Viva Diane Keaton e as mulheres francas e excêntricas. Sorte de quem as tem
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Quem tem medo de Diane Keaton?
Eu sempre amei mulheres independentes, francas, excêntricas, divertidas e falhas. Quando alguém diz, a respeito de uma mulher, que 'isto certamente está errado', eu tendo a pensar que alguma coisa certa ela deve estar fazendo.
A declaração, amplamente reproduzida nas redes nos últimos dias, é da atriz estadunidense Diane Keaton, morta no último dia 11, aos 79 anos. Reconhecida por atuações memoráveis no cinema, como nos filmes "Annie Hall" - que chegou ao Brasil com o inacreditável título de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa "-, "O Poderoso Chefão" e "Alguém Tem que Ceder".
Keaton também deixou marcas no mundo da moda. Principalmente sob a pele de Annie, a personagem que a tornaria para sempre um ícone de estilo. Claramente inspirada em sua intérprete, a parceira mais frequente de Woody Allen, de quem foi namorada e amiga até seus últimos dias, juntou gravatas, chapéus e coletes a um balé de risadas e olhares que revolucionou Hollywood.
Mas, se por um lado, a autenticidade da atriz a levaria ao Oscar - e à videoteca de fãs do mundo inteiro, como eu - por outro, sua liberdade, tanto na forma de se vestir, quanto de pensar (e de dizer o que pensava), lhe custaria alguns rompimentos. Como costuma - e deve - acontecer com quem passa pela vida sem medo de bancar o que sente, a despeito de cartilhas ou modelos de comportamento.
Al Pacino, com quem viveu um romance que entre idas e vindas durou mais de vinte anos, foi, segundo ele próprio, o mais sentido. Pelos dois, sabemos agora - já que Diane Keaton sempre teve a coragem de dizer que quem não quis seguir como dupla foi o ator. O casal, que saiu dos bastidores da trilogia de Coppola, onde namoraram e se casaram, não repetiu o feito fora das telas.
"Diane passou sua existência inteira me esperando crescer. Não me casar com ela foi a coisa mais estupida que já fiz. Eu, um covarde, a quem ela via como dono de um olhar que carregava todas as luzes de Nova Iorque, e que, no entanto, só conseguia olhar para roteiros, nunca para ela. Eu tinha medo que seu brilho fosse grande demais, e que expusesse minha fraqueza".
A declaração feita à atriz de forma presencial em uma premiação que a homenageou, parece romântica, mas diz muito sobre como os homens se comportam diante de mulheres consideradas fortes. Ontem, Pacino se pronunciou sobre a morte de Keaton: contou que a ex-companheira mudou o rumo de sua vida, e, entre outros adjetivos, disse que ela era "relâmpago e encanto, furacão e ternura".
Relâmpago? Furacão?
Prefiro ficar com uma frase de Annie Hal quando, na cena antológica em que ela e Allen dividem uma fila para entrar no cinema, a atriz diz: 'Sabe, você é tão autocentrado que só pensa no que o fato de eu ter perdido a minha terapia pode te afetar'.
Ah... se aquela gravata falasse... Obrigada, Diane Keaton. A semana é sua, e o mês e as manchetes também. O cinema nunca vai esquecer a sua presença única. Viva as mulheres francas, divertidas e excêntricas. Sorte de quem as tem.






























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