Giovanna Antonelli: Ouço mulheres, delas vêm personagens, ideias, negócios

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Encontrei Giovanna Antonelli minutos antes de sua participação no palco do Web Summit Rio. A atriz, conhecida por personagens que se tornaram fenômenos populares, há anos também circula como empresária. Entre uma gravação e outra, desenvolveu marcas, liderou franquias e hoje fala sobre protagonismo, estratégia de marca e o uso consciente da própria imagem como ferramenta de negócio.
Giovanna entendeu cedo o poder de influência que carregava. Nos anos 2000, seus personagens ditavam comportamento e consumo. A protagonista Jade, de "O Clone", fez com que pulseiras e lenços virassem tendência nacional. Mais tarde, a delegada Helô, em "Salve Jorge", popularizou cintos marcantes. Já Clara, de "Em Família", fez um esmalte azul esgotar em poucos dias.
"Quando minha personagem cai na boca do povo, é como se tivesse chegado na 25 de Março. E a voz do povo é a voz de Deus", afirmou Giovanna, que foi ao Websummit a convite da Manychat.
Foi observando essas reações espontâneas que Giovanna percebeu que poderia ir além da dramaturgia. Aos 24 anos, começou a se aproximar do universo do empreendedorismo. A vontade veio da escuta, da curiosidade e de uma prática constante de observar comportamentos. O estalo definitivo aconteceu quando recebeu, como presente, sessões de depilação a laser. "Mudou minha relação com a estética. Eu não teria como pagar se não tivesse ganhado. Pensei: isso precisa ser democratizado."
Assim nasceu a GioLaser, uma rede que cresceu rápido, com mais de 350 unidades pelo Brasil. A proposta era tornar acessível um serviço que, até então, era considerado luxo. Giovanna usou sua imagem como força de comunicação e associou-se a sócios especialistas em gestão e expansão de franquias. "No começo, os franqueados ganhavam mais que eu. Mas eu sabia: se der certo para eles, vai dar certo para mim também."
Hoje, ela não está mais sócia da GioLaser, mas além dos investimentos em diferentes áreas, Giovanna lidera um projeto de mentoria voltado para mulheres, com foco em construção de imagem, marketing pessoal e posicionamento digital. Mais de 20 mil mulheres já passaram pela plataforma. "É como montar um personagem. Você precisa saber quem quer ser, como quer se apresentar ao mundo. Não adianta se vestir bem se você não sabe se comunicar."
Giovanna acompanha de perto as trajetórias que transforma. Como a de Ione, uma mulher de 70 anos que chegou desacreditada do próprio potencial e saiu da mentoria com um livro publicado. Hoje, grava vídeos, dá palestras e inspira outras mulheres. 'Ela dizia que não tinha mais função na vida. Ver essa virada acontecer é o que me move', conta Giovanna.
A experiência como atriz se mistura com a de empresária. Em ambas, Giovanna destaca o valor da escuta. 'Sempre escutei muito as mulheres. É delas que vêm os personagens, as ideias, os negócios.' Quando questionada sobre a principal habilidade que a sustenta, ela responde com objetividade: coragem. 'Empreender no Brasil é um ato de coragem. E manter a leveza no meio do caos é um talento que a gente vai desenvolvendo com o tempo.
A atriz não trabalha com metas pequenas. Gosta de pensar grande. E reconhece que o medo existe, mas não a paralisa. "Você sai da zona de conforto, mas é aí que mora o crescimento."
Giovanna sabe usar bem as ferramentas que tem, e não são poucas. Influência, carisma, rede de apoio e capital social abriram caminhos que para muitas mulheres ainda são bloqueados. Mas ela não desvia da conversa difícil: empreender no Brasil cansa, frustra e exige coragem constante. Sua trajetória não é receita, é retrato. De quem soube enxergar oportunidades, cercar-se de bons parceiros, como ela mesma faz questão de ressaltar.
A jornalista esteve presente no evento a convite da Manychat.
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