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Juliana Borges

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Para minha mãe: nada preenche o vazio de não tê-la ao meu lado no casamento

Delmaine Donson/Getty Images
Imagem: Delmaine Donson/Getty Images

Colunista de Universa

18/04/2022 04h00

Mães são super importantes para nós, noivas. Todas nós queremos e desejamos ter nossas mães conosco nesse dia. Esse texto é para a minha mãe, que completaria 56 anos na última terça-feira, dia 12 de abril passado. Não foi um dia fácil. Minha mãe, para além de ser mãe, era minha melhor amiga. De verdade. Nós conversávamos sobre tudo, desde questões que falamos com nossas mães, que consideramos "papo de mãe", até coisas que algumas avaliariam conversar apenas com amigas muito próximas.

E esse 12 de abril foi, particularmente, mais difícil. Eu poderia dizer que, pelo fato de eu estar noiva, eu senti mais falta de minha mãe. E, em partes, isso é verdade. Minha mãe trabalhou um tempo fazendo o "dia da noiva". Então, eu cresci entre pérolas, idas ao Ceasa para escolher flores, vendo arranjos e buquês sendo feitos, vendo a escolha das maquiagens e noivas se emocionarem.

Uma das coisas que sempre conversávamos, eu e minha mãe, era se haveria o dia em que ela faria o meu dia da noiva. Por um tempo, ela havia desistido da ideia, já que eu estava convicta de que não queria me casar. Depois, o sonho dela foi reavivado porque eu sinalizei que não gostaria de me casar de modo tradicional, mas que gostaria sim de fazer alguma festa ou celebração. Infelizmente, não deu tempo.

Tenho para mim que minha mãe faleceu por "coração quebrado" ou amor. Cerca de 7 meses após o falecimento do meu "PAIdrasto", ela faleceu. Nos últimos meses, dizia estar cansada, mas entrou em uma dinâmica de trabalhar por diversas horas e comer muito mal. Então, ela foi adoecendo. Não digo que ela não lutou, porque minha mãe adorava a vida e me disse que queria sim viver.

Mas, de algum modo, eu sentia que ela havia perdido o brilho no sorriso, no olhar, pela perda do seu companheiro de vida. Se algo me conforta, de alguma maneira, é saber que minha mãe viveu o amor, deu amor e recebeu amor.

Nesse processo de organização do casamento está impossível não pensar nela todo tempo. Acho que uma das coisas que está me fazendo ficar tão indecisa sobre as melhores decisões, sobre como pensar meu buquê, sobre os convites, sobre como estarei no dia está relacionada a essa falta.

Eu sei que, se minha mãe aqui estivesse muita coisa já estaria encaminhada e ela seria minha grande parceira. Muita coisa poderia ser resolvida com uma assessora de casamento, é verdade. Mas nenhuma irá preencher esse vazio imenso e as sensações e sentimentos de infância que vem e viriam à tona com minha mãe à frente de tudo.

Então, a coluna de hoje é para minha mãe. Pensei em uma carta, mas acho que falar e expor essa ausência e do quanto ela foi e é importante para mim já faz chegar o recado - certo, mãe?

Sei que conselho é coisa que se fosse boa, venderiam. Mas, na lógica de que até que existem conselheiros e conselheiras que monetizam isso, acho que posso oferecer algo singelo por aqui. O casamento é seu, é nosso. Mas aproveite a presença de sua mãe se a tiver por perto.

Estabeleça certos limites, obviamente, para que seja tudo como você sonhou. Mas não a deixe de fora de nada. Sei que ela quer isso. E, caso você esteja afastada de sua mãe, de algum modo, e se for possível, tente reaproximá-la. Esse pode ser um momento mágico e de cura para ambas. Se você é um noivo e está lendo isso, faça o mesmo.

Eu ainda não consigo mensurar o sentimento de uma mãe com o casamento de uma filha ou de um filho. Mas, a impressão que eu tenho é que o coração dela sorri e acelera diante dessa nova fase em curso. Então, aproveite a presença de sua mãe.

Eu quero que, de algum modo, minha mãe esteja comigo no dia do meu casamento. Então, farei a homenagem incluindo uma foto nossa bordada na parte interna do meu vestido e pretendo que meu colar seja um escapulário com as fotos dela e do meu padrasto, para que eles, indiretamente, me conduzam ao altar - tarefa essa que ficou, em presença física, para minha irmãzinha adolescente. É minha maneira de estar com ela e tê-la participando do meu dia da noiva, como a gente sempre quis.