Cris Guterres

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Opinião

Você trocaria um ano de vida pelo corpo ideal? 34% das mulheres trocariam

É isso mesmo que você leu, o título está correto. A minha pergunta é: você trocaria um ano da sua vida por um corpo ideal? Seria capaz de morrer um ano antes, desde que vivesse com o corpo que você considera ideal?

Uma pesquisa recente de Dove revelou que 34% das mulheres no Brasil preferem trocar um ano de vida pelo corpo ideal. E isso me leva a refletir: o que é, afinal, esse "corpo ideal"?

Sempre me senti insegura com meu corpo. Já experimentei inúmeras dietas, praticamente me tornei uma especialista nisso. No entanto, os resultados quase sempre foram temporários porque minha busca não era pela saúde, mas sim para me encaixar nos padrões impostos pela sociedade.

A pressão estética sobre as mulheres sempre foi muito grande e se intensificou nas últimas décadas, impulsionada por uma série de fatores que vão desde a influência da mídia e redes sociais, que nos bombardeiam com imagens photoshopadas e irreais, até a globalização dos padrões de beleza, que torna homogênea a aparência ideal e exclui a diversidade. Só é bonita se tiver pele e olhos claros, cabelo liso e corpo magro.

Para você ter uma ideia, 65% das brasileiras, segundo a mesma pesquisa, acreditam que as expectativas de beleza são muito mais altas do que eram para a geração de suas mães. E são mesmo, pois ainda temos a cultura da celebridade e o marketing da indústria da beleza contribuindo para essa busca incessante por uma aparência perfeita, que muitas vezes é inatingível e prejudicial à saúde física e mental.

Os conteúdos tóxicos de beleza estão em todo o ambiente on-line te fazendo acreditar que você não é bonita e que deveria se submeter a uma dieta ou a um procedimento estético para alcançar o corpo ideal. E tudo vira um ciclo vicioso, pois você nunca alcança o ideal. É impossível alcançar o que não existe.

O estudo de Dove nos mostra a importância de redefinir o que significa ser bonita. Precisamos repovoar nossos imaginários com uma diversidade autêntica e real. A beleza não deve ser uma fonte de ansiedade, mas de confiança.

É fundamental quebrarmos esse ciclo e construirmos uma sociedade onde a beleza seja celebrada em sua diversidade, sem padrões rígidos e expectativas inalcançáveis. Fortalecer as mulheres a se amarem como são é um trabalho importante a ser desenvolvido e que só vai gerar resultados a longo prazo, muito provavelmente em gerações futuras,

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Valorizar nossas características únicas e reconhecer que a verdadeira beleza vai muito além da aparência física acaba soando mais como uma frase piegas do que um ideal a ser atingido, mas eu acredito que a conscientização e a representatividade na mídia são ferramentas poderosas para transformar essa realidade e permitir que as mulheres se sintam confiantes e felizes com seus corpos sem precisar trocar meses de vida pelo desejo de serem aceitas por padrões irreais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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