Bem antes do metanol: Gen Z trocou o álcool no rolê pela festa sem ressaca

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Pode não parecer, mas esta colunista que vos fala já foi produtora de algumas das festas mais badaladas de São Paulo - hoje eu pago pra ficar em casa.
A pauta é a seguinte: todos os estudos já comprovaram que os jovens têm bebido menos. Nos EUA, a parcela entre 18-34 anos que bebe caiu 11% em duas décadas; no Reino Unido, 59% dos Gen Z com mais de 18 anos dizem não ter bebido nos últimos 12 meses. As canetas emagrecedoras, tão comuns atualmente, ainda reduzem o desejo e a tolerância à bebida.
E eu, ex-clubber, fico sempre me perguntando como são as festas dessa turma abstêmia. Aliás, tem festa? Sim, tem.
Com a Gen Z no comando, elas começam mais cedo. Na minha época, eu virava a noite nas raves. Agora elas já começam de manhã. Há também os chamados supper clubs, que juntam gastronomia, música e socialização; e o soft clubbing: encontros de energia mais baixa, som moderado e foco na convivência - ideia absurdamente bem-vinda para uma geração que se encontra cada vez menos fisicamente.
O cenário também muda: em vez dos clubes fechados, há festas em cafés, as coffee parties, que, em vez de drinks, são regadas a muitos lattes ou frappés. Instagramáveis, claro.
Agora, a novidade mais curiosa: raves diurnas em saunas. Aham. Com direito a DJ, convidados em trajes de banho e nada de álcool no cardápio. Em Nova Iorque, Londres e Dubai, já são febre: têm filas na porta, às 6h da manhã. Além da conexão real, elas pregam menos julgamento de corpos.
A revolução é tamanha que clubes emblemáticos em cidades-símbolo de vida noturna, como Berlim, viraram centros culturais para continuar faturando: ioga de dia, galeria ao entardecer, pista à noite.
Parece ser apenas um ajuste de cultura, mas é também de orçamento: inflação, supermercado e aluguel pressionam os jovens; segurança pública preocupa. Muita gente reorganiza a noite para caber no bolso - e no dia seguinte. Soma-se à equação uma menor sociabilidade presencial: o convívio com amigos caiu, em média, de 30 para 10 horas mensais entre 2003 e 2020, com queda mais acentuada entre 15-24 anos.
E, claro, o mercado vem se ajustando: a indústria de bebidas sem álcool deve crescer 10% ao ano até 2028, puxada, sobretudo, pela cerveja zero álcool. No Japão, onde há até uma palavra ("nommunication") para descrever a prática de beber com colegas de trabalho a fim de facilitar conversas e reduzir hierarquias fora do expediente, as marcas se veem tendo que mudar suas estratégias de negócios. A Asahi, maior cervejaria do país asiático, por exemplo, quer levar o no/low a 20% do portfólio até 2030.





























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