Ana Canosa

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Opinião

Sem sexo, acaba o amor? O que acontece quando o casal deixa de transar

Um panorama conhecido: quando o amor erótico se esconde em algum lugar transformando a relação num deserto, em termos sexuais. Já presenciei inúmeros queixumes dessa natureza.

Acabou o amor? Na maior parte das vezes não, o que acabou foi o tesão! E isso não acontece só com as pessoas mais velhas, em relações de longuíssima duração.

Joana e Claudio, 30 e poucos anos. 5 de namoro, 1 de união. Depois de um começo de casamento atribulado e uma crise conjugal superada com terapia de casal, tornaram-se os melhores amigos. Embora façam sexo bem de vez em quando, Joana deprimiu, pois não se sente mais desejada pelo marido, que de fato não a vê mais como antes.

Pedro e Luana, jovens, bonitos e bem-sucedidos. Compreendem bem as solicitações profissionais um do outro, se apoiam mutuamente e compartilham valores familiares fortes. Transaram como coelhos durante o namoro de pouco mais de 1 ano, o que acabou tão logo se casaram.

Pedro perdeu todo o interesse na "melhor companheira para partilhar uma vida e ser a mãe dos meus filhos" sem bem entender por quê. Pesou o fato de ela ter virado quase uma santa, na cabeça dele, ao se tornar esposa, futura mãe. E mães são sagradas, como seria possível profanar, sendo ele tão tradicional?

Lais e Ricardo, uma delícia de casal. Divertidíssimos, companheiros para todas as baladas, festas, churrascos, casa sempre cheia de gente, sorriso largo. Seus amigos, nossos amigos. O sexo sempre foi bom. Mas em algum momento Lais se deparou com um Ricardo gordinho, o que não mais a excitava. Ela sempre fora muito visual. E mesmo depois que ele emagreceu, o sexo continuou desinteressante. Ricardo nutriu uma mágoa profunda quando um dia ela sentenciou: "Eu não dou conta do seu corpo".

Às vezes, os caminhos da inapetência passam por características individuais, como no caso de André que é movido pela arte de seduzir e se desinteressa com aquilo que já conquistou; ou pelo movimento do casal como no caso de Vivian e Mauro que passaram dois anos transando em todos os dias férteis para tentarem engravidar, perdendo toda a espontaneidade.

Podemos também culpar essa entidade chamada "casamento" por sufocar o verbo desejar. Mas é bem verdade que essa é uma realidade que simplesmente aparece, sorrateiramente, sem aviso prévio, para muitas pessoas.

Alguns, flexíveis e criativos que são, conseguem, com dedicação e colaboração da parceria, descobrir outras nuances para desejar o mesmo alguém. Outros passam a viver como bons irmãos.

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E como é possível condenarem-se, os dois, no auge da sua vitalidade física e intelectual, a amargarem uma vida conjugal sem sexo?

Pois não seria a vontade de ter alguém do lado, em quem se confie para bons e maus momentos, com quem seja uma delícia compartilhar a vida, o grande mote para unirem-se escovas de dente? Mas abrir mão de gozar da intimidade sexual cotidiana não seria um preço alto demais a pagar? Fazer sexo com outras pessoas é uma saída, mas nem sempre é uma possibilidade. Uma escolha difícil. A vida, definitivamente, não é justa!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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