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OPINIÃO

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BBB22: por que só há um participante gordo no reality? Eu sei a resposta

Na atual edição do programa, a maioria dos participantes é magra e sarada - Reprodução/TV Globo
Na atual edição do programa, a maioria dos participantes é magra e sarada Imagem: Reprodução/TV Globo
Juliana Santana

Colaboração para o UOL

18/01/2022 04h00

Na segunda-feira (17) estreou mais uma edição do reality Big Brother Brasil, e com ela muitas polêmicas, principalmente em torno da lista de participantes divulgada na sexta-feira (20). Foram selecionadas 20 pessoas para entrar no programa, e eu acompanhei bem de perto cada anúncio.

Não fiquei surpresa ao perceber que, de todos eles, apenas uma pessoa era gorda — o ator Tiago Abravanel. Apesar de termos quase metade dos participantes negros (ao todo são nove), o que já podemos dizer que é um avanço, é fácil perceber que todos são magros, ou pelo menos mais próximos do padrão de beleza midiático.

Como mulher preta me sinto representada, mas como mulher gorda a sensação é de pura gordofobia. Gordofobia essa que vem de muitos anos, na verdade, não me lembro de nenhuma edição do BBB que tivesse mais de duas pessoas gordas.

Para muita gente que não se encaixa em uma minoria, isso pode ser até visto como algo superficial. Afinal, o BBB não é apenas um programa de TV? Ao meu ver, ele vai muito além disso. O programa é o maior reality show visto em rede nacional, já bateu recordes mundiais em votações das edições passadas e tem um alcance que muitos dentro da nossa bolha não têm.

Ele chega em lugares onde nem sinal de internet funciona direito, e muitas vezes é a única informação disponível. Por isso é tão importante ter pessoas diversas, que trazem experiências de vidas diferentes e com discursos importantes, como o da diversidade, gordofobia, entre outros.

A falsa realidade dos brothers e sisters sarados e totalmente dentro de um padrão inalcançável para a maioria de nós é a prova viva de que cada dia que passa o discurso de representatividade só chega até onde é conveniente.

Queremos e devemos cobrar por essa representatividade, chega de nos espelharmos em corpos irreais.

A mídia precisa ser o nosso reflexo, mas até agora não passa de uma grande paisagem, onde pintam o que é mais rentável e mascaram o preconceito venenoso da nossa sociedade.