Como Whindersson e Millie Bobby Brown me ensinaram sobre saúde mental
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Semana passada, enquanto o Brasil ainda se dividia entre comemorar ou bradar contra o resultado do Oscar - com comentários muitas vezes preconceituosos dirigidos à atriz que ganhou da nossa Fernanda Torres - uma outra jovem artista de Hollywood usava sua conta no Instagram para falar de aparência física, de idade e de bullying.
Sim, bullying. Uma palavra geralmente associada a crianças e escolas, mas que, potencializada pelo anonimato nas redes sociais, pode deixar marcas igualmente graves em adultos. E não só no show business.
Conhecida por sua atuação na serie 'Stranger Things', da Netflix, a britânica Millie Bobby Brown, de apenas 21 anos, fez um post de quase três minutos em que começava citando comentários de jornalistas, homens e mulheres —e seus respectivos nomes—, a respeito de sua aparência. "Millie parece uma mãe", dizia um. "O que ela está fazendo com seu rosto?", dizia outro. E um terceiro: "Por que ela está envelhecendo tão mal?".
Millie começou a trabalhar aos dez anos de idade. Tinha 12 quando estreou como Eleven, na série que a tornou mundialmente famosa —e, até que o amor se transforme em ódio— amada. "Eu me recuso a ter vergonha de como me visto e como me apresento", disse ela.
Bom, que temos nossos corpos (e comportamentos) julgados, sem qualquer ônus aos que se veem no direito de opinar sobre nosso peso ou corte de cabelo, isso praticamente já faz parte do "pacote ser mulher" —mesmo antes de sermos. Vivemos isso na infância, na maturidade, na adolescência e na velhice, e não só fora de casa.
Aceitarmos, no entanto, que ofensas possam ser chamadas de jornalismo, é um impasse que precisa de mais ecos. Porque o bullying —assim como o cyberbullying— é crime (e não "o preço da fama", como se dizia antigamente).
Hoje, com o alcance da internet, as ondas —tanto de de apoio como de repúdio— já são caras o suficiente, e exigem enorme estrutura psíquica. Whindersson Nunes que o diga.
O comediante —que decidiu, por conta própria, se internar em uma clinica psiquiátrica no interior de São Paulo— está, há tempos, e corajosamente, sugerindo um debate que considero urgente e de todos: saúde mental e redes sociais.
Vale pra mim também.
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