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Nina Lemos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Dinheiro não compra tudo: Elon Musk teria sido barrado em clube de Berlim

Elon Musk, o homem mais rico do mundo hoje - Patrick Pleul/picture alliance via Getty Images
Elon Musk, o homem mais rico do mundo hoje Imagem: Patrick Pleul/picture alliance via Getty Images

Colunista do UOL

26/04/2022 14h51

Elon Musk é o homem mais rico do mundo e ontem anunciou a compra do Twitter por 44 bilhões de dólares, no que parece ser uma espécie de capricho somado à "vontade de dominar o mundo". Um homem assim pode tudo. Inclusive ir para o espaço (ele tem uma empresa para isso, a SpaceX).

Mas, mesmo assim, tudo indica que no início deste mês ele levou um não bem no meio da fuça. Musk, ao que parece, foi barrado no Berghain, o clube de música eletrônica mais famoso do mundo, que fica em Berlim.

A história correu o mundo como piada e uma espécie de "vingança do proletariado". Vamos assumir, é gostoso ver o homem mais rico e mimado do mundo levar um não.

O rumor faz muito sentido. E como berlinense (moro na cidade há sete anos) aposto que de fato ele foi barrado. Mas é impossível ter certeza absoluta. O clube tem como política não revelar nada sobre o que aconteceu por lá e se calou. Musk negou. Mas diversas fontes que estavam no local dizem que ele foi barrado mesmo —o que faz todo sentido.

Explico. Na madrugada de 2 de abril, Elon Musk estava na capital alemã comemorando a inauguração do parque industrial da Tesla que ele abriu em Brandemburgo, na grande Berlim. No meio da madrugada, ele tuitou: "Escreveram paz na janela do Berghain. Eu me recusei a entrar".

O Twitter logo viralizou como piada. Sim, por causa da guerra na Ucrânia, a palavra "Peace" estava de fato na fachada do prédio naquela noite. Só que o Berghain é um clube famoso justamente por sua rigorosa política de entrada, que significa que eles podem barrar basicamente qualquer pessoa e não dar explicação alguma. Logo todos começaram a pensar (me incluo aí) que ele foi barrado. Afinal, "não querer entrar" é a desculpa usual de quem recebe um não.

Hoje não

Musk não está sozinho. "Conseguir entrar" no clube é meta de turistas e existem dicas na internet de como fazer para não ser barrado por lá.

Funciona assim. Você fica cerca de duas horas em uma fila. Quando chega a sua vez, os porteiros olham para a sua cara e falam sim ou, "heute leider nicht" (hoje infelizmente não, em alemão) e você que vá embora humilhado.

Um mito do clube é o "door" Sven Marquardt, uma celebridade do underground da cidade. Ele tem 2 metros de altura, é tatuado da cabeça aos pés, te olha da cabeça aos pés de um jeito que assusta e faz um sinal para você entrar ou ir embora. E todos obedecem sem reclamar. Segundo fontes, foi ele mesmo quem barrou o dono da Tesla.

E por que Musk não seria impedido de entrar em um clube que, apesar da fama, continua sendo um local alternativo, conectado com a cena anticapitalista e alternativa da cidade? Estranho seria se ele entrasse, o que certamente desagradaria seus frequentadores.

O rumor sobre Elon Musk barrado em um clube era bom demais para não ser investigado e, como a história viralizou no mundo todo, as especulações começaram a ficar mais sérias.

Depois de um site de memes de Berlim publicar o Twitter de Elon com a frase: "As desculpas que os turistas usam depois que são barrados no Berghain", frequentadores da casa passaram a se manifestar. E mais de um afirmou que, de fato, ele foi barrado. Segundo discussões na rede social Reddit, ele teria sido impedido de ingressar no clube pessoalmente por Sven.

Pode ser que Musk tenha apenas se cansado de ficar duas horas em uma fila (seu dinheiro não faria com que ele tivesse prioridade)? Até pode.

Mas o fato é que ele acabou a noite com sua "entourage" no KitKat, um famoso clube de sexo e fetiche em Berlim.

Um amigo me contou que uma amiga dele, garçonete do local, disse que foi difícil explicar para o homem mais rico do mundo que ele teria que esperar por um drink na fila, como qualquer ser humano e que os funcionários se irritaram com a presença do bilionário. Ela disse também que o boato que corria no clube é que o grupo encabeçado por Musk tinha sido barrado no Berghain sim.

Dinheiro pode comprar o Twitter? Sim.

Mas não compra a simpatia das pessoas. Muito menos em Berlim, uma cidade peculiar e cujos habitantes costumam virar a cara para novos forasteiros ricos e com ideias esquisitas.