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A política de salto agulha

Helena Sbeghen/Universa
Imagem: Helena Sbeghen/Universa
Joice Hasselmann

08/03/2019 09h56

Governo novo, Congresso seminovo (tivemos alto índice de renovação) e muitos desafios pela frente, entre eles, a retomada da prosperidade no nosso país, a preparação de cidadãos com mentes livres para ocupar espaços estratégicos e o despertar da alma das mulheres, em grande número, para a política.

Não é segredo para ninguém que as mulheres começaram a participar ativamente da política com a força do voto depois dos homens. Não se soma nem um século que nós conseguimos o direito de votar. O artigo 2º do Código Eleitoral que diz: "É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste Código", só foi aprovado em 1932 por meio do Decreto nº 21.076.

O afastamento histórico das mulheres na política de forma direta é escancarado. Isso fez com que a força feminina ficasse não só longe das urnas, mas a quilômetros da disputa pelos cargos estratégicos no executivo e legislativo. Observem. Se não podiam votar, quem dirá disputar uma eleição. E já imaginou como eram tachadas aquelas que "ousassem" enfrentar o sistema?

Vejam, não vou discutir aqui machismo e feminismo, nem quem tem culpa no cartório, até porque esse discurso é chato e batido. Também não vou rotular os homens como os vilões da política brasileira que davam as regras, porque acho tais argumentos antiquados. Eu prefiro falar da mudança, de exemplos, de como "virar a chave".

Você vai concordar comigo que quem define as eleições são as mulheres. É matemática. Somos 107 milhões, 52% do eleitorado e 44% da população ativa economicamente. Nós mulheres influenciamos nossos lares, filhos, maridos, famílias. Somos nós que definimos o rumo da política e do Brasil.

Mesmo assim por que há tão poucas mulheres ocupando tribunas? Porque se somando a questão histórica, o caminho das pedras sempre foi desenhado para que nós ficássemos de fora, e vamos combinar que muitas de nós deixaram que a política - arte tão bruta - fosse comandada pelos meninos. Assim, ficamos longe dos diretórios, das presidências de partidos. Eu sei que é muito mais fácil empurrar a culpa para o outro sexo, mas vamos lá meninas, muitas de nós cruzamos os braços enquanto os espaços eram ocupados. Há pouco tempo ouvíamos nas rodas femininas a expressão "detesto política". Isso sim é uma lástima.

Esse ciclo deve ser interrompido de forma definitiva. Já tivemos um bom começo. O eleitor de São Paulo fez a mulher mais votada de todos os tempos no país inteiro (minha colega de partido, Janaína Paschoal) e a mulher mais votada da história da Câmara dos Deputados (essa que vos escreve esse breve artigo). Na raça, eu fiz 1.078.666 votos e Janaína fez 2.031.829 votos para a Assembleia Legislativa de São Paulo. Foi uma linda surpresa, mas temos que lutar para que esse cenário não seja mais uma exceção.

O melhor caminho é preparar mulheres para a política, é despertar nessas supermulheres o seu verdadeiro poder na sociedade. Transformar o país, os estados, os municípios por meio da boa política. É vencer no salto alto. Só assim vamos equilibrar o jogo.

Eu sonho, e luto, por um país em que a política de cotas seja desnecessária. Eu quero um Brasil com guerreiras e com doces mulheres trabalhando juntas com outros políticos pela nação, mas que elas venham porque querem, porque sabem que vão fazer a diferença e não porque são filhas ou esposas de políticos e estão ali para apenas ocupar o espaço. Nós podemos muito mais. Hoje, na Câmara dos Deputados são 77 mulheres, o que representa 15% das cadeiras. Ainda é pouco.

É preciso avançar e vou seguir contribuindo, agora como parlamentar. Vou rodar esse país, como presidente do PSL Mulher, deputada federal e Líder do Governo no Congresso para provocar nossas meninas a encarar esse desafio de entrar nesse debate e, se preciso for, no combate. O caminho não foi fácil, mas foi possível. Quero dividir com todas as mulheres do nosso Brasil essa experiência, vou responder questionamentos e quero ver o brilho nos olhos dessas guerreiras.

Vamos nos unir. Em dois anos tem eleição. Você já pensou em entrar nessa luta? Que tal começar pela Câmara ou prefeitura da sua cidade?
Pense, amadureça e conte comigo. Vamos em frente, mulherada!

* Joice Hasselmann é Deputada Federal PSL/SP e Presidente do PSL Mulher