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"A masturbação é meu bom dia e boa noite": relatos de sexo solo na pandemia

Colunista fez enquete em suas redes sociais sobre sexo solo e pandemia - Freepik
Colunista fez enquete em suas redes sociais sobre sexo solo e pandemia Imagem: Freepik

Colunista de Universa

12/05/2021 04h00

"Masturbação é meu 'bom dia' e 'boa noite', é a primeira coisa que faço quando acordo e quando vou dormir", revelou uma mulher na caixa de confissões que postei para comentários no meu perfil no Instagram. "Para dormir, siririca é mil vezes melhor que remédio e não tem efeito colateral." "Me masturbo quatro vezes por semana. Já me masturbei e enviei o áudio para a crush ouvir minha respiração."

Descobri recentemente que, desde 1995, nos Estados Unidos, maio é celebrado como o mês da masturbação. Essa data surgiu como protesto pela demissão, um ano antes, da médica Joycelyn Elders, ministra de saúde do governo Bill Clinton, que defendeu em discurso na ONU que a masturbação fosse incluída na educação sexual. A partir de então, os debates em torno do assunto ganharam proporções internacionais e, com um certo atraso, finalmente chegaram por aqui.

Por conta dessa celebração, quis saber a quantas anda o interesse das pessoas pelo sexo solo durante a pandemia. No Instagram e no Twitter, recebi dezenas de respostas, das mais diversas:


Tatí Presser, que é psicóloga, educadora sexual e autora do livro "Vem Transar Comigo",explica que não existem regras ou uma frequência ideal de masturbação. Ela também salienta que o tédio do confinamento pode levar as pessoas a dois extremos e fazer com que se masturbarem "demais" ou "de menos".

"Não estamos acostumados a estar nesse estado. A ansiedade está mais alta, inevitavelmente. A compulsão pela masturbação pode ser detectada quando começa a incomodar. Aí sim é importante levantar um sinal vermelho. Mas não estamos falando de um incômodo moral, mas de um incômodo da energia que está dentro de você, de uma coisa que diz 'chega'. Não é que não pode se masturbar quatro, cinco vezes por dia. Não existe isso."

Para a educadora sexual, o desinteresse pela masturbação, que pode acontecer como um reflexo dos tempos em que vivemos, é natural — mas também pode ser contornado.

Se você não está com ânimo de se masturbar, respeite o seu momento. A gente tem que entender que tem que estar de boa com a masturbação como um todo. As mulheres passam por fases: tem aquela em que ela vai se masturbar mais, todo dia, às vezes mais de uma vez por dia, até aquela em que pode passar dois, três meses sem se encostar

Segundo ela, a masturbação é muito benéfica à saúde. "Para insônia, depressão, previne câncer de colo de útero, diabetes, pressão alta.". A educadora sexual frisa a importância da consciência sobre a prática: "É necessário entender por que você está fazendo isso. E se conhecer, chegar mais perto do seu ser sexual, dos seus desejos".

Sexo solo sem culpa

Para Tatí, a primeira e maior dica sobre masturbação é: se exima de culpa. "Se masturbar com culpa e sem culpa são experiências completamente diferentes. Na hora de começar, crie um clima com você. Encontre um lugar com privacidade, onde ninguém vai interromper, e use estímulos visuais como uma historinha ou um filme pornô, música... Use os dedos, lubrificantes, vibradores. A privacidade, a compreensão do por que você está fazendo isso e um bom estímulo são três excelentes formas de começar um relacionamento com você mesma. Sem culpa, claro."