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Mayumi Sato

REPORTAGEM

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'A pornografia resgatou a minha libido': Ela assume o interesse sem tabu

De janeiro a outubro deste ano, a presença de mulheres consumindo conteúdo na plataforma online do Sexy Hot aumentou em 8% - Getty Images/iStockphoto
De janeiro a outubro deste ano, a presença de mulheres consumindo conteúdo na plataforma online do Sexy Hot aumentou em 8% Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colunista de Universa

21/11/2021 04h00

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Um novo posicionamento de marca do canal Sexy Hot iniciado em 2021 vem aumentando gradativamente o leque de audiência, antes dominada pelo público masculino. Com o objetivo de se aproximar cada vez mais do público feminino e LGBTQIA+, a plataforma está investindo em conteúdo inovador, com um sexo mais parecido com o da vida real, histórias mais modernas, educativas e roteiros desenvolvidos também para o prazer feminino, equilibrando prazer com as preferências do público masculino.

De janeiro a outubro deste ano, a presença de mulheres consumindo conteúdo na plataforma online do canal aumentou em 8%. Segundo o Sexy Hot, o foco principal é trazer um sexo mais parecido com o da vida real, histórias mais modernas, educativas e roteiros desenvolvidos também para o prazer feminino, equilibrando o prazer da mulher com as preferências do público masculino.

Essa não é uma tendência só no Brasil. O último relatório anual divulgado pela plataforma Pornhub, em 2019, já registrava 32% de audiência feminina, sendo 3 pontos percentuais a mais em comparação a 2018.

Para entender um pouco mais sobre a origem desse novo interesse, conversei com a Carla Gama, 40 anos, fisioterapeuta e bióloga, que me contou ter começado a consumir conteúdo explícito há pouco tempo, depois do início da pandemia:

Assistir pornografia foi uma forma de resgatar minha libido em um período crítico. Não considero assumir meu interesse pela pornografia um tabu. Já foi quando eu era mais jovem. Hoje enxergo o sexo e a masturbação como uma questão de saúde.

"Eu tenho certeza de que muitas outras mulheres também foram educadas para 'ter modos', 'não se tocar'... Tudo errado, a meu ver! Malhamos pernas, braços, abdômen... Por que esquecemos do assoalho pélvico?"

Carla contou também que gosta de se identificar com os filmes que assiste, procurando produções com casais reais que atuam juntos.

"Vejo histórias que fogem do clichê do pornô tradicional. Corpos mais parecidos com os nossos, cenas de sexo mais reais, histórias mais perto do que a gente poderia viver. Nós, mulheres, também fantasiamos e me vejo mais ali", contou, ao me falar que filmes com início, meio e fim ajudam ambientando a imaginação e excitação.

Carla ressalta que entende as críticas à pornografia e que há muito o que melhorar no segmento. Para ela, escolher a origem do conteúdo que consome é importante:

"Já soube de relatos de abusos de atrizes por diretores e até vídeos gravados sem o consentimento de mulheres. Não compactuo com isso. Assisto canais como o Sexy Hot, em que sei que há uma preocupação com a produção e todas as pessoas ganham para estarem ali. Acho que é um trabalho de escolha dessas mulheres e as respeito."

De acordo com a Dra. Laurie Betito, do Centro de Bem-Estar Sexual da PornHub, essa estatística mostra de forma clara que a pornografia não é apenas para os homens. As mulheres estão cada vez mais interessadas no tema, aproveitando da própria sexualidade, descobrindo seus corpos e identificando desejos e gostos: "Menos vergonha e menos tabu em torno da sexualidade feminina significam mais descobertas", resume.

Mayumi Sato