Topo

Ana Paula Xongani

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Além da hashtag #pride: marcas devem dar emprego aos profissionais LGBTQIA+

Colunista de Universa

01/07/2021 04h00

Eu sei que tem gente que não gosta, mas eu gosto das datas comemorativas. Gosto do mês do orgulho, gosto do mês da consciência negra, gosto do mês das mulheres, porque acabamos destacando questões importantes. Então, acabou o mês do orgulho LGBTQIAP+. O que vem agora?

Uma das que mais me tocam é a empregabilidade dessas pessoas. Ou melhor, na representatividade versus empregabilidade. Representatividade, evidentemente, é importantíssima. Mas também precisa ser uma forma de geração de emprego. Uma vez, ouvi o professor e advogado Silvio Almeida dizendo que discurso também é ação — e isso mudou a minha vida.

Sempre que vejo marcas carregando pautas, me questiono se elas "estão se aproveitando ou de fato mudando alguma coisa?''. É preciso lançar essas perguntas; consumir, perceber e questionar as empresas. ''Como está seu time? Como está rolando aí a representatividade no dia a dia? Tem pessoas LGBTQIAP+ trabalhando para vocês? Tem pessoas pretas? Tem pessoas trans? Tem pessoas atípicas trabalhando no seu ambiente de trabalho? E em quais cargos elas estão? São lideranças?". A depender dessas respostas, então o posicionamento não é verdadeiro.

Eu falo isso, porque hoje eu estou em uma posição de empregar também, de criar trabalhos diretos e indiretos para as pessoas que estão ao meu redor. Somado o squad Ana Paula Xongani e o time do Atêlie Xongani, eu tenho uma equipe do jeito que eu sempre sonhei e desejei. É um pequeno time? Sim, é um pequeno time, mas que eu me orgulho em dizer que ele tem 50% de pessoas LGBTQIAP+, uma grande maioria de pessoas pretas, mulheres e mulheres pretas no centro dessa história. Liderada por mim, mas que também tem mulheres brancas aliadas e a diversidade que eu sempre quis.

Falta muita coisa, porque fazer um time diverso não é fácil, mas é possível. E isso não pode acontecer só na minha microempresa, precisa ser em todos os lugares, precisa ser propositivo.

Para incluir, é preciso querer, buscar, mexer no processo seletivo. E essa é uma responsabilidade de quem gera emprego

Se estamos falando de pessoas para as quais defendemos uma existência plena, então o trabalho faz parte disso. É muito legal a representatividade pela construção de um imaginário positivo, de presença e existência a partir da imagem. Mas, no final do dia, quando queremos oportunidades de viver bem, estamos falando de trabalho e independência financeira, dois pilares fundamentais para a liberdade.

Para ficar por dentro do assunto, deixo o convite o podcast que apresento, chamado Trampapo. Nele, temos dois episódios em que a gente fala sobre empregabilidade seguindo o viés LGBTQIAP+: um sobre mercado de trabalho para pessoas trans e outro sobre preconceitos e homofobia no ambiente de trabalho. Te espero por lá.