional. A funkeira tem próteses de silicone nos seios (já devidamente trocadas e aumentadas), também no bumbum, fez botox no rosto e uma hidrolipoaspiração nas coxas da qual se arrepende amargamente. Com todo esse arsenal e uma sacudida que bota todo mundo até o chão, a funkeira, que já era um megassucesso no morro e alguém que despertava curiosidade e tesão na zona sul carioca, veio como um raio nos lares da famílias brasileiras com o hit "Beijinho no Ombro", de 2014; clipe que acumula mais de 89 milhões de visualizações no YouTube.

Foi imersa nos holofotes da fama que em 2015, ela se tornou (ainda mais) refém da ditadura da beleza e diz ter corrido o risco de perder a perna esquerda no tal procedimento plástico. O drama começou quando Popozuda foi convidada para ser capa de uma revista feminina.

Falaram que eu tinha que perder 10 quilos; que minha cintura era fina, mas a perna, muito grossa, e que esse não era o padrão. Fui limpar as pernas pra virar a Barbie e só me ferrei 

Valesca fez uma hidrolipoaspiração nas coxas, uma variação da lipo tradicional. Na hidrolipo, como é chamada, o paciente é operado no consultório médico -- e não no hospital -- e com anestesia apenas local. Em tese, ela é utilizada para tirar pequenas quantidades de gordura. No caso da cantora, deu ruim. "Deu uma fibrose, ficou duro, vermelho, inchado. O médico mexeu de novo e aí ficou preto, necrosou. Tive uma infecção e podia ter perdido a perna. A mancha escura veio comigo durante um ano e meio", conta ela, chorando.

"Foi um momento difícil. Fiquei em depressão". Poucas pessoas souberam do ocorrido. Popozuda ficou dias de repouso absoluto e tomando antibióticos. Ela se refugiou na família e em uma viagem para Nova York com uma amiga. "Minha irmã cuidava de mim. Longe daqui, podia chorar, desabafar; sabia que não iam sair colocando numa capa de jornal", conta.

Quando voltou a fazer shows, não podia dançar. "Usava uma bota ortopédica e dizia que tinha machucado o pé". O problema foi sanado no mesmo ano do ocorrido, depois de muita drenagem linfática e massagem modeladora. Além da lembrança horrorosa, ficou a convicção de que é linda, com o corpo que tem e forjou para si.

Fiz uma hidrolipo nas coxas que infeccionou, necrosou e eu quase pedi a perna

Valesca Popozuda

Reprodução Instagram Reprodução Instagram

"Sexo é vida": sim, gostamos e falamos

Valesca gosta de sexo. E de falar sobre o assunto.

"Tenho uma gaveta do Christian Grey (referência ao livro “50 Tons de Cinza”) com óleos para o corpo, vibrador e cremes. Entro linda em sex shop, meu amor, e compro calcinha comestível para fazer um ‘aô’ para o gato”, conta.

Com ela, não tem tema tabu. Sexo anal? "Gosto, não sempre, mas me dá prazer".

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Valesca quer casar. E de vestidão

Neste mês, Valesca e o produtor musical Patrick Silva completam um ano de namoro. Com 24 anos e fã de batidão, ele trabalha com jovens MCs que almejam um futuro no funk. Recentemente, ele descobriu que é pai de gêmeas. As garotas têm três anos e são fruto de um relacionamento anterior. Valesca tem recebido as meninas em casa. “Ele está amarradão. Feliz por ele”, limita-se a dizer.

“É um menino incrível. Dá um banho em muitos homens de 40 anos, e meu filho se dá muito bem como ele. A gente está sendo feliz”, afirma a cantora, lamentando que a diferença de idade seja uma questão para alguns.

“Têm mulheres que ficam me criticando, massacrando, chamando de velha. Isso me deixa triste. Você se apaixona, é seu coração que manda. Podia ser por um cara de 50. Mas meu coração bateu pelo Patrick. E se tivesse me apaixonado por um homem mais velho, iam falar: ‘alá, quer dar o golpe’. Essas mulheres podiam estar juntas comigo”, pondera.

E ela tem planos românticos para o futuro. “Sonho em casar, em botar um vestido de noiva, fazer uma cerimônia na praia, descalça. Aquele casamento bem lindo e leve”.

Você acha que eu ia deixar de ser feliz? Você acha que eu ia deixar de gozar gostoso, meu amor? Desculpe as palavras, mas quero mais é que os outros se fodam

metralha Popozuda, sobre os 'corneteiros' sobre a diferença de idade entre ela e o namorado

"Não me vejo em nenhuma delas, mas se precisar a gente dá as mãos"

  • Anitta

    "Admiro pra cacete! Vejo a garra que ela tem, de buscar o reconhecimento internacional, de saber o que quer. Ela ajuda muito o movimento funk, dando oportunidade e divulgando música de outros MCs"

    Imagem: Divulgação
  • Ludmilla

    "Começou como MC Beyoncé, passou perrengue com empresário e cresceu! Está canetando (compondo) à beça. Perguntei se tinha música para mim, ela perguntou se eu ainda cantava palavrão. Disse que cantava o que queria e ela mandou 'Sentei na pica do meu Ex'. Magnífica!"

    Imagem: Reprodução/Instagram
  • Iza

    "Via aquela mulher toda grandona com uma voz mais fechada, até que ela cantou: 'Pesadão'. É uma menina sensacional, que luta e que está ganhando seu lugarzinho no céu para brilhar junto com a gente"

    Imagem: Reprodução/Instagram
  • Jojô Toddynho

    "É um personagem que dá muito certo. É a personificação do que nós brasileiros somos: guerreiros e alegres. Não tem tempo ruim, está sempre em alto astral"

    Imagem: Reprodução/Instagram
  • MC Loma e as Gêmeas Lacração

    "Estão lançando uma música atrás da outra e não vejo isso como algo bacana para os fãs. Tem que dar uma segurada, porque senão ninguém entra no clima"

    Imagem: Reprodução/Instagram
Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Novo layout

Valesca aposentou tops e shorts jeans com a popa do popô aparecendo e agora investe em cropped, saia lápis, calça clochard, sapatos, bolsa de grifes e óculos descolados. Ela quer fazer a linha low profile.

Quando chegou para essa entrevista no estúdio do UOL, atendeu discretamente os pedidos de fotos, foi ela mesma até a cozinha pegar copos de café e manteve o tom de voz baixo.

“Sou reservada, quieta. Na maioria das vezes estou no meu canto e as pessoas pensam que sou nariz em pé. Quando me chamam parar tirar fotos, acham que vou chegar: ‘Aiiiiii vamo, sim!’”. Às vezes fico até pensando, ‘como que subo no palco e faço isso tudo? Mas não quero nem entender, porque o dia que isso acontecer vai acabar”.

Ela não é do tipo que faz amigos no trabalho. “Tenho colegas famosas para dar risada quando estamos em algum evento, mas não sei da vida delas. Meus amigos são a minha família. Minha mãe, minhas irmãs, a Géssica e a Julie, meu irmão Júnior, minha afilhada Laila e meu filho. Eles estão comigo na alegria e na tristeza. Ali sou eu”.

No último mês, a mãe de Valesca descobriu um câncer e precisará retirar uma das mamas até o fim do ano. A primogênita de dona Regina, mais uma vez se colocou à frente dos problemas familiares. “Foi um baque, ela ficou mal, mas conversamos e avisei: ‘sempre estivemos juntas e agora mais do que nunca’. Ela já cuidou muito da gente, é nossa vez”, afirma a empresária, contando que a mãe já foi empregada doméstica.

“Hoje, ela pode ficar em casa. Não precisa passar por humilhação de patroa nenhuma. Às vezes, chegava em casa chorando. Agora ela faz umas costuras para fora, mas porque quer. Tem todas as máquinas. Fui dando de presente nos aniversários, Dia das Mães. Terminava de pagar uma em 10 vezes e já comprava outra”, conta.

Carine Wallauer/UOL

Dos meus 38 para os 39 foi a melhor fase da minha vida, de todos os tempos. Tive o que não vivi nesses anos todos. Tipo adolescente mesmo

Valesca Popozuda

Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Violência doméstica: uma velha conhecida

O tema violência contra mulher, infelizmente, é um velho conhecido de Valesca e sua família. A mãe foi abandonada em um internato quando era criança e, adulta, casou-se com um homem que, segundo a cantora conta, era alcoólatra e agredia a mulher. Mas o caso mais brutal atingiu Sandra, uma de suas irmãs por parte de pai com quem teve pouco contato. “Ela foi morta, esganada pelo marido que não aceitou a separação”.

O padrasto, que ela considerava um pai, e que era muito violento, quase matou sua mãe no Carnaval de 1988. Durante um churrasco, o casal iniciou uma briga violenta. “No meio da discussão, ele jogou álcool, tentando acender a churrasqueira. Explodiu tudo. Minha mãe veio pra cama com as pernas pegando fogo. Eu apaguei, jogando uma coberta”, relembra.

Minha mãe nunca o denunciou, sempre ficou quieta. O relacionamento durou mais dois anos depois do episódio. Isso nos marcou muito

Valesca nunca teve contato com seu pai biológico. Quando dona Regina, aos 18 anos, contou para ele que estava grávida, o homem desapareceu. “Minha mãe não gostava do Luizinho [o padrasto]. Mas aceitou morar com ele para eu ter um teto, porque não tínhamos casa. Cresci achando que era meu pai. Só descobri quando uns vizinhos começaram a falar demais”.

Quando tinha 12 anos, Valesca foi atrás do pai biológico. Ele morreu em meados dos anos 2000, mas nesse tempo, os dois foram relativamente próximos. “Não tinha amor, mas não deixei de tratar bem. Chamei até de pai”.

Aos 14, ela saiu de casa porque o padrasto, que é pai de seus irmãos, não aceitava que ela frequentasse baile funk. Foi morar com um namorado e, com ele, experimentou na pele o comportamento abusivo. “Ele era muito ciumento. Não podia sair que era uma dor de cabeça”. O namoro terminou, ela foi morar com amigas e deixou a escola. Trabalhou em lanchonete, borracharia, posto de gasolina, vendeu ingresso de teatro e fez figuração na Globo. “Meu sonho era ser atriz”.

Não ao aborto

"Sou feminista e não acho contraditório não defender a descriminalização do aborto. Vim de uma mulher que não podia me criar e mesmo assim se recusou a me dar para outros. Se tivesse um plebiscito para descriminalizar o aborto votaria contra. Só sou a favor em caso de estupro"

Não à legalização das drogas

Valesca diz que não usa droga, só fuma cigarro, e que tem uma visão aberta. "Não quero aprovar tudo. Usa quem quer. Rihanna, por exemplo, posa com o cigarro dela (de maconha) e está cagando para o que os outros pensam. Aqui no Brasil todo mundo fala: "alá a maconheira'"

Reprodução/Instagram Reprodução/Instagram

Maternidade delicada

Aos 21 anos, após sair algumas vezes com Pardal, Valesca descobriu que estava grávida e era uma gestação de risco – tinha descolamento da placenta e precisaria de repouso. 

“Por um momento pensei em tirar meu filho. Tinha acabado de fazer um book de atriz para deixar nas agências, estava vivendo aquela vida de figuração e na hora pensei: ‘Caraca, vou passar tudo que minha mãe passou. Ferrou, acabou'", conta.

A mãe de Valesca disse que ajudaria a cuidar do neto, Pardal também foi contra o aborto, disse que apoiaria financeiramente, mas avisou: 'Não tenho nada contigo'. Ela seguiu o baile. “Sofri muito. Ele me dava dinheiro toda semana, mas o que que adianta dar dinheiro e não ter amor?”, questiona.

A maternidade tem se tornado mais natural para Popozuda somente agora, que sai para o rolê com filho -- "me sinto uma adolescente". Levar, buscar no colégio, participar das festas escolares, essas atividades não fizeram parte da rotina da funkeira.

“Naquela época era difícil. Estava dormindo, ele ia para creche... perdi uma boa fase dele bebê. Estava ali, mas minha mãe era quem cuidava dele. Hoje, tenho muito prazer de estar junto, sinto que sou a mãe que não fui naquela época. Me sinto mais confortável no papel de mãe”, diz ela, que pensa em adotar uma criança. “Vou conseguir dar mais atenção, cuidar, viver a maternidade.”

Carine Wallauer/UOL
Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Não era amor, era cilada!

Valesca e Pardal chegaram a morar na mesma casa quando Pablo nasceu, mas o relacionamento durou pouco. Acabou depois que o empresário e “pai de seu filho”, como ela se refere a ele, deu-lhe um tapa no rosto. 

“Tínhamos algumas brigas, essas que existem dentro de casa. Mas uma vez ele me bateu...Nada de me espancar, deixar com olho roxo. Foi um tapa só. Não teve o segundo, nem o terceiro. Falei 'não vou ficar passando por isso. Vou meter o pé'. E meti. Não queria ver o meu filho crescer com aquilo, como eu cresci”, conta ela, que não denunciou Pardal que, àquela altura, era também seu empresário. A parceria empresarial continuou. 

É o trabalho onde me realizei como mulher, com que pude dar conforto pra minha mãe. Então, por que ia brigar com a pessoa (que a tinha agredido), se no trabalho a gente se dava bem? Isso era o fundamental. Sei dividir as coisas

Valesca conquistou sua real independência há cerca de dois anos, quando rompeu definitivamente com Pardal e contratou Kamilla Fialho, ex-empresária de Anitta – as duas travaram uma batalha na Justiça por conta de quebra de contrato, e a produtora ganhou R$ 1 milhão da cantora -- para ser sua gestora.

Divulgação Divulgação

Política não é brincadeira

Valesca posou para “Playboy”, em 2009, deitada, com a boca bem próxima a uma fotografia do então presidente Lula. Ela e o político tiveram dois breves encontros, no ano anterior, em eventos políticos na periferia do Rio.  

“Nunca fiz campanha para o Lula. Fiquei empolgada de conhecê-lo na época, mas foi coisa da ‘Playboy’ inserir a foto dele no meu ensaio. Não é que simpatize com ele”, despista.

Para 2018, ela diz que ainda não definiu seu voto. “Não vejo nenhum bom. O povo está cansado de promessas que não mudam nada, só vai piorando. Estou perdida na política como acredito que esteja a maioria dos brasileiros”.

A funkeira fez um post em seu Twitter em que alerta aos “popofãs”, apelidinho que deu ao seu público. “Vocês precisam aprender a parar de fazer meme de políticos que são contra gays e que colocam a Bíblia na frente da democracia. Futuramente, essas pessoas serão chamadas de “mito” e irão dar muita dor de cabeça”.

Carine Wallauer/UOL Carine Wallauer/UOL

Continuo cantando sensualmente, no duplo sentido. Sei entrar e sair de qualquer lugar. Amanhã, se vir que o funk pop está em alta novamente, canto 'Ciranda, Cirandinha'. Posso também ficar mais uns cinco anos, casar e parar de cantar

Valesca Popozuda, timidamente sobre uma possível aposentadoria

Curtiu? Compartilhe.

Topo