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Nina Lemos

Advogadas entram com pedido de investigação contra Marcius Melhem

Marcius Melhem em entrevista exclusiva ao UOL - Reprodução/YouTube
Marcius Melhem em entrevista exclusiva ao UOL Imagem: Reprodução/YouTube

Colunista do UOL

17/12/2020 10h32

As advogadas que representam Daniella Calabresa e outras funcionárias da Globo entraram hoje (17) com pedido de investigação do ator e diretor Marcius Melhem no Ministério Público. Elas entrarão também com um processo criminal contra o ator pelo fato de ele ter divulgado áudios de uma conversa com Calabresa e um pedido de indenização por danos morais à atriz.

Dani Calabresa e outras funcionárias da Globo acusam Marcius Melhem de assédio sexual. O caso foi detalhado pela revista Piauí no começo do mês. Em entrevista ao UOL, Melhem disse que processaria Dani Calabresa e a advogada Mayra Cotta. Na terça-feira (15), a Folha de S. Paulo publicou reportagem onde Marcius divulga um áudio de Daniella Calabresa para ele. No recado, ela o elogiou e agradeceu a ele.

A coluna conversou com a advogada criminalista Soraia Mendes que, junto com Mayra Cotta, representa Calabresa e as outras funcionárias da Globo.

"Estamos pedindo que o Ministério Público ouça as vítimas e vamos solicitar que as providências necessárias sejam tomadas, inclusive com possibilidade de medidas cautelares, como a proibição de contato."

O pedido foi mandado para a Ouvidoria das Mulheres do Conselho Nacional do Ministério Público.

Soraia explica que o pedido é de investigação por crimes sexuais. "Não estamos excluindo a possibilidade de crimes mais graves que o assédio sexual. Temos relatos de situações que incluem violência e que poderiam ser caracterizadas como tentativa de estupro, mas isso vai depender de como o Ministério Público vai entender e do que será decidido", disse.

A advogada disse esperar que Melhem seja responsabilizado criminalmente pelos crimes de assédio praticados.

Dano contra imagem

As advogadas também entrarão com medidas contra a divulgação de mensagens pessoais entre o ator e as então subalternas. Segundo Soraia, as divulgações de conversas são tentativas de macular a imagem das vítimas.

"São diálogos particulares. Isso constitui crime. Vamos representar contra isso sempre que acontecer. O que ele fez mostra uma vontade macular a imagem das vítimas. No caso, isso está acontecendo com a Dani por ela ser a única que está exposta", diz.

Segundo ela, essa é uma estratégia comum em casos de assédio sexual.

A advogada disse ainda que parte do trabalho dela é proteger as vítimas. "Tudo está sendo feito com calma para que as vítimas sejam protegidas, porque sabemos como quem denuncia assédio sexual pode ser tratado. Temos que tomar cuidado com o risco da 'revitimização' da mulher. Parte do nosso trabalho é cuidar para que isso não aconteça com essas mulheres", diz Soraia, que acredita que o caso é um recado de que a dignidade das mulheres precisa ser respeitada.