Lista com tudo que o amor ideal precisa me mostra o que eu mesma não me dou
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Escrever uma lista com tudo aquilo que você deseja em um parceiro ou parceira é uma prática comum entre quem acredita no poder da intenção. Não é só sobre querer alguém bonito, gentil ou bem-sucedido. Essas listas, muitas vezes guardadas na bolsa, lidas na lua cheia ou até queimadas em rituais simbólicos, costumam trazer desejos profundos: que me respeite, que me veja de verdade, que goste da minha companhia em silêncio, que admire minha mente, que aceite minhas sombras, que me escolha todos os dias, mesmo nos dias difíceis.
À primeira vista, pode parecer só um exercício lúdico, místico ou até romântico demais. Mas, para muita gente, é uma forma de alinhar o coração com o que realmente se quer viver. Uma espécie de filtro para a vida. Se eu sei o que busco, evito me perder em relações que não têm a ver comigo.
Eu sou muito adepta da lista. Ainda mais depois que ouvi a Viola Davis contar, numa entrevista com a Oprah, que ela escreveu exatamente o que queria em um homem. E pouco tempo depois, conheceu o marido. Aquilo me marcou tanto que, dias depois, escrevi uma nova lista. Esta semana, fui reler o que tinha colocado no papel. E fui surpreendida.
Porque às vezes a gente pede tão pouco. E outras vezes, pede muito, mas não entrega quase nada para si mesma.
Escrevi que queria alguém que me achasse linda. Mas naquele momento da minha vida, eu estava me sentindo péssima. Me olhava no espelho como quem procura defeitos e confirmava cada um deles.
Pedi alguém que me admirasse. Mas nas últimas semanas, eu estava me comparando com todas as mulheres que sigo no Instagram. Sentia que estava atrasada, aquém, falhando em ser tudo aquilo que esperam de mim.
Desejei alguém seguro, inteiro, firme. Mas minha própria insegurança estava gritando dentro da minha cabeça, sussurrando que eu era desinteressante demais para estar com alguém.
Foi aí que entendi. A lista era um espelho.
E me doeu perceber que eu queria que alguém me oferecesse um amor que eu mesma não me dava. Um cuidado que eu não praticava. Uma gentileza que eu estava negando a mim mesma.
Será que você se acha bonita quando está sem filtro, sem maquiagem, sem produção?
Você se admira? Consegue reconhecer suas qualidades sem imediatamente pensar em quem faz melhor?
Você se respeita quando diz não? Quando escolhe o que te faz bem, mesmo que seja diferente do esperado?
A gente escreve listas pensando em encontrar alguém. Mas muitas vezes, o que precisamos encontrar é a versão de nós mesmas que acredita ser digna de amor.
Não estou dizendo que não devemos desejar um parceiro incrível. Muito pelo contrário. Eu faço questão de que quem esteja ao meu lado seja alguém que desperte minha admiração. Mas talvez, antes de buscar esse amor fora, seja preciso entender que ele começa em nós.
Hoje, ainda tenho minha lista. Não como um pedido ao universo, mas como um lembrete para mim mesma. Até quando estou me relacionando, sigo com ela por perto. Porque ela me lembra do que mereço e do que não vou aceitar. Nem do outro. Nem de mim.
O amor que eu desejo não é negociável. Ele é inteiro, honesto, gentil.
E se for para amar, que seja assim. Com presença, com verdade, com escolha.
E que comece, sempre, por mim.
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