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OPINIÃO

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Casal viaja trabalhando com agricultura sustentável: '2 anos e 22 fazendas'

Renata e Thiago se conheceram na Austrália e há 2, largaram tudo em busca de uma vida mais sustentável  - (Foto: Reprodução/Instagram)
Renata e Thiago se conheceram na Austrália e há 2, largaram tudo em busca de uma vida mais sustentável Imagem: (Foto: Reprodução/Instagram)

Colunista de Universa

16/03/2022 04h00

"Esses dias a gente se deu conta de que já faz dois anos que decidiu largar tudo pra começar a jornada de imersão na vida do campo. Dois anos sem endereço e sem nada além de uma mochila nas costas e vontade de aprender e trocar. Trabalhamos em 22 fazendas com diferentes formas de pensar, fazer e ver o mundo. Foi muita mão na terra, parceria e amizades lindas. A transformação foi e está sendo intensa. A gente não sabe bem onde isso vai dar, mas vai indo e alimentando os sonhos, que são muitos!"

O relato impactante é da ilustradora e permacultora Renata Siegmann, de 32 anos. Sobre a permacultura, entre outras definições, consiste no planejamento e execução de ambientes humanos sustentáveis e em harmonia com o meio ambiente.

Renata e Thiago - Reprodução/Instagram  - Reprodução/Instagram
Renata e Thiago
Imagem: Reprodução/Instagram

Mudança de vida

Gaúcha de Porto Alegre, Renata, que também é publicitária, tinha se mudado para Sydney, na Austrália, em busca de novas experiências e oportunidades. Lá, a mais de 12 mil quilômetros de casa, estudou pedagogia e trabalhou durante quatro anos como professora.

Também brasileiro, o biólogo Thiago Baptistella, que é paulista de Itatiba, vivia na mesma cidade, do outro lado do globo, mas os dois não se conheciam. Tudo mudou com um match, numa história que parece ter saído de um roteiro de cinema.

"Nos conhecemos num aplicativo de relacionamento e nosso primeiro encontro foi uma volta de bicicleta no parque. Passamos uma tarde inteira juntos até o pôr do sol. A Rê me mostrou fotos de desenhos, das artes dela, e falou que estavam sendo expostos num café. Duas semanas antes eu tinha ido trabalhar no prédio desse café, que fica no térreo, e eu vi e achei incrível! Nos conhecemos antes de nos conhecer", recorda Thiago que, na época, cinco anos atrás, trabalhava como alpinista industrial em Sydney, pintando e limpando prédios suspenso por cordas de rapel.

Renata e Thiago - Reprodução/Instagram  - Reprodução/Instagram
Renata e Thiago
Imagem: Reprodução/Instagram

De áreas bem distintas, depois de quatro meses de namoro os dois decidiram morar juntos e começaram a se interessar por jardinagem.

"Trabalhávamos bastante. Tínhamos aquela vida urbana, corrida, e aos poucos a gente começou a se interessar em fazer uma hortinha em casa, um minhocário... E aí as coisas foram crescendo", conta Renata.

Na época, Renata e Thiago começaram a fazer parte de um grupo, o "Transition Towns Movement" (Cidades em Transição), um movimento global que incentiva as pessoas a usarem a criatividade para encontrar soluções mais sustentáveis nas cidades. A redução do consumo de energia, por exemplo, é uma das bandeiras defendidas pelo movimento.

"A gente também começou a frequentar hortas comunitárias e foi vendo que aquilo ali era nossa praia e, ao mesmo tempo, tendo uma inquietude com o jeito que a gente tava vivendo, que não estava fazendo mais sentido", dizRenata. Na época, os dois até pensaram em dar uma volta ao mundo de bicicleta, mas queriam mais que turistar.

Quando fomos na primeira fazenda de permacultura, ainda na Austrália, numa região bem árida, nossa mentalidade se expandiu e a gente se interessou muito por aquela forma de viver."

Dispostos a deixar tudo para viajar por fazendas agroecológicas mundo afora só com uma mochila nas costas, Renata e Thiago juntaram dinheiro por um ano e colocaram o pé na estrada. O interior da Austrália, da Nova Zelândia, de Portugal e, finalmente, do Brasil, foram desbravados pelo casal.

Ilustração do Instagram da Renata  - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Ilustração do Instagram da Renata
Imagem: Reprodução/Instagram

Os primeiros contatos aconteceram através da plataforma WWOOF (World Wide Opportunities on Organic Farms), um programa mundial de intercâmbio cultural e educacional em fazendas orgânicas.

A gente já ouviu muito as pessoas falando: 'Vai morar numa fazenda no meio do mato e se isolar?', quando na verdade a nossa experiência é de que dentro da cidade as pessoas estão isoladas. A gente não conhece tão bem nossos vizinhos dentro da cidade. Quando está na fazenda, as pessoas vêm te visitar e ficam alguns dias. As pessoas se ajudam mais, é uma relação muito mais profunda, e isso me chamou a atenção", fala Thiago.

Renata e Thiago, que há seis meses estão de volta ao Brasil - atualmente em Piraí do Norte, no interior da Bahia -, afirmam o desejo de firmar raízes aqui.

"Nosso plano é continuar fazendo essa viagem pelo Brasil e navegando nessa rede de permacultores e agroflorestores daqui. O Brasil é um país extremamente diverso, com pessoas incríveis e com muito recurso, muita comida, muitas pessoas querendo trabalhar e botar a mão na massa. É um potencial gigantesco pra permacultura, pra agrofloresta, pra tudo, então a gente tá muito feliz com a nossa experiência aqui no Brasil e tudo o que tem acontecido até agora tem sido muito bom", revela a permacultora.

No Instagram, onde têm mais de 8 mil seguidores, ela compartilha, em ilustrações bem lúdicas, parte do conhecimento adquirido na jornada do casal.